Coisas de Portugal

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in | Posted on 14:35


Hoje, ouvi um nome: Erkut Akbay. Fui investigar. Acabei encontrando o que teria de facto acontecido ao senhor, e no texto, acabei por encontrar outras coisas, como o que era a Cova da Onça. Nunca tinha ouvido tal. Poderão aceder às respectivas páginas no Link  abaixo de cada texto.


Erkut Akbay


Ano 1982

 Na segunda-feira 7 de junho, o adido comercial da embaixada da Turquia, Erkut Akbay, 39 anos, é morto pelas 13:00 horas em Linda-a-Velha, com cinco tiros 9 mm na cabeça e pescoço, no interior do Peugeot 504, azul metálico, matrícula CD-15-55. A sua esposa Nadide ferida com quatro balas ficou em coma no hospital S. José. “Na operação, reivindicada telefonicamente para as agências da France Press em Paris e em Lisboa, pelo Comando dos Justiceiros do Genocídio Arménio, teriam participado dois homens, sendo um o autor dos disparos (ainda jovem, trajando calça e casaco de modelo safari, de cor azul e com um panamá branco na cabeça) e outro, colocado à distância, igualmente jovem, moreno, de bigode e de fato de treino castanho. (…). O agressor, que com as mãos envolvidas num saco de plástico, empunhava duas pistolas Browning, uma das quais deixou abandonada no local, foi visto a fugir ‘em jeito de maratonista’ na direção de Linda-a-Velha”. Ângelo Correia, o duro ministro da Administração Interna: “lamenta profundamente o ocorrido” e serenou a pátria: “isto não significa que o terrorismo internacional tenha chegado a Portugal, pois foi o trabalho de um grupo particular contra um alvo específico”. Este atentado justificava os seus planos para a criação de uma polícia antiterrorista.


Domingo 15 de agosto, pelas 21:30 na avenida da Liberdade explodem duas bombas. Uma, no n.º 192-A, nos escritórios da Lufthansa, a outra no n.º 244, nos da Air France. “O engenho que rebentou na Air France afetou ainda o segundo andar do edifício onde funciona a secção de Emigração da Embaixada da Austrália e a entrada da boîte Cova da Onça. (…). De acordo com a brigada de Minas e Armadilhas, as cargas utilizadas, constituídas, cada uma delas, por 1,5 kg de TNT ou explosivo plástico, foram colocadas nas plataformas entre os pilares e as montras dos escritórios”. Tomou conta da ocorrência uma das pupilas dos duros olhos do ministro Ângelo, a Direção Central Contra o Banditismo.


No ano de 82, entre patuscadas, guardas da PSP e guardas prisionais organizam-se em sindicatos. “Tendo em vista a criação de uma organização sindical-profissional que englobe os 18 000 efetivos da PSP, criou-se no passado sábado [26 de junho] uma comissão de 12 elementos, no decorrer de um almoço que reuniu mais de 200 agentes da PSP, que iniciará uma ação de esclarecimento junto da população, através de panfletos, e a nível interno dos próprios agentes. Entretanto, foi ontem [27 de junho] formado o Sindicato Nacional dos Guardas Prisionais numa assembleia, em Coimbra, que reuniu mais de trezentos participantes”.


Sexta-feira 7 de maio a “indústria de santinhos entrou no sprint papal. Artesãos e pequenos industriais da arte sacra de características mais populares estão a dar tudo por tudo para não perderem o comboio da vinda de João Paulo II a Portugal”. “A diferença entre as criações portuguesas e o que de similar se faz no estrangeiro é flagrante. Entre nós, a fabricação de toda a gama de produtos é deixada maioritariamente à iniciativa dos comerciantes, considerados individualmente. Com a agravante de tudo ou quase tudo ser feito em cima da hora e muito em cima do joelho. O aparecimento tardio dos pratos com decalcomanias, dos bustos em cimento ou plástico, das t-shirts ou dos galhardetes não se deve exclusivamente a esse facto. Cada comerciante ou industrial tratou de si e tenta chegar ao mercado na melhor altura: tempo para vender mas sem dar tempo a que a concorrência lhe copie as ideias. (…).

Ler Blog Post na íntegra sobre esse ano de 1982, (link)

 Cova da Onça

 Esta estória foi vivida por um meu amigo e conterrâneo, que, durante uma fase da sua vida, esteve migrado em Lisboa. Nesse período que, remonta à década de setenta, não havia em Lisboa muitos lugares de diversão nocturna para casais convencionais. A maioria deles ou iam ao cinema, ou iam comer um frango ao Bonjardim e depois à revista no Parque Mayer.

Havia contudo algumas casas de diversão como; o Máxime, o Comodoro, a Tamila, o Hipopótamo e a Cova da Onça, o Elefante Branco só abriu mais tarde. Só que essas casas, tinham uma especificidade.  Algumas delas também funcionavam durante o dia como restaurantes normais, sendo até frequentados por clientes de um extracto social alto, como era o caso do Comodoro. A maioria delas só abriam ao final da tarde para servir os  jantares, mas com o crescer da noite, viravam casas de alterne, sendo frequentadas por jovens mulheres que, faziam da noite o seu modo de vida, e  por homens na sua maioria ligados a negócios do ramo imobiliário, os chamados patos bravos.

A Cova da Onça situava-se na avenida da Liberdade, bem próximo do Marquês de Pombal, e era um desses restaurantes nocturnos, frequentada sobretudo pela classe militar. O meu amigo que também era militar, cumpria em Lisboa uma comissão de serviço, razão pela qual não trouxera consigo a família, para não alterar a rotina escolar dos filhos, porque as comissões de serviço, não duravam mais que dois anos. Deste modo tinha por sua conta, a noite lisboeta.

Um dia a esposa veio visitá-lo, e pediu-lhe que a levasse a um restaurante, onde se pudesse jantar, mas também dançar. Com essa especificidade o nosso amigo lembrou-se da Cova da Onça, na época explorado por três irmãos transmontanos, naturais das Pedras Salgadas, curiosamente também o Hipopótamo, tinha como gerente um transmontano, natural de Mirandela.

Quando apareceu na Cova da Onça e apresentou a esposa ao gerente, este aproveitando um momento em que estava a sós, recomendou-lhe.

- O senhor conhece bem o funcionamento da casa, portanto têm de sair antes das dez da noite.

Claro que a essa hora, o meu amigo pensava estar já fora do restaurante, e por isso se aprestara a jantar cedo. Só que a esposa agradada com todo aquele ambiente dançante, não tinha nenhuma vontade em sair. O meu amigo estava aflito, ainda por cima, o gerente do restaurante, não cessava de lhe fazer sinais, indicando-lhe o relógio.

Por fim, dizendo à mulher que estava indisposto, lá conseguiu arrastá-la para fora do restaurante. Uns tempos mais tarde o casal recebeu em casa uns amigos e a esposa toda vaidosa disse-lhes.

- Gostei imenso da minha visita a Lisboa, o meu marido levou-me a jantar a um restaurante agradabilíssimo, onde se podia jantar e dançar, pena foi ter ele ficado indisposto, e não pudemos estar lá muito tempo.

Entretanto deu as coordenadas do restaurante aos amigos, que ficaram com curiosidade de conhecerem esse restaurante. Passado algum tempo, num outro encontro entre os dois casais, o amigo saiu-se com esta.

Ah é verdade! Fomos a Lisboa aquele restaurante que nos informastes, mas aquilo é uma casa de putas!


Nuno Santos
(link)

Mais outras histórias da Cova da Onça
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Bichinho Azul, conta p´ra mim quantos dedinhos e buraquinhos contou por aqui?

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