e, o poema fugiu - dizem

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in | Posted on 13:25

photographia 
B Berenika



foi segredo, não o foi
foi segredo sim, segredo sim
foi segredo

altar lento, lento altar
pés meus, segredos meus
reza pescoço, pescoço reza
amén dizem, dizem amén
e
e
e
logo um beijo segredo, segredo o beijo
pela boca entrou, entrou fundo
penetrou fundo, terra penetrou
viu
viu
viu
rosto empalidecido, eu igual a mim
sorte coração, coração sorte
abraço visceral, manta abraço
terra toda eu, eu toda terra
repasto, emplastro
vivência, vida
tudo aqui, aqui tudo
na mira de mim
mim
mim
mim

NãoSouEuéaOutra
in
'' série: onde estão as poesias?''


Cozinhar - Uma Receita

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , | Posted on 09:26

 (source)

Receita de Culinária

Não gosto muito de escrever sobre cozinha. Nem conversar sobre cozinha. Não é um assunto do meu dia – à – dia, apenas numa esfera bem fechada e muito selectiva mesmo, mesmo muito selectiva, revelo os dotes e as extravagancias gastronómicas que são fora da normalidade. Cozinhar, elaborar é para mim uma arte, e além disso mágica. Porque não a associo só à luxúria, mas sim à cura também. Esta última, é a que me interessa, embora não consiga dissociá-la da estética e de um certo minimalismo.

Hoje, resolvi colocar uma simples receita de minha autoria. Espero que apreciem.


Receita com saúde

Criada por NãoSouEuéaOutra
- para uso/confecção particular -

. Salmão
. Queijo Mozzarela
. Agrião
. Cogumelo
. Tomate
. Rebentos Soja
. Cebolinho
. Alho Francês
. Salsa
. Limão
. Sal Aromático Herbamare (qualquer casa de produtos naturais/ ervanárias )
. Azeite Girassol (qualquer casa de produtos naturais/ ervanárias )




Como peparar:

Em primeiro lugar, o único alimento nesta lista que irá ser cozido, é o salmão. Sendo assim, atempadamente deve cozer o salmão sem condimento algum. Pessoalmente cozo a vapor. Não gosto da dureza e nem do sabor do salmão cozido em água.
Restante ingredientes serão cortados (corte do tamanho que mais gostar; eu prefiro bem pequeno) e, misture tudo. Tudo cru. De seguida acrescente o salmão aos pedacinhos, frio ou quente, previamente cozido a vapor, e tempere com limão, sal e azeite a gosto. Volte a misturar tudo e por fim se desejar polvilhe com um pouco de queijo mozzarela ralado ou outro da sua preferência.

Só lhe resta agora uma opção, pois foi para ela que confeccionou este prato, COMER..

Não guarde para o dia seguinte a mistura. Parte das propriedades já estão oxidadas e perderam seu valor nutricional.


Uma dica
Faça um suco de maçã e beba meia-hora antes. Seu organismo agradecerá. EVITE BEBER durante a refeição. Coma sempre a fruta no inicio da refeição e não após/no fim desta. Poupará um trabalhão danado às suas enzimas digestivas, e seus intestinos trabalharão a seu favor. Além disso, evita o acumulo de gorduras na sua barriga e tantos outros inconvenientes. Não abuse de fritos e nem coza a comida ao limite. Saiba que isso é pura anti-vida.

O nosso corpo transforma-se naquilo que lhe oferecemos. Logo, somos aquilo que comemos e bebemos. Poupe-o de danos. Quanto mais cedo o fizer, menos sofrerá. É certo que não podemos fugir à nossa predisposição genética ou hereditária, mas está nas nossas mãos consciencializar e prevenir efeitos mais graves. Faça uso do seu senso-comum, e não pense que só aos vizinhos acontece, e que você é único e que como parede de betão que julga que é, que nada o atingirá!! Lembre-se, também, não será jovem eternamente. Estar atento não é para todos, mas saiba que independente disso, a responsabilidade é inteiramente sua. Pecados de vez em quando, não fazem mal algum... apenas quando praticados diariamente e sem controle.





Fotografias - memórias -

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in | Posted on 11:28





« VAZIOS. vazios. não há como explicar. da multidão ao vazio. desse querer ao vazio. agora espero. esperar o que nunca esperei. quieta espero. não há mais desejo. não há mais nada; apenas uma única coisa, aquilo que não direi. »

mais logo continuarei...

Exorcismo

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , | Posted on 19:09



" As folhas Poetadas De Exorcismo "

NãoSouEuéaOutra
Ano 2008 – Maio


O teu riso tão lânguido
Caverna de um adormecido
Hibernado no meu sexo alternado
Voz da cachoeira do Diabo
Encarnação de Maria Madalena
Alma de contas, alongada de Ser
Terrestre minha sina amaldiçoada
Procuro no verso a malvadez para te torcer
No vómito te expurgar abençoada
Pela contradição negar todas as confissões
Na rosa dos tempos alcançar os corações
Deixar entumecer até à exaustão
Todos os gritos sem confusões
Baralhar o fio que costuras na ceguez
Atrapalhar o cio que nunca está prenhe de embriaguez
E, indo assim ao fundo do tempo arranhar
Toda a teia do lânguido intimidar
De quem me esqueço sem embarcar

O teu chorar tão assustado
Porta que não abre, porque cadeado
Vivente do fundo das Eras
Voz de alma maldita
Contradição da razão, morta a machado
Ferida não existente porque não grita
Mãos surdas, pés descalços
Terra fodida do sulco homem
Que nunca amanhecerá ao ventre do soluço
Ainda que diga na escuridão eternamente Amén
Tuas calças pobres, rotas de vidas
Trazem o sinal do desassossego da morte
Sexo desviado pela travessura garrida
Do qual teu lençol já manchou sem sorte
És tu, Grande Patrono, sem altar
Destinado à perene existência sem amar
Fodido até à crescente alucinação de não viver
A água da grande fortuna prenhe de classe chamada: Deus

Retratos/Sonomia&Gabriel/Vidas

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , | Posted on 08:40

Vidas

"toma nota como conduzes o teu caminho"

Autora - NãoSouEuéaOutra
Direitos Reservados – Copyright - 2008

________________________________________


Retrato I

(…) Hora de jantar. Sentada à mesa, está Sonomia. Ela tem um nome estranho. Nem se recorda o propósito desse heterónimo e muito menos quem lhe deu. Está sentada, só. O costume tornou-se costume! Os costumes quando se infiltram nas veias dificilmente morrem. Sobre a mesa um único copo de leite. O corpo não quer mais nada, está doentiamente disformado por dentro.
Pousa a cabeça sobre a mesa e, os longos cabelos descem pelas pernas dela Sente-se terrivelmente cansada! No rosto a maquilhagem está desbotada, mais uma noite de prazer vazio, com um qualquer estranho. Também, se tornou um costume! Nem se recorda dos rostos e de nada serviria! Para quê recordar, se a única recordação que guarda é o rosto do único homem que realmente amou. Quando olha, atrás, no passado, sente que tudo foi um grande erro. O amor foi-lhe um erro. Talvez não o amor, mas àquele a quem devotara o seu coração.
Cruza as pernas, e, ainda mais se estira sobre a mesa. Sem parcimónia alguma viaja até aquele rosto que está gravado na memória, como um retrato, desses que não se conseguem apagar. Amara, assim tão perdidamente, crendo no amor daquele outro com uma fé inabalável. Ele ofertara-lhe orgasmos, os únicos; fizera viver o seu corpo como um estandarte de prazer puro, onde a violência do desejo combinava com a ternura mais intensa. Sorri ao lembrar-se disso, mas logo o vazio do desespero voam sobre ela e, a realidade esbate-se como pássaros feridos, decapitados!! O devir daqueles tempos tornou-se o verdadeiro assassino do belo prazer.
Um dia, telefonaram-lhe e pediram que se dirigisse a um motel. Tinha uma festa surpresa para ela. Deram-lhe a chave da porta e pediram que entrasse sem bater e que levasse uma garrafa de champanhe. Acreditou que o seu “homem” tinha preparado uma surpresa para ela. Vestiu-se exuberantemente e levou o champanhe. Chegou ao motel e colocou a chave; abriu-a com ansiedade! Sobre a cama estava o seu namorado fazendo o amor, selvaticamente, com uma desconhecida. A garrafa caiu-lhe das mãos, o rosto empalideceu. O coração abriu-se como uma chaga e para dentro dele voaram mil corvos. Não gritou, perdeu a voz. Morreu ali, morreu no prazer e na vida. Morreu na mais profunda da solidão humana e caiu ao chão. Acordou no hospital com dupla personalidade e com um único rosto na memória. Duas realidades nasceriam do fundo da sua alma, o antes e depois; pelo meio aquele momento infalível de desespero humano elevado à máxima, a traição do sentimento!!
Não foi em busca de resposta para o acto tão leviano do seu “homem”, morrera naquele momento. Talvez, seja por isso que se chame de Sonomia! O devir acabara de nascer e com ela um outro rosto e, um rosto diferente dentro do corpo. O prazer desabitou o corpo, mesmo antes de o descobrir. Tornara-se-á andarilho do “amor”, nas horas vagas ou de ócio; não por prazer, porque não o habita, mas para apagar o rosto que insiste em habitar as regiões da sua mente, quer assassiná-lo. Fá-lo por vingança ao reflexo que a habita.
Mais tarde, já completamente vestida de Sonomia descobre um segredo, já há muito instalado na memória das suas veias. Será o golpe fatal à sua existência tão virtualmente vivida. Cruelmente o descobre, exactamente, quando tinha assassinado a memória do rosto e sentido novamente o prazer do corpo. Pensou: «O amor é falível na minha existência. Estou condenada ao limbo dos traídos da vida!» A única coisa que lhe restava agora, era o prazer recuperado das catacumbas do seu corpo. Como iria vivê-lo, perguntava-se? Decidiu vivê-lo à máxima das perversidades humanas. Disse para si mesma: «Mataram-me duas vezes, brutalmente e, heis agora o único e fatal veneno que tenho para vos oferecer!!!» (…)




Retrato II

(…) Gabriel, tem entre suas mãos um envelope já aberto. Está chocado!! Fortemente chocado!!! A última coisa que jamais lhe passara pela cabeça e que fazia intenção de deixar claro aos amigos, era isso mesmo. Com ele jamais!!! Sabia escolher!! – Afirmava-o convictamente. Ele, o Gabriel, grande Gabriel, como era conhecido no seu grupo de amigos, isso estaria a anos de luz.
Conhecido como um grande galanteador entre as massas femininas. Oriundo de famílias que lhe permitiam levar uma vida de grandes comodidades. Tinha o futuro à sua espera, ora não fosse a sua tendência obsessiva em encontrar uma mulher à sua altura. Embora, já contasse com uns bons trinta e cinco anos, ainda não tinha encontrado a perfeita deusa que coubesse no sapato de cristal que guardava no coração. Nunca confessava que era esse o seu desejo, ao contrário afirmava que, não tinha vocação para o casamento e que com tantas mulheres maravilhosas no mundo, seria um desperdício de tempo envolver-se com uma só e única mulher. Apesar de ser conhecida a sua forma de viver, as mulheres não resistiam a cair nos seus braços. Existia sempre quem pensava que seria a potencial. A potencial Senhora Gabriel André Coelho e Castro Gouveia Alves Cabral da Penha Alburqueque e Filho Moutinho Cruz Loureiro! Não era só a riqueza que era atractiva, mas também o charme que emanava dele. Ele sabia-o e jogava com todos essas armas a favor de si mesmo. Porque haveria de jogar contra, já que tinha o gosto de viver o prazer directo na carne e saber escolher. Era preciso tocar para viver e senti-lo. Nunca fora uma pessoa que ficasse se excitando com revistas, filmes, ou, outro meio de comunicação fora da realidade. Para ele a realidade vivida e sentida era o reino dos céus e quando o queria, partia para a conquista e conseguia-o. Não precisava de muita sedução, ele era a própria sedução e só tirava partido disso!!
Mas o destino, tinha a tal hora marcada. Essa hora que fazem os pássaros bater asas e deixarem as cabeças em cima dos galhos. Desde há uns tempos, que o seu pensamento era impregnado com uma figura feminina. Sonomia!! Avistara ela, numa das suas saídas semanais. Desde o momento que colocara os olhos nela e na magnífica figura que tinha, sentiu que tinha de tomá-la entre os seus braços. A figura de Sonomia o chamava, atraia como certos ímanes ansiosos da sua outra parte. Estranhamente nessa noite não confessara aos amigos o seu último lance. Ela, Sonomia, nem o vira, mas ele toda a noite manteve o olhar sobre si. Uma semana mais tarde, regressara ao mesmo local e por forças das circunstâncias chocam-se de frente um com o outro. Olharam-se como se tivessem reconhecido destinos. Ela vira a fatal ferida de si mesma e ele, nela a vítima perfeita para mais um golpe de prazer. O sapato de cristal apesar de ser um anseio, sobreponha-se ao gosto da descoberta da carne e Sonomia inspirava-lhe algo diferente, nunca sentido até ali. O perigo que ela transportava o seduzia. Se ele soubesse, teria parado. Mas o perigo, o perigo desejo e do desejado estava em ele não saber e, não o sabendo voou.
Sonomia, até ao momento tinha esperado. Seriam escolhidos a dedo, porque esse veneno, levariam as suas cabeças à bandeja, não para Herodes Antipas, mas para ela mesma. Uma Rainha ferida, humilhada é fértil na vingança e, escolherá a certeza das certezas. Seria servida fria e injectada de forma única, pelo silêncio. Mas gozaria até ao último prazer. Naquela noite, ele surgiu como o mais belo retrato. Pensou que o destino tinha marcado encontro novamente, ele lhe parecera demasiado interessado nela. A primeira carta estava dada. Esperaria! Esperaria como não tivera de esperar.
Gabriel, movido pela atracção que o inundava convidou-a a sentar-se junto com ele e com os amigos. Uma forma de iniciar a conversa e consequentemente atingir o seu propósito, seduzi-la. Conversaram horas, entre todos , e sobre diversos assuntos, até muito banais e cada vez se aproximava mais dela. Ela o permitia com facilidade e ele acreditava que estava seduzindo. Não demorou muito e colocou a mão sobre as suas pernas, ela sorriu. O passo estava dado e o que seguiria seria o inevitável.
Eram duas da madrugada quando deixaram o bar, os amigos partiram para outras aventuras e eles os dois ficaram a sós. O silêncio cercou-os, as mãos estavam unidas. Um beijo ainda não acontecido, aconteceu entre os silêncios e os olhos de desejo. Ele pede -lhe, «queres ir até minha casa?» e, ela diz que não. Seria melhor um motel. Ele acha estranho, mas aceita. Partem para o motel, abre-se a porta; uma cama espera-os. Amam-se ferozmente. Ele pela primeira vez sente-se vivo nos braços dela. Por um segundo pensa: «Meu sapato de cristal!» Recusa a ideia!! Ela, pela primeira vez soube-lhe bem, o destilar do veneno. O prazer sentido, libertava-a de cargas profundas guardadas e pensava, não sou Salomé, não, não... mas, «Heis a tua cabeça na minha bandeja
De manhã, ele acorda. Ela não está ao lado. A primeira vez que acontece. Um vazio ensurdecedor abre-se no quarto. Sente frio. Olha ao redor para encontrar as roupas dela. Não há nada. Ri-se!!! Levanta-se, lava a cara, veste-se e sai. Dirige-se para casa, antes de começar um novo dia de trabalho. Não pára de pensar porque saiu ela sem dizer nada, nem um bilhete?! Em casa despe as calças e cai um envelope, abre-o e nele está escrito: «Querido, obrigada pela maravilhosa noite. Bem-vindo ao Club da Sida!» (…)

Nota: Texto em estado bruto – por corrigir .

dói

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in | Posted on 14:06



dói, dói tanto!! dói dói dói
tanto dói, dói. tanto tanto tanto


dói, dói tanto!! dói dói dói
tanto dói, dói. tanto tanto tanto

as dores inteiras
em todo o canto
de baixo acima
de cima abaixo
tudo tudo tudo
no que existe


Paris

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , | Posted on 08:03


"Amar em Paris, Quartier Latin"



(…) Não sei não!! Teus braços têm cores que desconhecia. Estórias da Cidade Luz, Paris. Assombros de noite, pernas perdidas entre lençóis brancos de linho. Roupas espalhadas, livros já gastos pelo tempo, cadernos reescritos de memórias carnais e jamais vendidas, somente a eles mesmos. O frio e mais frio, outonal – invernoso, subia pela pele febril de amor e a pele das carnes se aquecia ( ainda mais ) uma à outra. O amor aquece, e, dizem, até aquilo que desconhece. É cheirando as cores invadidas/invasivas que chegam, que escrevo a estória dos quartos com paredes vazias, dos amantes que se encalharam e que as vestiram.

“Naquela parede vazia, quarto de hotel, numa certa rua entre o “Arc de Triomphe” e o “Place de l’Etoile” eles escreveram estórias encarnadas de desejo, de beijos. Foragidos e com alma, loucos por natureza e sem pecado, amantes do desatino e disparatado se bastavam um ao outro, qual face na outra sem perdição, mas com toda a loucura da perdição. Sabendo a pouco os desatinos da sua paixão, por aquela rua quando ali chegaram, agarraram suas bagagens e mergulharam pelas ruas entre o “Rio Sena e o Jardim de Luxemburgo”, o “Quartier Latin”, e , empestaram-se de amor numa tonalidade mais brava, demente e intensamente sentida, cujo amanhã já morreu ou nunca mais existirá. Fundiram-se com a velha parte da Cidade Luz, entre livrarias, galerias de arte e cafés… escreviam cartas que deixavam nos recortes das paredes, entregues a um destino incompreensível e, o amor contorcia-lhes as almas e a fotografia empestava-lhes o olhar com fúria de morrer ali, morrer ali, com todos os beijos vendidos à condição frágil do amor, tudo por um simples momento dionisíaco e prenhe de arte.
“Quartier Latin” ousava despir-lhes todas as fragrâncias da existência que os habitava, e os beijos, e, porque viviam de beijos tornavam-se sinfonias ultrajantes de ousadias. As paredes daquele quarto no “Quartier Latin”, num amanhã que não existia, foram vestidas com as fotografias em nome do grande rebelde chamado, l´amour... o amor que os consumia gota à gota. Era essa a sua imortalização, fizeram-no e escolheram todos os momentos… e ousaram adoptar a fabulosa frase: “Madrid me mata!” e transpô-la para o “Quartier Latin”, onde todos os momentos eram mortos em nome do êxtase que não lhes devolvia qualquer centelha do tempo, antes eram devorados como velas sob chama intensa e rápida… mas o amor, vivi e revivia... ainda que breve.
Como o amor nunca anda desvinculado de chocolate, os nossos amantes adoravam encher os sacos no “Pierre Herme” e, sorriam inusitadamente e declarando nos olhares só seus, todo o ritmo que se queria devorado. À tarde era vê-los se lambujando amorosamente em cada Herme… suas línguas extravasavam-se de sentidos palativos, que talvez nem mesmo Grenouille, o personagem inventado por Süskind, em O Perfume, tivesse…
Mais tarde, quando o encontrei, a ele, soube que de facto nunca tinham se amado, tinham amado para além de si mesmos, tinham morrido em todos os instantes que não tinha sobrado carne para viver. Precisaram de dizer adeus, um adeus por amor intenso e grande, fora de si mesmos. Amor perturbante que consumiu o tempo e não aguentou a vertigem da emoção!! Para trás ficou aquele quarto, que hoje, é um hino à tradição de Amar em Paris nem que seja por 24 horas. As fotografias ficaram lá, o dono do hotel, recusou-se a deixá-las partir.“ (…)


in “crónicas anacrónicas” de NãoSouEuéaOutra - janeiro 08 2008

O Eu que eu sou

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , | Posted on 14:30


" – O Eu que eu sou– "

Género: Poesia
Autora: Carmen

«Fernando Pessoa disse: "Sou variamente outro do que um eu que não sei se existe".»

Não quero ser
O Eu que eu sou
Quero ser o Eu
Fechado na masmorra
Dentro de mim!
Porque este Eu que vejo
Do negrume onde estou
Não sou eu…
Este Eu que sou
É uma sombra
E sombra eu não sou!

(Carmen)



Dissertação
por NãoSouEuéaOutra

Fernando Pessoa, foi uns desses Poetas que invariavelmente usou e abusou deste termo Eu Sou e o Outro. Recordo-me na época quando tentei dar um Titulo a este blog, o meu primeiro blog, em 2005. Nos primeiros dias, teve um outro nome que nem me recordo, mas obviamente que este, NãoSouEuéaOutra, era já um pseudónimo que vinha de longa data e resolvi naquela hora, assumir! Não me arrependo. Porque de facto ele traduz as várias facetas que correm nas veias, na pluralidade que sou. Quase podia parafrasear esta de Fernando Pessoa ao exclamar: “ Meu Deus, meu Deus, a quem assisto? Quantos sou? Quem é eu? O que é este intervalo que há entre mim e mim?
Na verdade todos nós somos uma miríade de eus, que se polarizam umas vezes e outras se reunificam. Ser um Eu, e somente esse eu, não me parece algo fácil de ser realizado nos nossos dias, e nem sei se alguma vez isso foi possível. Vejamos, temos um eu cibernauta; temos um eu social; temos um eu doméstico; temos um eu animal; temos um eu férias… e muito mais… tal como um eu religioso e um eu que desrespeita, tal como aquele que peca a semana toda e no Domingo corre a confessar os pecados, para voltar a cometê-los durante a semana.

A vantagem de Fernando Pessoa é que assumia os seus Eus e, dava voz, porque acorrentá-los é como votá-los à sombra e quanto mais a sombra cresce mais ela insiste em querer exprimir e, quando não o faz, dizem alguns, vira psicossomático. A consciência em FP era tal que ele dizia: “Hoje só me diverte o circo de domingo…Depois de amanhã serei outro…”.
A dificuldade da sociedade é a sua falta de capacidade/elasticidade em aceitar que um indivíduo possa ser uma série de quartos e denunciá-los/anunciá-los. No entanto, apesar de negar esta ''multi muitos''… que é exactamente o que ocorre, ele finge-se que não é assim!! Por isso se torna tão difícil descobrir a exemplo, um criminoso… só quando ele o pratica, o acto, é que todos exclamam, “mas ele era tão bem educado, uma gentileza de pessoa. Sempre pronta para ajudar o próximo.” As pessoas ficam aterradas perante os pormenores antes e depois das manifestações dos eus. Quem fala do criminoso, fala também daquele que se tornou uma celebridade. Antes, tinha um eu, que todos conheciam, mas a quem não se dava importância; até que um dia tornou-se famoso, porque participou de uma publicidade televisiva, e, heis que, quem não olhava para o sujeito porque não tinha importância ou outra coisa qualquer, agora, passaram a olhá-lo e até reverenciá-lo.
Como se pode ver a lista não termina, a lista eus e de eus… eus empacotados e alguns bem enrolados como uma casaca ou colete de força, igual e tão igual àquele que os loucos usam nos manicómios para não serem quem são.
Só me resta acabar esta dissertação com esta de FP: “Há muito tempo que não sou eu…” sou apenas uma Outra entre tantas Outras, mas nunca um EU.

Já agora, porque não terminar mesmo com este Outro Eu de FP, o Senhor Álvaro de Campos, heis:


«Arrumar a vida, pôr prateleiras na vontade e na ação.
Quero fazer isto agora, como sempre quis, com o mesmo resultado;
Mas que bom ter o propósito claro, firme só na clareza, de fazer qualquer coisa!
Vou fazer as malas para o Definitivo,
Organizar Álvaro de Campos,
E amanhã ficar na mesma coisa que antes de ontem — um antes de ontem que é sempre… Sorrio do conhecimento antecipado da coisa-nenhuma que serei.
Sorrio ao menos; sempre é alguma coisa o sorrir…
Produtos românticos, nós todos…
E se não fôssemos produtos românticos, se calhar não seríamos nada. »

Ligações Perigosas

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , | Posted on 13:52



" – Ligações Perigosas – "
Género: Cinema

Os fotogramas, acima, retirei de vídeos sobre o filme no youtube.


Visconde de Valmont – Pergunto-me frequentemente como chegaste a ser o que sois.

Marquesa de Merteuil – Não tive escolha, pois não? As mulheres têm de ser muito mais hábeis do que os homens. Podeis arruinar-nos a reputação e a vida com umas palavras bem escolhidas. Por isso, tive de criar não apenas a minha imagem… mas também vias de escape que ninguém havia concebido. E triunfei porque… sempre soube que nasci para dominar o vosso sexo e vingar o meu.

Visconde de Valmont – Sim, mas o que eu perguntei foi como.

Marquesa de Merteuil – Tinha 15 anos quando fui introduzida na sociedade. Já sabia que o papel a que estava condenada, calar-me e fazer o que me era ordenado, dava-me a grande oportunidade de ouvir e observar. Não o que me diziam, naturalmente desprovido de interesse, mas tudo o que tentavam esconder de mim.
Exercitei a indiferença. Aprendi a mostrar-me alegre debaixo da mesa. Espetei um garfo nas costas da mão. Tornei-me… perita em dissimular. Não procurava o prazer mas o conhecimento. Consultei o mais severo dos moralistas para aprender a posar. Filósofos, para saber discernir. Romancistas, para ver o que poderia aproveitar.
No final, reduzi tudo a um princípio maravilhosamente simples. Vencer ou morrer.

Visconde de Valmont – Então, sois infalível?

Marquesa de Merteuil – Se desejo um homem, tenho-o. Se o pretende divulgar, descobre que não pode. É esta a história toda.

Visconde de Valmont – Foi assim a nossa história?

Marquesa de Merteuil – Desejei-vos ainda antes de vos conhecer. O meu orgulho próprio exigia-o. Quando começastes a perseguir-me… desejei-vos loucamente. Foi a úrica vez que fui controlada pelo desejo. Um combate corpo a corpo.





Nota: Dangerous Liaisons, ou Ligações perigosas é um filme de 1988 dirigido por Stephen Frears e baseado em peça homônima de Christopher Hampton – baseada, por sua vez, no clássico da literatura francesa Les liaisons dangereuses, de Pierre Choderlos de Laclos.
Tendo Glenn Close, John Malkovich e Michelle Pfeiffer nos papéis principais do romance de Laclos – a Marquesa de Merteuil, o Visconde de Valmont e Madame de Tourvel, respectivamente – destacam-se no elenco Keanu Reeves, Uma Thurman e Swoosie Kurtz entre os coadjuvantes.
Ligações perigosas foi indicado para sete Oscar em 1989. – Fonte da nota retirada do Wikipédia.

Qual o lado... BI, I´M BI.

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in | Posted on 16:52

Dois lados convivendo, sem se anularem

Por conta das convenções sociais acabamos por amputar parte do que somos e, outras vezes seremos  algo que não somos. Este espírito de matilha é condenável ou para aligeirar, bastante suspeito. Deveríamos ter uma abertura maior para podermos questionar parte deste comportamento. Só seremos indivíduos únicos quando exercemos a nossa individualidade, e não quando usamos algo que todos usam. Da diferença nasce o respeito, a tolerância, a consciência... os opostos existem para a evolução, neste caso os opostos complementares, porquanto, os antagónicos apelam para a destruição/desunião.

Conforme dizia, as convenções sociais são castradoras. Nem todos, por exemplo, nascem à nascença aptos para serem ambidextros. Por conta da mentalidade vigente, portanto daquilo que é considerado correcto socialmente, castram-se pessoas e induzem-nas a seguir um caminho limitado. Se uma criança gosta de escrever ou tem a tendência para tal, porque razão forçá-la a usar apenas aquela mão que é socialmente aceite? Onde está escrito no livro da natureza humana que só a direita é a correcta?
A mesma pessoa que corta bem o pão com a mão direita, come com a esquerda, utilizando os pauzinhos de sushi na perfeição. Quem usa a direita diariamente, pouco consegue racionalizar com a esquerda, neste caso, utilizar pauzinhos de sushi para comer não deve ser fácil. Se já é difícil com a direita, com a esquerda é um desafio.

Às vezes não sei qual delas escolher. Presentemente, foi-me solicitada apenas o uso de uma devido a um problemazinho. Daí, vejo que esqueci desta particularidade, que reprimi. Mas a Grande Mestra - la vita - vem relembrar. Afinal, nem tudo desaparece, e, apenas adormece.


Actualmente direi, estou um pouquinho enferrujada... mas não consigo perceber qual a dominante. Escrevo rápido com as duas. No entanto, com uma sou disléxica e com  a outra, tenho a noção da formação da palavra. Ex. perguntar versus preguntar.

Portanto, percebi que os processos de racionalizar são ligeiramente diferentes no uso de cada mão. Uma torna-me mais aérea, enquanto outra mais meditativa, focada e racional e, até com maior capacidade para ouvir e escrever.

Oleg Dou

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , | Posted on 19:50

Oleg Dou

A perfeição é para todos, no entanto não chega a todos. A Oleg Dou chega-lhe, talvez sem o pedir.
Aqui, entre pinceladas fotográficas, disciplinas, viagens no tempo... e até direi, do tempero com que musicaliza e tece as figuras diáfanas há uma emergência num despertar silencioso, ausente de multidões. Há uma febre inaudita, inusitada que perdura para lá de todas as razões. A paixão calada, o pé no caminho. Tudo é, quando me sento à porta deste ''miúdo''. Há esse excesso branco que só os deuses da sabedoria ousam mostrar sem tinturas, esses fios de cabelos brancos... essa simbologia feita de velhice. A brancura é também essa passagem no tempo que os velhos tão bem sabem expressar.
Não, não vejo crianças, vejo a velhice. Como se algo encolhesse, congelasse no tempo. Memoriais atravessando a lânguida avenida da Morte. Oleg Dou diz-me/fala-me/confessa-me muito mais para lá da estética com que imprime os seus trabalhos feitos de um estilo muito próprio. Revivalismo chegam-me de vários orientes e ocidentes e, já perdidos na mónada do tempo.
A dualidade chega silenciosa, duplica a voz e a perfeição ousa chegar-lhe nos dois caminhos.
NSEEAO






Há (quase) seis anos que sigo o trabalho majestoso deste artista. Mantém uma fidelidade única. Os seus trabalhos são a sua própria marca.

Chove

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , | Posted on 19:05

 
 Kimiko Yoshida
(source)


CHOVE


Chove pelas paredes
Chove nas paredes
Chove naquela parede
Chove nesta parede

Sei que chove, pelo menos (sei) que chove
Chove até no invisível, ai chove, chove
Não sei se algum sino dobrará
Nem sei se haverá algum crá-crá-crá

Chove? Não sei, chove.
Não sei, chove e chove. Chove?
( crá - crá - crá )
Não chove.
Chove.

NãoSouEuéaOutra in '' Meus poemas molhados''

História do Rock 2

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , | Posted on 18:29


Fotografia - Suara

 (source)


História do Rock (Parte II/III)

O texto a seguir é parte de um Trabalho de Conclusão de Curso, portanto, possui algumas referências a livros, revistas e outras teses consultadas, de onde foram retiradas algumas citações. Algumas referências encontram-se entre parênteses, outras são indicadas pelo uso de aspas. (para ler a primeira parte dessa história, clique aqui!)

...
Essa banda de Detroit não recebeu muito prestígio entre os críticos, mas agradou ao público. O Grun Funk abriu vários shows para o Led Zeppelin, em muitos casos, roubando a atenção da platéia. Entre os temas de suas músicas, sexo, política, religião e ecologia estavam entre os mais comuns. A inovação de suas músicas ficava por conta da utilização de instrumentos pouco comuns em grupos de rock, como violão, piano, alguns tipos de percussão e orquestra.

O grupo que realmente comandou as transformações na sonoridade do rock para essa época foi o Led Zeppelin. Em uma fusão do blues com o hard rock, construíram sua carreira como os maiores representantes do trinômio “sexo, drogas e rock’n’roll” nos anos 70.

Uma “Escada para o Céu”
O Led Zeppelin começa quando os Yeardbirds se desintegram. Em 1967, o guitarrista Jimmy Page foi deixado por seus companheiros com uma agenda de shows para cumprir e dívidas para pagar. Com a finalidade de resolver esse problema, Page sai à procura de integrantes para uma nova banda, os New Yeardbirds.
O primeiro a integrar o novo grupo é o baixista John Paul Jones, que mostra a Page uma matéria de jornal sobre Robert Plant – vocalista de uma banda chamada Hobbstweedle. A mesma dica foi dada pelo cantor Terry Reid, que anteriormente havia sido cogitado para a vaga. Page e Jones foram assistir a uma apresentação do Hobbstweedle e ficaram tomados pela presença de palco e pela voz de Robert Plant. Ele passou a integrar o New Yeardbirds em agosto de 1968. O baterista John Bonham foi o último a entrar para o grupo, a convite de Plant.
Após concluir a formação da banda, o New Yeardbirds saiu em turnê para cumprir a agenda do antigo grupo. Com o fim das apresentações, ainda neste mesmo ano gravaram um disco que recebeu o novo nome da banda: Led Zeppelin. Segundo o jornalista Sérgio Martins (Bizz, 1999), a denominação veio de Jimmy Page, que se lembrou de uma citação de Keith Moon (baterista do The Who) sobre a viagem em um “zeppelim de chumbo”.
Sob contrato com a Atlantic Records, o Led Zeppelin iniciou uma turnê pelos Estados Unidos, um dia depois do Natal de 1968. Essa idéia partiu do empresário Peter Grant, também chamado de “o quinto zeppelin”.
Nos Estados Unidos, o Led Zeppelin conseguiu a popularidade que o seu primeiro disco não alcançou no Reino Unido. A onda de psicodelia ainda tomava conta do cenário do rock, e a sonoridade pesada da banda chamou a atenção do público rockeiro – que aprovaram a influência blueseira e os uivos do vocalista da banda. Canções como Good Times Bad Times e Communication Breakdown são composições deste primeiro disco.
Led Zeppelin II é lançado em 1969, alcançando o primeiro lugar nas paradas americanas. Thank You, canção de Plant para sua mulher na época, Maureen, o clássico do rock pauleira, Whola Lotta Love e Moby Dick, são destaques desse álbum.

Após o lançamento do segundo disco, o Led Zeppelin decide sair em turnê pelo Reino Unido, agora com sua carreira consolidada pelo sucesso nos Estados Unidos. Esse disco rendeu ao grupo o título de “melhor banda da Inglaterra” pela Melody Maker. O sucesso do Led Zeppelin provocou sua ascensão como legítimos de “rock stars”; as groupies (fãs fanáticas) disputavam a atenção dos músicos da banda e os negócios iam bem. O interesse de Jimmy Page pelo ocultismo, assim como seu vício em heroína, já eram conhecidos.
No entanto, antes da produção de Led Zeppelin III, os integrantes da banda encontraram-se cansados e resolveram se isolar para compor. Canções como Tangerine e Since I’ve benn Loving You são algumas das que estão neste disco.
Em 1973, o Led Zeppelin lança um álbum sem título e que passaria a ficar conhecido como “Quatro Símbolos’, entre outras denominações. Essa referência deve-se aos símbolos impressos na contracapa do álbum, relacionados a cada integrante da banda. Esse disco foi o de maior vendagem para o Led Zeppelin, rendendo mais de 16 milhões de cópias nos últimos 25 anos. A canção mais popular do grupo, Stairway to Heaven, faz parte deste álbum. Sobre essa música, Friedlander (2002, p. 339) comenta:
Page e Plant dividiram a música em dois níveis dinâmicos(...). El começava suavemente com a introdução do violão de Page e um longa citação de versos, aumentando gradualmente até explodirem em um rock completo (...) A letra obscura, cantada com a voz de um trovador piedoso, refletia o interesse de Page pelo folclore britânico e celta e seguia a busca de uma mítica dama por sua “escada para o céu ou nirvana espiritual’.
Em 1973, o grupo lança Houses of the Holy, marcado por canções funk e reggae (como em D’yer M’aker). Este álbum recebeu o primeiro lugar nas paradas do Estados Unidos e Inglaterra ao mesmo tempo. Entretanto, as apresentações do grupo são comprometidas depois do acidente de carro sofrido por Robert Plant. Assim, eles lançam o documentário The Song Remains the Same (1976), que mistura cenas do dia-a-dia dos integrantes com um show no Madison Square Garden.
Durante a turnê deste álbum, após a recuperação do acidente de Plant, seu filho, Karac, morre de um vírus desconhecido. Assim, a banda faz outra pausa e volta em 1979, com In Through the Outdoor, com a canção All my Love dedicada ao filho do vocalista. Um ano após esse lançamento, acontece a última turnê européia do Led Zeppelin; enquanto os integrantes da banda se preparavam para viajar aos Estados Unidos, John Bonham bebe além da conta e não consegue ensaiar.
No dia seguinte à embriaguez de Bonham, o baterista é encontrado morto, sufocado em seu próprio vômito (assim como aconteceu com Hendrix). Em dezembro desse mesmo ano, os integrantes remanescentes anunciam que sem Bonham, é impossível continuar com o Led Zeppelin.
O trovão setentista do Led Zeppelin quebrou as fronteiras do rock em sua época, estendendo sua influência para grupos que surgiram posteriormente: Aerosmith, Guns’n’Roses e Rage Against the Machine são alguns exemplos.
O Rock de “Plumas e Paetês”
Em meados de 1970, o heavy metal continuou a se expandir, inaugurando os anos 80 com uma profusão de bandas importantes para este sub-gênero do rock. Mas antes de se apresentar o cenário metal dos anos oitenta, é preciso destacar outras vertentes do rock que se desenvolveram ainda na década de 70.
Um movimento paralelo ao metal, muitas vezes mesclando-se a ele, e que marcou o início desta década foi o glitter rock, também conhecido como glam rock. Som pesado, muito brilho nas roupas e visual andrógino eram as características principais de grupos como T-Rex, Kiss e artistas como David Bowie e Alice Cooper. Este último, comumente chamado de “tia Alice”, foi o desencadeador da androginia no rock, antes esboçada por Mick Jagger e também seguida por Marc Bolan, do T-Rex.
Em outras palavras, algo como um rock de plumas e paetês em que os músicos apareciam fortemente maquilados ou até mesmo travestidos. Em Alice Cooper, o lado sexual era mais um recurso para agredir o público, pois Alice (nascido Vincent Furnier, filho de pastor) era ‘cria’ de Frank Zappa, o pai espiritual dos freaks de todo o mundo ... (MUGGIATI, 1985, p. 67-68)
Apesar de não se encaixarem especificamente neste gênero, os grupos ingleses Queen e Judas Priest, formados em 1970, eram adeptos do visual extravagante, aliando-o a uma pesada sonoridade.
Liderado por Fred Mercury, o Queen utilizava experimentações vocais e instrumentais em suas composições. A clássica Bohemian Raphsody é mais um exemplo da influência da música erudita no heavy metal, verificado na introdução e nas vocalizações desta música.
Bohemian Rhapsody foi lançada em 1975. Uma verdadeira ópera rock, no sentido mais literal das palavras. Taxada de experimentalista pela gravadora uma música como aquela dificilmente chegaria a ser um hit. Mais do que isso, porém, Bohemian Rhapsody se tornou no maior clássico da banda e seu primeiro single a chegar ao número 1. (WHIPLASH, dez/2002)
Esta era a época dos grandes concertos de rock e o Queen não fugia à regra; Fred Mercury desempenhava seu papel de frontman de maneira eficiente, devido ao seu carisma com o público. A partir de 1980, a banda acrescenta instrumentos eletrônicos e começa a se influenciar pela dance music, que se tornaria uma febre nesta década. No entanto, após quase duas décadas de existência, em 1991 a banda sofre a perda de Fred Mercury, que morre de complicações decorrentes da AIDS. O álbum Innuendo, lançado neste mesmo ano, marca a despedida do vocalista e líder da banda: "com menções depressivas e letras subjetivas, um Fred Mercury fraco insinua um difícil adeus, com músicas como The Show Must Go On (O Show Deve Continuar) e These are the Days of Our Lives (Esses São os Dias de Nossas Vidas)" (id.). A partir de 1992, várias coletâneas de tributo à banda foram lançadas, sendo que a última é de 1999.
Ainda hoje uma banda bem conceituada entre os apreciadores do gênero, o Judas Priest foi uma bandas precursoras do heavy metal moderno. As características que lhe conferiram esse título foram a adoção de roupas de couro e adereços de metal e "a união do peso e temática violenta criados pelo Black Sabbath à velocidade dos grupos como o Led Zeppelin” (id.). Além disso, a presença de dois guitarristas na banda - KK Downing e Glenn Tipton - se tornou uma das marcas das bandas de heavy metal que surgiriam posteriormente.
O auge da carreira internacional do Judas Priest se deu entre 1982 e 1984, com o lançamento dos álbums Screaming for Vengeance e Defender of the Faith, mas logo após essa fase, um fato marcou a imagem da banda. Um caso de suicídio de dois fãs foi amplamente explorado pela imprensa, que culpou o grupo pela morte dos dois garotos. Mesmo após ficar confirmado que as causas nada tinham a ver com a música do Judas Priest, esse caso se tornou corriqueiro com outras bandas e artistas de rock.
Após a boa fase, em 1986 a banda lançou o álbum Turbo, que não foi bem aceito pela crítica e pelo público, que não esperava pela fusão com instrumentos eletrônicos, marcante neste disco. O produto final se mostrou muito "comercial e forçado, marcando o ponto mais baixo na carreira da banda".
Em 1992, o vocalista Rob Halford (hoje em carreira solo) abandou o Judas Priest para montar o Fight; em seu lugar entrou Ripper Owens. O vocal de Ripper sempre foi associado ao de Halford, o que ajudou a não descaracterizar as músicas antigas da banda.

“POR QUE A GENTE NÃO CHAMA DE PUNK?”
Como explica o jornalista José Augusto Lemos (Bizz, ago1999), em fins de 1960 houve uma “reformulação visual”, seguida pelos jovens: “quem andava de jeans, camiseta e cabelos compridos, imediatamente passou a ser identificado como ‘hippie velho’”.
Nesta época, a movimentação política e (junto com ela) a violência faziam parte do cotidiano dos jovens, tanto na América quanto na Inglaterra. Como já foram citados, o movimento contra a guerra do Vietnã e a campanha contra a corrida nuclear, além do desemprego, denotavam o descontentamento da sociedade, em particular dos jovens.
A "violência gratuita" de cenas do filme A Clockwork Orange (Laranja Mecânica), de Stanley Kubrick, era repetida pela juventude nas ruas. Lemos (id.) relata que, banido das ilhas britânicas, o clássico de Kubrick também ditava a moda, sendo considerado um possível inspirador para a nova vertente que despontaria no cenário do rock: o punk. “(...)se havia uma coisa de que os ‘punks’ faziam questão de ser era contra a cultura. Nos dicionários, ‘punk’ quer dizer ‘droga’, ‘coisa sem valor’, ‘podre’, ‘doente’. (MUGGIATI, 1985, p. 69)
Bob Dylan e Joan Baez ainda tinham forte presença no cenário musical e político da América quando o primeiro embrião do punk apareceu em Nova Iorque. Artistas de renome, como Andy Warhol, faziam parte da vanguarda artística da cidade; logo surgiriam grupos de rock que movimentariam a cena musical.
Outro personagem dessa época, que circulou tanto no meio glitter quanto entre os que fundariam o punk, foi David Bowie. Tanto por isso quanto por seu visual extravagante, andrógino, o adjetivo mais associado a ele sempre foi "camaleônico". Sua incursão pelo meio musical também contou com a influência da eletrônica; mas a importância de Bowie ainda se estendeu para a fase pós-punk: ele foi o responsável pelo resgate de artistas importantes como Lou Reed (ex-Velvet Underground) e Iggy Pop (ex-Stooges).
O Velvet Undergroud (subterrâneo de veludo), foi uma das bandas que impulsionou outros grupos e artistas solo que passariam a caracterizar o punk. Esta banda surgiu em 1965, depois que Lou Reed mostrou ao guitarrista John Cale duas canções que havia composto: Heroin e Waiting for the man. Ele tocou as duas músicas ao violão e, como contou Cale (McNeil, McCain, 1997, p. 20), era diferente de tudo o que Dylan e Baez faziam:
Na primeira vez que Lou Reed tocou 'Heroin' pra mim, fiquei totalmente pasmo. A letra e a música eram tão obscenas e devastadoras. Mais que isso; as canções de Lou tinham tudo a ver com meu conceito de música. Nessas canções de Lou rolava um lance de assassinato do personagem. Ele tinha profunda identificação com os personagens que relatava. Era o 'Método' atuando na canção.
O primeiro empresário do Velvet Underground foi o escritor e colunista de rock Al Aronowitz, que o considerava um grupo de "marginais" e sua música, "inacessível". Apesar disso, levou-o a tocar no Café Bizarre, quando Andy Warhol conheceu a banda e se tornou o novo empresário. A partir daí, o Velvet passou a ficar conhecido pela vanguarda artística de Nova Iorque, composta por poetas, músicos, artistas plásticos e cineastas. Estes criticavam o movimento hippie não só em termos musicais, mas também visuais e em sua ideologia. As drogas e o sexo também faziam parte da cultura dos "pré-punks", mas a cannabis e o LSD foram substituídos pela heroína e anfetamina, enquanto que o sexo foi visto com uma liberdade ainda maior; muitos dos artistas da época se assumiam bissexuais.
A cantora Nico (que também atuou em filmes de Fellini) fez parte do Velvet no primeiro disco da banda, mas havia muitos desentendimentos entre Reed e ela. Considerado o líder do Velvet, Reed sempre desejou seguir em carreira solo; após o lançamento desse primeiro disco, desmanchou a banda. Mas a transgressão de valores e a "crueza" de suas canções transformaram Lou Reed no "padrinho do punk", como comparam McNeil e McCan (id., ibid., p. 437). Nas palavras de Lou Reed: "O velho som era alcoólico. A tradição foi finalmente quebrada. A música é sexo, drogas e alegria. E a alegria é a piada que a música entende melhor. (id., p. 30)
Por volta de 1967, outra banda surgiu para complementar a cena "pré-punk" da América: os Stooges. Liderada por Iggy Pop, esta banda começou quando o mesmo decidiu fazer "seu próprio blues simples" e compôs a música I wanna be your dog. Além disso, outra influência definitiva para Iggy decidir fundar sua banda foi Jim Morrison; apesar de não gostar do som e da poesia dos Doors, ele admirava a postura sensual e misteriosa de Morrison. Assim, juntando a vontade de criar uma nova sonoridade para o rock à preocupação com o visual das banda nas apresentações ao vivo, os Stooges, marcaram o início de um movimento que culminaria com o punk rock. O primeiro guitarrista da banda, Ron Asheton, caracteriza a sonoridade da banda em sua primeira apresentação (id., p. 57):
A gente inventou alguns instrumentos que usou no primeiro show. A gente pegou um liquidificador com um pouco de água e colocou um microfone bem embaixo dele e ligou. Tocamos isto por uns quinze minutos antes de entrar no palco. Era um som incrível, especialmente saindo das caixas de som, todo desconjuntado. A gente tinha uma tábua de lavar roupa com microfones. Então Iggy calçava sapatos de golfe e subia na tábua de lavar e ficava meio que arrastando os pés por ali. A gente pôs microfones nos galões de sessenta litros de óleo (...) usou dois martelos como baquetas. Peguei emprestado até o aspirador de pó da minha mãe porque o som parecia o de um motor a jato. Sempre adorei aviões a jato.
A influência do glitter rock era visível nas caracterizações dos artistas da época. Para essa primeira apresentação, Iggy se vestiu com um "grande camisolão" que ia até os tornozelos, pintou a cara de branco, raspou as sobrancelhas e colocou uma peruca de folha de alumínio torcida. Scott Asheton, o baterista da banda, conta que veio daí o apelido Iggy Pop (id.):
Nós tínhamos um amigo chamado Jim Pop (...) que havia perdido quase todo o cabelo, incluindo as sobrancelhas. Por isso, (...) a gente começou a chamá-lo de Pop. (...) Iggy começou a suar e aí descobriu pra que servem as sobrancelhas. Perto do fim do show, os olhos dele estavam totalmente inchados por causa de todo aquele creme e purpurina.
Contemporâneos dos Stooges o MC5 era uma banda marcada pelo radicalismo político. Musicalmente, este grupo não apresentava muita inovação (o que ficava por conta dos Stooges), mas seu surgimento foi importante para firmar o que viria a ser a característica de muitas bandas de punk rock: a crítica de oposição ao governo.
O MC5 tocou na convenção do Partido Democrata em Chicago, em 1968, mas foram expulsos do local por policiais. Na época, ele viviam em repúblicas estudantis que pareciam "comunas vikings", onde todos liam o Livro Vermelho de Mao Tse-Tung. Eles faziam parte do movimento dos Panteras Brancas, que, apesar da política de revolução, também cultivavam uma postura sexista, de submissão das mulheres.
Outros artistas que também contribuíram para a formação da identidade punk foram Patti Smith e os New York Dolls.
Inicialmente envolvida apenas com a poesia, Patti Smith foi uma das primeiras a circular por Nova Iorque com roupas e cortes de cabelo diferentes. Uma grande admiradora de Rimbaud, ela também poderia ser uma das precursoras da ideologia punk do it yourself (faça você mesmo), já que, em muitos casos, improvisava seus versos durante as apresentações de poesia.
O New York Dolls adaptou o exagero do visual e da androginia glitter até mesmo na sua denominação - dolls=bonecas, enquanto sua música minimalista ganhava cada vez mais admiradores. Eles passaram a fazer shows na Inglaterra, onde imprimiram um som contrário ao progressivo que dominava o cenário do rock na época.
Em 1975, Legs McNeill junta-se a dois amigos que tinham o projeto de fundar uma revista, a qual ele chamou Punk. Nas palavras do próprio autor, “‘punk’ pareceu ser o fio que conectava tudo que a gente gostava – bebedeira, antipatia, esperteza sem pretensão, absurdo, diversão, ironia e coisas com um apelo mais sombrio”.(id. p.222)
Assim, aquele estilo musical que se definia no cenário norte-americano desde 1971, recebeu um nome. E a partir do ano do surgimento da Punk, a banda que sintetizaria o movimento também despontou no cenário norte-americano: os Ramones.
Rock em Três Minutos
O Ramones formou-se em 1974, em Nova York, quando as “canções de dois minutos e meio” de Joey (vocal), Johnny (guitarra) e Dee Dee (baixo) começaram a chamar atenção na emergente cena punk.

A denominação “Ramones” veio do baixista DeeDee, a partir de uma referência a Paul McCartney, que nos primeiros anos da carreira dos Beatles, usava o codinome “Ramon”. O mesmo costume foi adotado para os integrantes da banda, que recebiam o sobrenome Ramone.
Em 1976, com o baterista Tommy Ramone já incluído na banda, os Ramones ocupavam lugar de destaque no cenário musical, com canções como Beat on the Brat, Blitzkrieg Bop e Now I Wanna Sniff Some Glue. Assim, neste mesmo ano o grupo viajou à Inglaterra, injetando ao nascente movimento punk deste país o mesmo estímulo do cenário norte-americano. Ainda em 1976, Ramones Leave Home, o segundo álbum da banda, foi lançado.
A partir desta época, a banda fazia turnês incessantemente. Para os próximos lançamentos, o Ramones “suavizou” sua sonoridade. Músicas como Sheena is a Punk Rocker e Rockaway Beach foram incluídas em Rocket to Rússia, o terceiro álbum, de 1977 – em que também está presente a balada Here Today, Gone Tomorrow. Nesta época, Tommy deixou o grupo, preferindo a atividade de produtor dos Ramones.

Tommy foi substituído por Marc Ramone; seu primeiro disco com a banda, Road to Ruin, foi o primeiro a conter somente doze canções e durar mais de uma hora e meia. Este álbum não teve muita aceitação por parte do público, apesar dos esforços de divulgação – nem mesmo o lançamento simultâneo do filme Rock’n’Roll High School trouxe prestígio a esse disco.
Nos anos 80, os Ramones tentaram maior apelo comercial com o lançamento de End of the Century e Pleasant Dreams, mas essa tentativa mostrou-se ilusória. A energia dos anos 70 voltou no disco lançado em 1984, Too Tough to Die, O baterista Marky Ramone havia deixado o grupo nesta época, sendo substituído por Richie Ramone, mas em 1987, Marky retornou ao grupo.
Em 1989, os Ramones ganham grande exposição com a música Pet Sematary, trilha sonora de um filme de Stephen King. No entanto, essa mesma época marca uma das substituições mais significativas da banda: Dee Dee Ramone, o “punk mais verdadeiro” do grupo, sai para tocar com o Chinese Dragons. Em seu lugar, entrou C.J. Ramone; essa substituição trouxe uma “energia juvenil” ao som da banda, mas a saída de Dee Dee foi muito sentida pelos fãs e pelos próprios integrantes do Ramones.

Nos anos 90, a presença do Ramones no cenário do rock, assim como do punk rock em geral, foi sendo subjugada pela exposição de grupos representante de outros estilos. O derradeiro álbum, Adios Amigos, é de 1995.
O Ramones foi fundamental para definir os contornos do punk rock e seus descendentes, constituindo referência para vários grupos que despontaram no cenário do rock nas últimas décadas. Em 15 de abril de 2001, Joey Ramone morre em um quarto de hospital, depois de seis anos com um câncer linfático. Sua morte representou uma perda irreparável para o rock em geral.
Anarquia para o Rock’n’roll
A expansão do punk rock para a Inglaterra (vide o sucesso dos Dolls naquele país) provocou o surgimento de grupos como Sex Pistols e The Clash. Os primeiros surgiram em 1975, mas seu primeiro single, Anarchy em the U.K. foi lançado um ano depois, quando fecharam contrato com o maior selo da Inglaterra, a EMI.
Anarchy in the U.K. caracterizou-se pelo ataque à tradição a à autoridade, comuns na estética punk. Os integrantes da banda freqüentemente incitavam a platéia de seus shows, como pode ser exemplificado com a frase do vocalista Johnny Rotten a uma platéia em abril de 1976 : “‘Eu aposto que vocês não nos odeiam com a mesma intensidade com que nós odiamos vocês!’” (Friedlander, 2002, p. 356)
The Clash começou em julho de 1976, depois que Joe Strummer viu uma apresentação dos Pistols e decidiu formar uma banda, que “transcendeu” a simplicidade e agressividade do punk. O Clash envolveu-se com o ativismo político, criticando o imperialismo e o racismo e influenciou-se por outros ritmos, como o reggae.
A Diluição do Punk
O caráter de adaptação do punk rock ao mainstream, no qual o Clash foi um dos representantes, formou uma nova tendência que tomou conta do cenário musical da década de 80: a new wave. Esta definição foi inventada pela imprensa, para designar a fusão do punk e a música pop, em que elementos de um e outro encontraram-se na sonoridade de um mesmo grupo (ou artista solo).
As letras destes grupos adotavam a atitude punk de crítica à sociedade, mas sem o elemento de choque. O visual e a performance de palco também foram resgatados do punk.
As bandas inglesas da primeira síntese da new wave foram o Police, o Jam, Billy Idol, Joe Jackson e o Pretenders (que contava com a cantora norte-americana Crissie Hynde). Um dos principais artistas desta onda, que influenciou outros posteriormente, foi Elvis Costello. Ele foi um dos que passaram a utilizar os sintetizadores em suas composições.
Programador de computadores, vivendo com mulher e filho no subúrbio, ele nutria aspirações artísticas e compunha com a ajuda de um Fender Jazzmaster. Descoberto por um caçador de talentos, se tornou da noite para o dia a nova atração do rock inglês (com o grupo The Attractions). (MUGGIATI, 1985, p. 87)
Nos Estados Unidos, a new wave também se desenvolveu, com os grupos Talking Heads, Cars, Devo, B-52 e o Blondie – o grupo da vocalista Debbie Harry e um dos mais representativos deste estilo. O Blondie, junto com o Pretenders, representou a ascensão feminina no rock.
Em 1980, a fusão punk-pop “estava apenas florescendo nas rádios; em poucos anos, entretanto, ela teria proliferado e invadido a mídia. O ingrediente-chave do sucesso da new wave era a ligação da música com o vídeo...” (FRIEDLANDER, 2002, p. 369) A institucionalização dessa dinâmica se deu com o nascimento da MTV, em 1981. Esse canal de televisão passou a divulgar videoclipes da mesma forma que as rádios executavam as músicas, sendo que o papel de apresentador, desempenhado pelos VJ’s, tomou o lugar dos DJ’s. Assim, com a MTV, a new wave encontrou um instrumento eficaz para sua divulgação, mas a música comercial logo tomou conta da programação do canal.
Antes de continuar descrevendo o cenário dos anos 80, é preciso voltar um pouco no tempo, quando a dance music surgiu (em meados de 1970) entre os menos radicais, que não se encaixavam na estética punk. Entre os ícones da época, estão grupos como os Bee Gees e o Abba, a primeira banda sueca a fazer sucesso fora do país. Outros artistas também passaram a fazer parte do cenário, como Diana Ross e Olívia Newton-John.
Entretanto, os mega astros Michael Jackson e Maddona foram os que realmente trouxeram ao pop uma verdadeira “força impulsionadora” para os anos 80, realizando a fusão da dance music com outros elementos que se relacionassem à dança, ao movimento.
Conhecido anteriormente, quando ainda era um astro infantil (integrante do Jackson 5), Michael gravou seu nome através da dança, os vídeos de suas apresentações ao vivo e também os rumores em torno de sua vida pessoal. O álbum Thriller, de 1982, foi o disco mais vendido da história da música, com mais de 40 milhões de cópias.
Thriller era um prato cheio para o mainstream do pop/rock: um talentoso compositor e contador de histórias; um dançarino perfeito e inovador, que criou um estilo de dança combinando imagens de hip hop, Broadway e discoteca (incluindo o moonwalk), músicas com batidas bem marcadas; uma composição de músicas rápidas e baladas; participações dos astros contemporâneos Paul McCartney (...) e Eddie Van Halen... (FRIEDLANDER, 2002, p. 378)
Enquanto Jackson refletia sua importância através da síntese entre “discoteca, funk e hip hop”, Maddona ascendeu nesta mesma época provocando polêmica com temas como “raça, sexismo, atividade sexual, orientação sexual e poder”. Ela também percebeu a força dos videoclipes como instrumento promocional para seus discos e passou a explorar imagens que provocavam discussões morais.
Maddona aparece em Like a Virgin em uma camisola branca nupcial, mas seus movimentos são eróticos. Quem é ela, virgem ou prostituta? É Marilyn Monroe? As roupas que ela veste nos shows são um mero modelito prostituta ou ela está redefinindo a moda e o poder sexual? (id. p. 379)
QUANTO MAIS ALTO MELHOR
Enquanto astros do pop tomavam conta do cenário musical, o heavy metal também se expandiu, até chegar à virada 1980/90 com uma profusão de subgêneros. A junção do hard rock e o metal tradicional tornaram esse gênero o mais popular da década. No fim da década de 70, surgiram grandes grupos de metal inglês, que se firmariam pós-1980, como Iron Maiden, Samson, Def Leppard, Motorhead e Saxon - produtos da New Wave of British Heavy Metal, liderada pelo Judas Priest.
As bandas de heavy metal consistem geralmente em bateria, baixo e uma ou duas guitarras, mas a partir de 80, bandas como Van Halen ampliaram seu som com o uso de teclados e sintetizadores. Outra característica comum a essas bandas era a energia dos integrantes no palco, como pode ser verificado com os shows do Iron Maiden (donzela de ferro), que recebeu esse nome em alusão a um instrumento de tortura medieval. Depressão e juízo final, entre outros, são assuntos comuns nas canções da banda - o último disco, Brave New World, leva o nome da clássica obra de Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo, que constitui uma fantasia sobre a humanidade no futuro. O vocalista, Bruce Dickinson (que havia se separado do grupo em 1992 e voltou quase dez anos depois) também conta com uma bem-sucedida carreira solo. A alquimia figura entre seus temas favoritos, sendo que um de seus discos chama-se Chemical Wedding.
O Iron Maiden constitui uma das bandas mais queridas dos críticos de heavy metal em geral. Na época em que Dickinson deixou a banda, porém, o vocalista que o substituiu, Blaze Bailey, foi alvo de muitas críticas negativas, tanto por parte dos fãs quanto desses mesmos críticos. Atualmente, o Iron Maiden conta com três guitarristas em sua formação, já que o antigo guitarrista, Adrian Smith, voltou ao grupo junto com Bruce Dickinson.
O Def Leppard surgiu como um grupo de heavy metal, mas passou a utilizar efeitos especiais que o desligaram deste gênero, mudando seu estilo. Em meados da década de 80, o sucesso do Guns’n’Roses demonstrou a forte presença do metal; no início, o metal era um estilo “cult”, como compara Friedlander (2002), mas acabou por ampliar seu apelo, inserindo-se no mainstream.
A presença de palco de Axl Rose, vocalista do Guns’n’Roses, era marcante por seu estilo de cantar e se movimentar durante as apresentações ao vivo. Appetite for Destruction, de 1987, representou a mistura do hard rock com a emocionalidade do blues. Após a separação da banda, só restou Axl Rose da formação original. A apresentação do Guns no último Rock in Rio, em 2001, mostrou que ainda existem muitos fãs da antiga fase. Apesar de músicas como Sweet Child O’ Mine e Welcome to the Jungle agitarem a platéia, atualmente a presença do Guns’n’Roses é bem menor.
Outro estilo do metal que despontou na década de 80 foi o speed metal. Segundo Friedlander, o exemplo mais bem sucedido dessa tendência foi o Metallica – banda que combinou um destacado trabalho de guitarra com execuções rápidas e sincronizadas. Com a profusão de estilos do heavy metal, entretanto, categorizar uma banda tornou-se tarefa difícil; muitos críticos e até mesmo fãs do Metallica poderiam classificar a banda como uma representante do thrash metal.
O speed metal também contou com a representatividade do guitarrista sueco Yngwie Malmsteen. Seus solos, marcados por velocidade e precisão, refletem a influência do guitarrista na música clássica; na juventude, Malmsteen estudou violão clássico e piano.
Um dos maiores expoentes para o thrash são os integrantes do Sepultura – banda brasileira de grande repercussão no exterior. Os vocais rosnados e o peso da guitarra e bateria caracterizam o som dessa banda, formada no início dos anos 80, influenciada por Black Sabbath e Venom. Quando Max Cavalera saiu da banda, em 1997 (para formar o Soulfly), um novo vocalista foi adicionado ao grupo – o norte-americano Derrick Green. Embora muitos ainda sintam a falta de Max, Derrick provou ser um bom substituto.
O heavy melódico foi outra vertente deste gênero que cresceu nos anos 80, expandindo-se na década seguinte, inclusive com a presença de bandas brasileiras – que se aproveitaram da aceitação do Sepultura no exterior para ampliar seu mercado.
Bandas como Helloween e Gamma Ray (Alemanha), Raphsody (Itália), Viper e Angra (Brasil) são algumas das representantes do metal melódico, caracterizado por músicas de melodias fortes, vocais de tons “operísticos” e virtuosismo com as guitarras. A influência erudita também é detectada em alguns desses grupos, como os brasileiros citados.
O Viper retrata o início da profusão do metal melódico no Brasil. O último disco com participação do vocalista André Matos, Theatre of Fate, é de 1986. Após esse álbum, Matos sai com a desculpa de estudar para ser maestro e forma o Angra – banda de grande repercussão no Brasil e no exterior. O Japão, principalmente, mostrou-se um bom mercado para os grupos de heavy metal melódico, especialmente para o Angra.
Apesar de encontrar-se alheio à música eletrônica, o heavy metal também sofreu a influência desta “febre” dos anos 90. Assim surgiu o chamado alternative metal de bandas como Korn, Soulfly e Limp Bizkit, que além das batidas eletrônicas, utilizam linhas vocais “sincopadas”, como o hip hop e guitarras heavy metal.
O Estilo Certo na Hora Certa
Como explica o jornalista André Barcinski, “no início dos anos 80, Nova York criou um monstro: o hardcore”. As bandas que despontaram nesse cenário eram ligadas a gravadoras independentes, fanzines e shows em clubes locais, quando passaram a ganhar atenção do público. As músicas caracterizavam-se por serem “simples”, contrárias ao virtuosismo do heavy metal – gênero de forte presença naquela década.
Bandas como Murphy’s Law, Sheer Terror e Agnostic Front são algumas que surgiram neste cenário. Esta última destacou-se como a pioneira do hardcore em Nova York, quando passou a lotar os clubes da cidade.
O Agnostic Front formou-se em 82, quando algumas bandas de Los Angeles e San Francisco (Black Flag e Dead Kennedys, respectivamente) já configuravam o cenário, influenciadas pelo punk. O som da banda caracterizava-se pela velocidade dos riffs. Em 1986, com o disco Cause For Alarm, o grupo inaugura o gênero crossover, que misturava thrash metal com hardcore.
Experiências pessoais e o retrato da vida de pessoas comuns são temas recorrentes ao Agnostic Front. Em 1992, o baixista Craig Setari afirmou que “acredita na música como instrumento de politização e de conscientização”, assim como os outros integrantes da banda.
O movimento hardcore, entretanto, não resistiu ao tempo; como destaca André Barcinski: “o tempo passou, o público se subdividiu em facções de gostos e tendências variadas”. A violência dos shows foi um dos fatores para que estes deixassem de ser agendados e muitas bandas acabarem. No entanto, em fins da década de 80, nasceu um novo gênero, derivado da cena hardcore, que viria a representar um fenômeno para os anos 90: o grunge.
Bandas como Mudhoney, Melvins, Tad, Soudgarden, L7 e a principal delas, Nirvana, representavam o chamado “som de Seattle”, já que esta cidade caracterizou-se como o “local de nascimento” de muitas bandas de rock nos anos 90. O Pearl Jam, ainda hoje em atividade, também derivou-se deste som.
A gravadora Sub Pop foi a catalizadora da cena grunge, apesar de ter perdido grande parte das bandas para gravadoras maiores já em 1992. Um dos fundadores, Bruce Pavitt, credita o surgimento das bandas de Seattle “ao bom nível sócio-econômico dos garotos da cidade, sem muitos problemas para comprar instrumentos ou discos”. Além disso, Pavitt aponta a existência de vários clubes de hardcore, que tornaram possível a um público jovem tomar contato com grandes bandas.
Nas palavras de Barcinski, o Mudhoney tornou-se a banda mais tradicional de Seattle, “musicalmente falando”.
A banda entra no palco, toca uma música, pára, decide qual a próxima música e detona. Nada armado, nenhum resquício de showbizz. São quatro caras, se divertindo tanto quanto os outros cem, duzentos ou cinco mil à sua frente. (BARCINSKI, 1992, p. 114)
Uma das bandas que excursionou com o Nirvana, o Tad caracteriza-se pelo som “bem barulhento”. Os riffs são meio lentos, “meio Black Sabbath” e as músicas são repletas de microfonia. Em 1992, o Tad era a terceira banda que mais vendia discos pela Sub Pop – atrás do Nirvana e do Mudhoney .
Mesmo que as bandas citadas sejam importantes para o grunge, o Nirvana tornou-se o representante mais importante para esse estilo e, na opinião de muitos críticos, músicos e fãs, uma das maiores bandas que já existiram.
“ Fede a Espírito Adolescente”
Kurt Cobain e Krist Novoselic encontram-se em sua cidade natal – Aberdeen, Washington – em 1985, quando resolveram formar uma banda. Kurt tocava bateria e Krist tocava baixo; as guitarras ficavam por conta de algum amigo que aparecesse para tocar.
Considerado o líder do Nirvana, desde criança Kurt falava que seria um astro de rock. Seu interesse por música veio desde cedo; sua tia Mary havia lhe dado um disco dos Beatles e seu tio Chuch, sua primeira guitarra. Ele começou a ter aulas na adolescência, quando se interessava por heavy metal e aprendeu a tocar Stairway to Heaven (Led Zeppelin) e Black in Back (AC/DC). Embora não afirmasse nas entrevistas, o primeiro show de rock da vida de Kurt foi o de Sammy Hagar (ex- Van Halen).

Mas foram as raízes punks e hardcore que definiram o som do Nirvana. Em meados da década de 80, bandas como os Melvins e Sonic Youth, atraíam muitos fãs, sendo que Kurt Cobain tornou-se um deles.

Em 1987, Cobain e Novoselic juntaram-se a Chad Channing, que ficou com o posto de baterista; Kurt tornou-se vocalista e guitarrista da banda. Logo, eles passaram a apresentar-se em festas e clubes fora de Aberdeen. A gravadora Sub Pop interessou-se pelo som do Nirvana e os contratou; o primeiro disco, Bleach, saiu em 1989.

O nome original de Bleach era Too many humans; a mudança definitiva foi inspirada em um cartaz de prevenção à AIDS em San Francisco: “Bleach your works”, algo como “desinfete suas agulhas”. Este álbum foi produzido por apenas seiscentos dólares; os integrantes do Nirvana tinham muitos problemas para conseguir dinheiro, viviam arrumando empregos temporários ou vendendo objetos pessoais. Kurt, mais de uma vez, chegou a morar dentro do carro.
Ainda antes do lançamento do segundo disco, em 1991, Kurt já apresentava problema com as drogas, o que percorreria toda a trajetória do Nirvana. Segundo Kurt, a heroína (que havia experimentado um ano antes) o ajudava a fugir de suas dores de estômago, que o atormentavam.

Quando Nervermind foi lançado, Chad Channing já havia sido substituído por Dave Grohl, ex-baterista da Scream. Finalmente, Kurt e Krist haviam encontrado na fúria da bateria de Grohl, o elemento fundamental para fazer a “magia do Nirvana funcionar”. Este ano, Nevermind tirou o disco Dangerous, de Michael Jackson, do topo das paradas americanas, enquanto seguia-se a deterioração física e metal de Cobain,

Transformado em hino grunge, Smells like teen spirit, (na época veiculado incessantemente pela MTV), é uma das canções de Nevermind. Esta expressão significa “fede a espírito adolescente” e constava de uma pichação nas paredes do quarto de Cobain. Para essa composição, ele se inspirou em Tobi Vail, uma antiga namorada que usava um perfume chamado “Teen Spirit”.
Nesta época, o Nirvana já havia alcançado grande popularidade; eles eram chamados para muitas entrevistas e acabaram por realizar uma apresentação no programa “Saturday Night Live”. No entanto, quanto mais fãs do Nirvana surgiam (e quanto mais shows ele faziam), mais Kurt Cobain isolava-se em seu próprio mundo, induzido pelas drogas.
A gravação do terceiro álbum do Nirvana foi adiada, devido a problemas de saúde de Kurt; ele foi hospitalizado várias vezes com problemas crônicos de estômago. Em 1991, a banda havia assinado contrato com a Geffen Records, que lançou no ano seguinte Incesticide, uma compilação de lados B do grupo. Esse álbum serviu para aplacar a ansiedade dos fãs, que aguardavam por material novo do Nirvana.
Em 1993, finalmente é lançado In Utero, terceiro disco do Nirvana. Para as letras das canções desse álbum, Kurt inspirou-se em sua família, da qual já faziam parte Courtney (eles se casaram em 1992) e sua filha Frances. A música Heart-Shaped Box originou-se de uma caixa de papel de seda que Courtney havia lhe dado logo que se conheceram. Em setembro deste mesmo ano, o Nirvana seguiu por uma turnê de três meses pela América do Norte, além de gravar o MTV Acústico.
In Utero constitui o trabalho preferido de Novoselic, assim como o de muitos críticos. Imagens de nascimento, morte, sexualidade e vício são retratadas nas músicas desse disco. A letra de Milk It reflete alguns desses elementos: “Her milk is my shit/My shit is her milk” (“O leite dela é minha droga/ Minha droga é o leite dela”). Em outro verso desta canção, vem a alusão a um tema que passava pela cabeça de Kurt desde o colegial: “Look, on the bright side is suicide” (“Olhe, no lado bom está o suicídio”) (CROSS, 2002, p. 323)
Depois do lançamento do terceiro disco, o Nirvana embarcou para uma turnê pela Europa no início de 1994, apesar de Cobain encontrar-se cansado das viagens - em Roma, ele tem uma overdose e as apresentações da banda são canceladas em fevereiro.
Ao voltar para os Estados Unidos, Kurt Cobain foi internado em um clínica de reabilitação em Los Angeles. Tentativas posteriores já haviam sido frustradas (como na época em que sua filha nasceu) e essa não foi diferente. No dia 1º de abril ele foge da clínica e se esconde na estufa de sua casa, em Seattle. Depois de uma semana sem que ninguém de sua família ou da banda soubesse do seu paradeiro, ele é encontrado morto, com a marca de um tiro de espingarda auto infligido contra o céu de sua boca. A autópsia encontrou altos níveis de tranqüilizantes e heroína no sangue de Kurt, que dificilmente o manteriam vivo mesmo que ele não tivesse atirado em si mesmo. “Kurt conseguira se matar duas vezes, usando dois métodos igualmente fatais.” (id. p. 411)
Neste dia, Courtney encontrava-se em tratamento para sua dependência química em uma clínica; mais tarde, ela leria partes do bilhete de suicídio para os fãs do Nirvana, que como ela, estavam inconsoláveis:
Faz muitos anos agora que não sinto entusiasmo ao ouvir ou fazer música, bem como ao ler e escrever. (...) Por exemplo, quando estamos nos bastidores e as luzes se apagam e o rugido maníaco da multidão começa, isso não me afeta do modo que afetava a Fred Mercury, que parecia amar, saborear o amor e a adoração da multidão. (...) Obrigado a todos do fundo do poço do meu nauseado e ardente estômago por suas cartas e preocupações nos últimos anos. (...) Não tenho mais a paixão e, portanto, lembrem-se, é melhor queimar do que se apagar aos poucos. (id. p. 403)
Krist também divulgaria uma mensagem para os fãs, em que pedia a todos que se lembrassem de Cobain pelo que ele sempre foi, “afetuoso, generoso e terno” e que guardassem a música do Nirvana: “nós a teremos para sempre conosco”.



Continua...

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...