Ser! Ser!!! Ter o Ser!!!

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , | Posted on 20:16

Fotografia aqui do sitio (blog)



o que falta


ano: 1999
género: poesia
autora: NãoSouEuéaOutra


como Ser, se ainda não sabemos Ser
falar da alma e do amor é transformá-los em vazio
ninguém recua à sua Origem para procurar O Porquê
vivem da Saudade estranha e indefinível
surda ela estará sempre convosco
enquanto vós estais com as garras no palheiro
gritando, '' onde está a agulha!! a agulha!!! ''
todos os dias dizem, ''vou partir, fazer tudo de novo!!''
que nada, continuam a olhar a parede errada...
a Origem, é a verdadeira parede, tudo o mais é paisagem

saudade do rosto, este rosto que desconheço
- dizem vós, com toda a razão
porquê?
como Ser, se não sabemos Ser
o coração não acorda, apenas porque queremos
verdade?!?!
outras vezes está acordado, e ninguém para ele
verdade?!?!

a saudade destroça, a terra santa ansiada
nós mesmos inteiros
aquela substancia tão pequena
aquela essência tão transparente

é isso... falta tudo para sermos, sermos O Ser



de susto... não?!

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , | Posted on 19:55


fui encontrar esta montagem num dos cd´s... quase cinco anos se passaram, desde que construí a imagem. cinco anos!!!! ( f*da-se!!! (desculpem-me a expressão))
o tempo não espera por nada!! deixa lá ver as rugas?? - vou ali e já volto... nada bonito -
como dizia, ao encontrá-la, não consegui parar de olhar... o rosto não me parecia estranho, ou seja, no sentido de como o ''fabriquei''. obviamente que é um demónio!!! e que demónio!!!!! o rosto do homem, foi encontrado na net, nem sei mais onde desencantei-a. peguei nela e fiz esta montagem, adulterando tudo. pretendia criar algo horripilante!! mas, hoje... bem!!! bem!!bem!!! bem de tanto olhar e reduzir o tamanho e resolver colocar aqui no blog, de repente por associação, lembrei do criminoso austríaco...
este é um demónio que todas as crianças ficam com medo!!! é de fazer ''xixi'' nas calcinhas e, de ficar noites sem dormir... só mesmo um padre para fazer exorcismo deste demónio!!


Pendurada sabe-se lá onde

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , | Posted on 19:44

Fotografia daqui do sítio (blog)


estou pendurada, neste ramo
tenho dois braços lá em cima, atados
dizem que colocaram-me asas, asas de anjo

imaginam isso?
claro que não!!

isso nunca poderia acontecer!!!!

estou com os pés assentados, nesta terra
tenho dois braços lá embaixo, em oração
dizem que colocaram-me no pântano, os dedos

imaginam isso?
claro que não!!

isso nunca poderia acontecer!!!

apenas porque não existo mais...


NãoSouEuéaOutra in ''ousando viver''


A escrita do voo

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , | Posted on 11:20




A Espera



A escrita do voo

das aves

retine nos ouvidos.

Os tímpanos voam

vibram, solfejam.

Um frémito de asas

trespassa a bruma

da manhã.

O rio brinca

nas pedras das margens.

À margem de mim

fica a tua memória

a marca do rosto

a forma dos seios

o anseio dos passos.

A brisa da aurora

suspira por ti.

Eu deitado

na margem

os dedos na água

a alma sem tino

sem ti

sentado por dentro

à espera

da ortografia

dos pássaros

do eco dos passos

dos teus passos

da minha fuga para dentro

para o lugar

das memórias

para o sossego

da espera

lá onde tu estás

apesar de ti

por tua causa

comigo

Por Cão Cansado

A RAINHA DA NOITE

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , , | Posted on 21:07






(…)
Eu sou a Rainha da Noite, por assim dizer, a parte mais sombria do eterno feminino. Desde a origem do universo, que eu elegi o meu reino nas profundezas da Terra. Se tomei o rosto do mal para os teus irmãos é porque eles não podiam compreender o meu grito, o aguilhão do meu sofrimento. Porque desde há muito, muito tempo que o psiquismo do homem impede os raios do sol de penetrar até aqui.

“Para que a grande alquimia seja possível, a Mãe deu-se ao mundo. Ela está presente em todo o lado, em todos os planos da manifestação. A missão do homem, a tua missão, é unir o eterno feminino das profundezas, Àquela que reina nos Céus na sua glória eterna. É tempo que a tua bem-amada reencontre para ti o seu corpo único!

“Sim, tu amas-me belo Cavaleiro. É o meu rosto que assombra as tuas noites. Mas aquela que eu sou agora, não sou eu inteira, e o meu corpo de carne que acorda em ti tamanho desejo no teu não pode estar vestido senão de negro. E este não se assemelha a um vestido de noiva, não te parece?”
(…)

A mulher diz:

- Meu amor, desde há tanto que eu viajo pelo mundo! E hoje enfim inteira encontrei-te! Através de todas as mulheres da Terra eu estive sempre presente e te procurei, Cavaleiro. Eu procurei por todas as vias, de todas as formas possíveis. Eu perdi-me em múltiplos impasses, eu morri incontáveis vezes. Nas que procurei um sentido da vida abri-me, e quase flori. Nas que me dava inteiramente a Deus, encontrei um bálsamo. Mas não estava ainda reunificada, e a Rainha da Noite era prisioneira neste corpo votado à morte: mas desde sempre eu esperava por desfrutar e provar com Adam o fruto da Árvore da Vida.

E se por vezes encontrei caminhos ensolarados, sofri, meu bem-amado. Também eu caí em múltiplas armadilhas, também eu esqueci a Fonte vergada pelo peso do psiquismo.
Ó, como nós nos combatemos, meu amor, como nós nos despedaçamos nessas relações de força incessante! Como nós sofremos de não nos podermos entender!
E na terrível dor desta parte de mim que chorava nas minhas profundezas não conseguia fazer-me compreender e julguei-me esquecida até de Deus. E depois tu vieste, e eu reconheci-te, meu amor. Em ti nascem os primeiros raios do grande Sol que fez estremecer a minha alma há dois mil anos. Tu ainda não o sabias. Em ti um ser novo aspirava à vida, uma mutação começava e sacudia os escombros do velho mundo. Então o Espírito do meu ser veio buscar-te, em Tsaddé e Pe. Em Yehudith eu fui a iniciadora, que tu soubeste reconhecer e aceitar. E no meu corpo o mais secreto, o mais negro, tu me amaste….

Homem nós estamos bem próximos do Castelo do Graal onde resplandece o sangue luz na Taça santa. Nós entraremos nele os dois juntos! (…)

(Excertos traduzidos por mim directamente do francês)

d'O Livro:

RECONTRES AVEC LA SPLENDEUR

de Marie ELIA, pag. 294/5

O que é a Vida, senão uma Escolha!!!

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , | Posted on 19:08



Há aqueles que Resistem!!! Pode lhe chamar os Fortes. O que sei é que não tem nada haver com Fortes e muito menos com Resignação… mas com Unidade. Uma Unidade de difícil entendimento. A Palavra é cara, e tudo o que pode ser escrito e às claras, um dia pode ser atirado de volta para si, ou usado como contra. Ou ainda… tudo o que se diz, pode um dia virar pó ou ser a sua salvação. De alguma forma somos todos ‘’videntes’’ da nossa partida. Também podemos ser cegos, e não estou a referir a ignorância, mas a estar vendado para o seu próprio fim. Muitas vezes aquilo que nos persegue é geralmente aquilo que nos acontece. Será ressonância ou sincronicidade??? Pouco importa. O que importa é que há pessoas que se passam e passam para outros mundos quando percebem que a glória deste mundo, que foi um dia tão desejada, é um vale de águas paradas, de torneiras vazias. É uma carta branca sobre a mesa, quando falta aquele Elo. Aquele Elo tão inexplicável e que nunca se tentou debruçar sobre ele de forma clara. O Medo é o primeiro e último magistério que nos enterra a todos no coração, e dele ninguém se livra. Apenas os Psicopatas o conseguem.
Quem disse que neste mundo a Fama, o Dinheiro, o Status é tudo?? Quem tem, não chora e chora outras coisas. Que não tem, chora porque não tem!! Até parece uma Lei incoerente do Universo… ou uma Lei Humana que os homens inventaram para se entreterem sarcasticamente.
Isto a propósito de quê?? Alexander Mcqueen, o Último Grande Costureiro. Enforcou-se!! Homossexual assumidíssimo, criativo sem paralelo. Duas mulheres lhe marcaram o destino. Fulcral!! Aquela que lhe deu o corpo biológico, e, aquela que lhe abriu as portas do mundo terreno. Ambas partiram para o outro mundo, de uma se salvou do abismo, mas talvez a fresta ficara demasiado exposta e não aguentou a derradeira prova!! Era afinal, no sentido mais fundo da Vida, um filho da Grande Mãe, eram elas que lhe davam o alimento!!!
Com a partida, provou que a Vida de príncipe, nem sempre é o tal conto de fada que todo o pobre sonha. Há preços de vida – nem sei como descrever – que não podem ser calculados. Nenhum de nós pode culpá-lo!!! Há coisas que o coração tem enterrado que ninguém tem acesso, apenas o próprio!!!

Intriga-me porque escolhem o enforcamento!! Porquê essa escolha e não outra… como já tive a infelicidade de ver tal método diante de mim apenas com uns sete anos de idade, sempre me pergunto por essa decisão de uma corda, um cinto?!?! Concerteza que é completamente diferente do método de ingerir pesticida de rato...

- A propósito, o enforcamento para além da fogueira, foram métodos muito usados na idade média ou, a idade das trevas onde o feminino foi completamente renegado... quando o clero subiu ao pódio do mundo, as mulheres perderam a jornada, tudo em nome de uma falsa politica social e económica reinante!!! Nem falaremos do machismo!!!
Mas há quem refira que o enforcamento tem raízes mais remotas, entre elas, a de Judas, que teria sido um feito auto-imposto em nome das profecias, e era portanto uma espécie de sacrifício para que aquelas se realizassem. -



NãoSouEuéaOutra - autora de palavras esforçadas à botija do vento

nota: é imprescindível que eu dê uma razão abstracta às palavras - frases - títulos...

(Rev)irada...

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in | Posted on 08:54






OHHHHH OHHH OHHHH OHHHH OHHHHH.... e AGORAAAA???
Vou ali e já venho!!!



Maria

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , | Posted on 00:07

António Gil - Fotografia


" – Searas do Destino – "


Género: Poesia
Autor: NãoSouEuéaOutra



"Avé, cheia de graça, vai Maria, lançando suas asas "



Vai, Maria, cabelos ao vento
Na maresia do destino
Nos caracóis leva searas
Faz tempo que não chora
Os amores que perdeu
Todo o santo dia
Faz uma trança
E ora à outra Maria, a Virgem
Que Deus a acuda
E nem sabe onde pede para acudir
Passa as tardes a trincolejar
E pelo chão os grãos vão caindo
E os pés já mal se vêem
Maria, doce figura, pálida alma
Se desdobra em afazeres
Porque julga ser a sua sorte
E os seus olhos, já mal enxergam
Renega o cansaço com desdém
E o corpo vai doente
E, Maria ousa combater com fé
A desdita conversa do destino
Lá longe, as searas são como espelhos
Perduram à boca do mundo como girassóis
E, Maria já não sabe girar à volta do sol
Está perdida em afazeres ocultos
E à noite se senta e tece o manto
Que há-de repousar sobre a sua alma
Porque é Mulher, a Bendita com ventre
E os Anjos sobre os seus caracóis repousam…


Poema

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , | Posted on 23:54




"Do Poema Perdido"

Género: Poesia
Autor: NãoSouEuéaOutra

O Poema nasce nas artérias do coração
E adormece na palma da mão
Assim escrevia o Poeta louco
Na demanda do seu próprio ouro
Sempre que comia carne
O corpo vomitava o verme
E o chumbo contido na carne
Condenava o Poeta no seu germe
Nas escadas da sua casa, adormecia
Num sonho constrangido que nunca amanhecia
O copo de vinho era como uma viagem
Que o conduzia à louca miragem
De um regresso dormente
À sua única casa, a mente
Oh!! Poeta, não esqueças que a nobreza
É ser singelo, ainda que vivas na pobreza
E que ser da realeza
Nem sempre tem a sua beleza
Limita-te, por isso, a versar o Poema
Porque quem o escreve, a Poesia ama


"Despojos do Ser"

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , | Posted on 23:45




"Despojos do Ser"

Género: Poesia
Autor: NãoSouEuéaOutra

Girassóis voadores, pétalas ao vento
Sementes “in” útero, embriões na lua
Todo amarelo, diz amar o sol
Todo verde, diz amar a terra
No cativeiro chora a menina, amarela
Esfrega os olhos nas pétalas
Pela boca come as sementes
Segura o sexo, perdido já cedo
Já tarde, foi a enterrar morto
Já nada rima, nos versos
Não por tentar, o destino a desfia
Já não existe, nunca existiu
A surdez é um tampão, super cola “power”
Ficha ligada ao rim, esponjosos aquele e este
Redonda sina contínua, nunca estanca
As pétalas ao vento, são girassóis voadores
Embriões na lua, são sementes “in” útero
Nem amarelo nem verde, a noite está seca
Cativeiro cheio de pólvora, a mão esconde o rosto
A menina arranca o cabelo, a lua fica nova
O sexo racha a parede, a parede mia como um gato
O dia se torna noite, a noite fica noite
Não há passado presente futuro, uma porta sem fechadura

Ali naquela janela, está um corpo parado
Habita lugares onde a lágrima é uma história prestes a sair


Crise - Cíntia Thomé

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , | Posted on 23:30


António Cravo - Fotografia


CRISE

Ela vem, ela vem
Um sol que vai torrar todo verde
Do real pobre, do cofre
De quem nunca sofre
À toda sorte!
Estrela do ano, ela é a star
E os lobos uivam, uivam
A Senhora vem, vem
Já chegou à hora, hora...
Ela é transparente,
Parece gripe amarela Amarelará,
vai deixar prá trás campos Minados,
mimados e muito sangue
Ela é a maldosa, a malvadeza
Ninguém poderá com ela... ela...
A realeza vai cair, vai beijar o chão
Do mundo cão, cão
Ela vem, ela vem Sorrateira, uma ratoeira
Nem poeira vai sobrar dos palácios
Vai tomar os troncos eretos fálicos
Derrubando prédios, tédios
Caindo, descendo das bolsas
Esse bordel de Chanel, Louis Voiton
Ela é poderosa, é poder
Veio pra valer, valer
Nem vai falar, nem atender
Ao negro mais bonito
nem vai cantar no tom
Oba...Oba..ma..ma...
Ela vem, ela vem
Metralhadora na mão
para a flor de plástico hipócrita,
Alta grife do Não
Ao ladrão, ao crime, ao idiota
Pois é a Senhora
E o lobos, os lobos uivarão
Cantarão sem tesão
Não, não...
Oba... Oba..ma..ma
Oba... Oba...ma...ma...
Mama...

Cíntia Thomé
4 Jan 2009

Da Morte do eu - Corpo

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , | Posted on 22:59



Crédito da Fotografia: David Field


"Selvagem Forma De Ser"


Género: Escrita Criativa
Autor: NãoSouEuéaOutra

amostra de texto

(…) Vou cantar uma triste canção. Vou cantar e, o meu canto é fúnebre. A morte me chama, me chama, me chama; todos os anjos me chamam e todos os deuses me chamam. Estou morrendo e ninguém se apercebe; ninguém consegue ver. Faz um longo tempo que preparei o corpo, limpei-o de todos os seus vícios. Quero ser uma noiva pura, imaculada para me entregar à morte. Pouco tempo me resta aqui, em pouco me tornarei anima no céu.
Sempre me tentaste como uma serpente! Sempre ataste os meus pés com essa corda crua e nua. Não chegou teres-me morto em vida, e, agora vaidosa e arrogante, queres a morte do meu corpo. Imensurável é a tua crueza que só me deixaste este corpo. Este corpo fraco ao frio, ao calor; à dor, à alegria. E agora, queres ele também. Ninguém me vê, apenas tu e a tua crueza. Olhas-me brilhante, como se fosses a mais negra das noites. A mais sedutora mulher fatal. Tão brilhante que quase me convences, mas as mulheres fatais apesar de serem irresistíveis, elas matam com o seu brilho. Por isso são fatais, mulheres fatais. O seu lipstick vermelho, é o sangue que corre pelo corpo num último beijo.
Podes rir, rir alto! Ri como quiseres e como ousares. Ri, porque eu finjo que não te ouço e vou para a outra margem. Espero um outro barco. Finjo que espero um outro barco que me leve para longe de ti. Tão longe, que não te possa mais conceber nem na miragem da minha mente. A loucura virou-me as costas, mas tu és a consciência perfeita, estás aqui bem ciente; estás aqui bem vestida e teu rosto é bem definido. Chamas-te morte!! É assim que te apresentas. O teu abraço é frio, como um glaciar. Talvez queiras me congelar, assim o crime auto-imposto seja mais fácil. És inteligente. A tua força está na inteligência, e eu sou a tua fraqueza. Matares-me, é matares-te a ti mesma. Cega e cega… o és cega!!

Sim!! Sim!! Eu ouço-te. Eu vejo o mapa geográfico do corpo. Por onde começo? – pergunto. Tu olhas para todos os lados e começas a delinear com um marcador os lugares onde poderia… poderia acontecer aquilo. Sim, sei… sei que o tempo está cada vez mais próximo. Por isso meu corpo está cada vez mais puro, para te receber. Vou virgem, vou casta, vou limpa. A noiva perfeita; a tua noiva perfeita. Falta-me apenas verter todas as lágrimas – lágrimas que vertem quentes sobre o gelo do corpo – e fazer o adeus consciente. Faço a escolha. A escolha obrigatória, sem contradição; tão clara é a consciência que não voltarei atrás na escolha. Apenas porque nada é maior que isto… isto!! A única e verdadeira amiga neste momento dá pelo nome de Morte. Nada prova o contrário àquela que escolheu ser sua noiva. Noiva pura, casta, limpa. Toda despida, vai nua a noiva e, apenas um longo véu a cobre.
Está tudo tão próximo e ninguém sonhou… um dia vão chorar, e quando chorarem será tarde, porque aqui já não estou!! Casei-me oficialmente com a morte. Eu digo: “obrigado, obrigado. não precisam de rezar e orar. é tarde. ora-se em vida quando se precisa e não depois da morte.” (...)




comentário referente ao texto acima, por Cíntia Thomé

(…) Acontece que quando a morte nos aceita como noiva, já somos seres impuros que captaram /sentiram o sabão da maldade a queimar nossas peles, perfumando-nos com as cinzas dos choros da infância até agora e não somos úteis...

Somos podres pelos exércitos dos homens que passaram a mão em nossas cabeças depois de algum ato fora da Lei do Amor, um ato desonesto e disseram baixinho aos nossos ouvidos: 'Esta tudo bem querida, força, levante e vá em frente, você é fenomenal, maravilhosa, ainda será recompensada em ter um Verdeiro Amor!' (...)


Pois é Cíntia, e eu acrescento só, esta máxima de Fernando Pessoa:

"Não há homens salvadores. Não há Messias. O máximo que um grande homem pode ser é um estimulador de almas, um despertador de energias alheias".

Almas Dançantes

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , , | Posted on 22:28

António Gil - Fotografia



"Do Império(o verdadeiro)do Amor"

Ano: 2009

Género: Escrita Criativa
Autor: NãoSouEuéaOutra


A flôr que melhor define o Amor é a Rosa Vermelha; Oscar Wilde no seu Rouxinol e a Rosa, foi claro sobre a natureza do humano quando diante dele... O Rouxinol (embora não seja um ser racional) prova que prefere conhecer de tal maneira o amor em todas as suas formas que se entrega morrendo num consentimento sacrificial, e, para ele aquele acto não simboliza martirio, mas conhecimento altíssimo; doa-se para que um outro o percorra como um vale atravessado por um rio brilhante! No fim, Wilde, enterra a verdade como um punhal na nossa cara, ensinando-nos que não o reconhecemos quando ele nos surge de facto.


(…) Não fui no beco, na esquina, no cais, na viela. Não fui a lado nenhum e não procurei nada, além de si dentro das ruas do meu coração. Passo longas horas vendo os filmes onde você é o actor principal na tela, e eu apenas uma aspirante a dançarina ansiando o beijo de regresso. O regresso do Amor.
Dei conta de como uns olhos podem se tornar num grande oceano. Tive que contratar faxineiras para limpar o soalho da casa continuamente, porque preciso de me salvar do meu próprio amor arrulhando nas artérias. Tornei-me uma filha da devastação coronária que só as lágrimas conseguem suavizar. Perdi toda a vergonha de confessar a raiz do coração… dentro dele, tem cada tubérculo dorido, sonhando pela aurora. Meu coração declara que tem o sonho de um dia poder vislumbrar o belo estame e formoso carpelo em união perfeita, que aqui a pequenina eu, jamais tenha que uma e outra vez se tornar um oceano e contratar faxineiras.
Pergunto vezes sem conta, porque uns escolhem uma estrada e outros, uma outra. Escolhi a tarefa mais difícil de aprender e de uma vida inteira, a consciência do amor desprendido de todas as prisões. Vim aprender pela perca, pela morte. Aprender o que é mais importante numa e dentro de uma vida. Quero chegar no leito da minha morte, e ter a resposta clara… mas que Deus não me dê a oportunidade de me lamentar e querer regressar no tempo. Que faça, sim antes, o acontecer para que não lamente. Não quero chegar no leito da minha morte e dizer: ‘lamento a minha ignorância; lamento tê-lo visto passar e nada fiz por medos’! (...) ...


Preciso de subir na montanha ‘para lavar minhas pálpebras na chuva’ . (letra de uma canção de Leonard Cohen)

porque é sonhando que eu vivo tudo

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , , | Posted on 22:00

Mariah - Fotografia


O Labirinto

As escadas ao fundo. Sem nome, era esse o nome. Era assim, sempre assim, ‘’Sem Nome ‘’… qualquer coisa era sem nome, nada tinha significado. Todas as tardes gritava com todos os pulmões, aqueles que ainda lhe restavam. Gritava, ‘’Quero ir!! Ir…’’; ‘’Tirem-me daqui. Daqui, deste lugar! ‘‘… e sempre lhe respondiam, ‘’Onde estás?’’. Ela, lá respondia sempre e sempre cansada, ‘’Aqui!!Estou aqui!!’’. Ela sempre lá estivera, e nunca a viram e continuaram a não ver!! Há apenas na atmosfera uma falsa consciência onde ela está! É esta a verdade e os Labirintos, não é coisa que Homem algum consiga ver, porque não é a ‘’coisa ‘’ dele.

Rabiscado por NãoSouEuéaOutra

serei capaz de ser capaz?

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , | Posted on 21:46

Mariah - Fotografia


Suicídio Mental

Nesta rua há uma janela. Não, há muitas janelas. Muitas janelas. A janela de que vos falo é diferente. Muito diferente, embora seja igual a todas as outras. A minha janela tem voz. Sim, tem voz. Uma voz calada e no entanto se sente por todos os poros. Ela chama-me ao filme dela. Um filme sobre a Morte. Ela olha-me e precipita-me para o fundo dos seus olhos, sem braços e mãos. Morro lá embaixo, todos os dias.

Rabiscado por NãoSouEuéaOutra

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