e esta hein, um pensamento esquisito

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in | Posted on 18:17




'' O que há mais neste mundo, são preservativos sem Causa nenhuma!! ''

Se não acreditam, perguntem directamente a eles.







Do Amor, que Amor

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , | Posted on 17:15




‘’ O Amor tinha cheiros doces naquela tarde. Há dias que o Amor se senta no nosso colo, quando à porta de nós mesmos nos instalamos. Não precisamos de nada. Apenas precisamos de estar. Estar dentro dessa enorme sala que nos habita. Uma sala memorial, senhorial e endeusada pela formosa Afrodite. O Altar que aí construímos é o nosso próprio Coração em frente à divindade do Si – Mesmo. ‘’


Como o Amor não é uma constante, porque não se aguenta por si mesmo e nem se sustenta por 24 horas dentro da Humanidade, há aqueles outros elementos que nos sacodem para vir lembrar-nos que aquele Deus chamado Amor, não tem forcas, limites… o único limite dele, é ser impedido de Amar. Mas não é tão Tosco quanto o Narciso. Esse louco vaidoso e de ego – centrado, que a Mitologia revelou, e, que esqueceu todos ao ser arrebatado por ele, por ele mesmo. Ah, se ele tivesse tido a ousadia de levantar apenas por um segundo o rosto, que mundo maravilhoso teria sido descoberto!! Um mundo onde a perfeição e imperfeição se tocavam numa música celestial e telúrica.
Até pareço ouvir aquela voz, ‘’ isto é um crime, levantar eu, o meu rosto!? Cruzes, não quero ser crucificado pela feiura de um outro mundo. Eu Sou DEUS. Não preciso de uma Deusa. Já aprendi a maquilhar-me!!‘’. Ele, apenas, amou a si mesmo, nunca poderia levantar o seu rosto para amar a outros. Isso significaria que teria de compartilhar o Amor, e isso, era penoso para o seu grande egoísmo. Apenas, um desejo o possuía, de possuir a si mesmo. O que é impossível, como é óbvio. Fazer Amor carnalmente consigo mesmo e com todos os órgãos possíveis, é uma tarefa de arrepiar qualquer um. Nem Hércules conseguiria encontrar uma formula para tal. ‘’Não há como beijar a própria boca, como se beija uma outra boca! ‘’, não é curioso? Então, imaginem Narciso… o seu sofrimento era penoso!! Nem o exacerbado amor que sentia, o impedia da posse e do sofrimento! Afinal, qual era o Objecto de possessão e obsessão que Narciso realmente desejava em si??
Assim, fica a pergunta, que Amor é esse que sendo Amor não pode fazer e trazer dor? Então, o equívoco do Narciso foi querer possuir, o que não pode ser possuído, mas apenas pode possuir quem, ele, o Amor, escolhe!? Interessante, não é? Porque se pudéssemos possuir, então seria fácil apertar o botão e dizer, ‘’ não amo este homem, amo aquele!!’’.

Lá longe nas pradarias, quando o Verão já furou a estação. Alguém de vestido curto, muito curto e sem cueca se deitava sobre as graminhas e gritava a Eco, ‘’ diz-me Eco, diz-me… ‘’. Eco ressurgia e dizia, ‘’ Narciso se perdeu!! Perdeu!! ‘’

Que Amor é esse, que nessa tarde se sentou? Esse Amor de braço comprido que enrolou-o aquele cavalo e disse-lhe, ‘’ a tua Crina, Amor, tem dosséis de Eternidade que me chegam à Ternura da pele.’’ Desta vez, não era Narciso que ali falava, era sim, Afrodite… a Grande Afrodite!!


NãoSouEuéaOutra in ‘’ Dossel de Amor, Narciso nunca Morreu, apenas ressuscitou consciente’’


O Sonho partiu-se!!! Procuro as Asas num Balão Laranja. Diga-me qual a encruzilhada que me partiu a cabeça e o coração? Preciso saber, é Hora!!

Giovanni Papini

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , | Posted on 07:31



Imitadores


Os homens não descendem dos macacos, mas desenvolvem todos os esforços para o fazer crer. O pecado original aproximou-nos dos animais e toda a alma é, de uma maneira ou de outra, uma crestomia zoológica. O que Dante diz das ovelhas - «e o que uma faz primeiro as outras imitam» - poder-se-ia aplicar a quase todos nós.
Desde que Adão resolveu imitar Eva e mordeu o fruto, somos, a despeito da nossa ilusão em contrário, uma sucessão infinita de cópias. Um único cunho - em regra, chamado génio - basta para imprimir milhares e milhares daquelas moedas vulgares que circulam pela Terra. E o génio nem sempre se liberta da servidão universal da imitação. Toda a vida é um mosaico de plágios.

A maioria imita por preguiça, para se poupar o trabalho de procurar e inventar, ou por prudência, que aconselha os caminhos percorridos e as experiências coroadas de êxito. Compreende-se que a humildade, embora rara, leve naturalmente quem a possui a imitar aqueles que reconhece superiores, mas a própria soberba, que deveria afastar da repetição, torna-nos macacos. Se viver é distinguir-se, o orgulhoso deveria providenciar para não se parecer com ninguém. Mas a inveja, sob a sonante designação da emulação, trai-os: os soberbos vêem antes os modelos honrados e celebrados e querem ser celebrados e honrados a par deles, ou mesmo superá-los e desalojá-los, e não se dão conta de que são obrigados, para começar, a colocar os pés nas suas pisadas e no seu caminho.
E como é mais fácil imitar as facetas infelizes, abertas a todos, dos grandes do que as outras, terminam por se tornar adesão do coração: toda a celebração dos mistérios são cópias inferiores e desagradáveis daqueles que pretendiam suplantar.

Giovanni Papini, in 'Relatório Sobre os Homens'


*


A Castração da Personalidade

O homem é um animal gregário. Político, dizia Aristóteles, ou seja, membro da cidade. Mas não só da cidade - de todas as greis espontâneas ou artificiais, estáveis ou precárias, onde quer que se encontre. Não pode suportar a ideia de estar só, consigo - quer ser unidade e não individualidade. Tem necessidade de se sentir cotovelo com cotovelo, pele com pele, no calor de uma multidão, ligado, seguro, uniforme, conforme. Se o leão anda só, em nós predomina o instinto ovino, do rebanho - os próprios individualistas, para afirmar o seu individualismo, congregam-se: sempre segundo a prática ovina.

O homem, quando só, sente-se incompleto - tem medo. Opor-se à grei significa separar-se, permanecer só, morrer. Os conceitos do bem e do mal nascem da necessidade de convivência. É bem o que aproveita ao grupo, mal o que o prejudica ou não beneficia. O rebanho não quer que cada ovelha pense demasiado em si, e como a privilegiada é a que obtém a boa opinião das outras, vê-se forçada, ainda que contra os seus gostos e interesses, a agir no sentido do bem supremo do rebanho. Há que pagar, com a castração da personalidade, a segurança contra o medo.

Outros rebanhos formam-se em oposição aos rebanhos rivais - e estão unidos, mais do que pelo amor dos componentes entre si, pelo ódio contra o grupo antagonista. Há outros que constituem agrupamentos de fracos que pretendem defender os seus interesses, a sua liberdade e a vida contra os bandos dos fortes; muitíssimos mantêm-se juntos por motivos utilitários e económicos, enquanto alguns proclamam ser constituídos para fins puramente espirituais, para o «triunfo da Ideia», o qual, na maioria das vezes, consiste na repartição dos despojos não ideais dos vencidos.

Este gregarismo tenaz e cada vez mais florescente é uma das grandes provas de que os homens medíocres, embora de raças civilizadas, não ultrapassam o estado selvagem. Para os primitivos, pode-se dizer que o indivíduo não existe - a família e, sobretudo, a tribo, têm toda a responsabilidade e todos os poderes. O selvagem, em relação ao seu clã, é como um membro - cabeça ou braço, em relação a um ser vivo.
Os componentes de uma tribo são simples células de um corpo - vivem nela, para ela e graças a ela. Se um homem tem de escolher uma mulher ou ser iniciado nos mistérios ou ainda partir para a caça, é o grupo que decide e não ele. A vingança e o resgate competem à tribo, à qual pertence, solidariamente, a propriedade da terra. Os primitivos são democráticos e comunistas simultaneamente e vivem em regime de identidade.

Nos civilizados, ainda existem restos dessa existência madrepórica - todos estamos ligados, nas sociedades de tipo antigo, à nossa parentela, tal como cada patrício está intimamente vinculado à oligarquia, todo o nobre à sua casta e todo o soldado ao seu exército. Se os indivíduos são aparentemente livres na realidade, todo o inconformismo de costumes, de pensamentos e de actos é seguido de sanções severas, por vezes explícitas e escritas, ou tácitas, mas não menos graves e temíveis.

Giovanni Papini, in 'Relatório Sobre os Homens'



A Perseverança

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , , , | Posted on 07:26

A Perseverança

Se há pessoas que não estudam ou que, se estudam, não aproveitam, elas que não se desencorajem e não desistam; se há pessoas que não interrogam os homens instruídos para esclarecer as suas dúvidas ou o que ignoram, ou que, mesmo interrogando-os, não conseguem ficar mais instruídas, elas que não se desencorajem e não desistam; se há pessoas que não meditam ou que, mesmo que meditem, não conseguem adquirir um conhecimento claro do princípio do bem, elas que não se desencorajem e não desistam; se há pessoas que não distinguem o bem do mal ou que, mesmo que distingam, não têm uma percepção clara e nítida, elas que não se desencorajem e não desistam; se há pessoas que não praticam o bem ou que, mesmo que o pratiquem, não podem aplicar nisso todas as suas forças, elas que não se desencorajem e não desistam; o que outros fariam numa só vez, elas o farão em dez, o que outros fariam em cem vezes, elas o farão em mil, porque aquele que seguir verdadeiramente esta regra da perseverança, por mais ignorante que seja, tornar-se-á uma pessoa esclarecida, por mais fraco que seja, tornar-se-á necessariamente forte.
Confúcio, in 'A Sabedoria de Confúcio'



Miguel Torga

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , | Posted on 07:21



Não há maneira. Por mais boa vontade que tenham todos, uma discussão nesta santa terra portuguesa acaba sempre aos berros e aos insultos. Ninguém é capaz de expor as suas razões sem a convicção de que diz a última palavra. E a desgraça é que a esta presunção do espírito se junta ainda a nossa velha tendência apostólica, que onde sente um náufrago tem de o salvar. O resultado é tornar-se impossível qualquer colaboração nas ideias, o alargamento da cultura e de gosto, e dar-se uma trágica concentração de tudo na mesquinhez do individual.
Miguel Torga, in "Diário (1940)"



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