Ilusões
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NãoSouEuéaOutra
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Caderno Escorpiónico
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13:25
Elza tivera várias visões, fortíssimas, que lhe avisavam que algo não batia certo. Aquela coisa, parecida a uma pedra dentro do sapato... que é incomoda, mas desdenha-se de que esteja lá. Esta mania das mulheres recuarem perante a sua intuição e atirarem-se para o lado racional fazem-nas fechar para um futuro mais promissor em vez de um negro futuro que as espera a meio do caminho... e já era tarde!! Se tivesse Lido e Ouvido Bem a visão, em vez de ignorar, ou, de o outro dizer para não ligar que são coisas de «loucuras»... mas não ligou e, a Vida é implacável, tarde ou cedo, coloca tudo aquilo no caminho!
Ela sabia que qualquer coisa não batia certo. As visões vinham com força, mas depois o abraço dele, fazia com que dissesse a si mesma que eram os seus medos; que era a sua falta de confiança; que eram as situações vividas no passado... e não percebia que era na verdade, a Verdade que lhe estava a mostrar o caminho. Mesmo assim, há Caminhos que têm de ser percorridos mesmo sabendo deles, e a vida fá-los acontecerem contra a nossa vontade. Talvez, seja isso... ou, talvez não! O que é certo é que há sempre uma coisa que corrobora para detonar tudo.
« O abraço sabia tão bem. O calor era tão confortante. Não! » - é o medo que está a envenenar, pensava Elza.
Não percebia que era apenas uma questão de tempo. Nada teria que ver com a forma como se moveria, ou estaria... seria assim, porque a visão falava não de Si, mas desse Outro... se aquilo era Destino, não se sabia... Os manipuladores estão disfarçados de tantas formas que às vezes não deixam aroma... tentam apagar todos os perfumes, e fazer certos crimes o mais longe possível. Outras, na época da conquista, eles até são desestimulados a abandonar certas atitudes e modos de vida, porque estão entusiasmados com o novo objecto. São como cagados que nunca se mostram se houver alguém por perto. Ficam dentro das suas carapaças.
Teve-as, as Visões, mas não sabia porque as tinha. Por isso avançou, sabendo que algo não parecia condizer. Parecia existir uma mão dupla e não percebia, porque ao mesmo tempo sentia-se confortável. Ignorava a pedra no sapato, que lhe chamava a sua atenção. Então, ocorreu algo, aprendeu a amar e aceitar aquela pessoa... lentamente lentamente lentamente lentamente. Indubitavelmente estava sendo atraída para o Abismo. Morte na certa, iria acontecer. Morte de Si Mesma, a que tinha sido até ali, desapareceria na bruma dos tempos, mergulhada na Solidão.
Voltará a ser colocada à prova, a Visão virá. Mostrará várias sequências, vários enredos, vários cenários. Tudo em tempos diferentes, lugares diferentes. Será esmagada pela força lúcida e vivida com que se apresentam. Mas ignora. Ignora e ignora. Ignora seriamente. Até perdoa uma Visão. Teria sido o suficiente para ter-se ido embora. Ia contra os seus princípios. Perdoa, e aceita, por entender que o Outro é humano e que há escolhas que podem ser erradas, quando o deserto emocional as acomete. Vários caminhos denunciavam outros caminhos... tentou fechar os ouvidos a todos, achando que estava louca, eram demasiadas Visões com avisos, denuncias. Era demais. Tudo era demais. Por isso, seriam ilusórias. Elza, não as pedira para as ter, elas se ofereciam, se intrometiam, tinham voz própria. Tentou, matar a voz da intuição e rendeu-se aos braços de um Amor Irreal, ao fim ao cabo!! Tudo o que não quis acreditar, foi derramado sobre o tapete. Tudo doeu, como só dói a quem se entrega.
NãoSouEuéaOutra in « Cadernos Escorpiónicos»
por corrigir o texto...
por corrigir o texto...
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Bichinho Azul, conta p´ra mim quantos dedinhos e buraquinhos contou por aqui?