Não Quero Ser Mais Um Palhaço

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in | Posted on 19:06


«Não sei que Vidas vivi. Senti-me sempre um Palhaço. Como se uma Legião Oculta tivesse tido a ousadia de comandar todos os sectores que me pertenciam à nascença. Um dia, veio um Turbilhão, que se transformou num Holocausto e levou o que restava do Palhaço. Quebrou todos os risos, todos os sonhos, e o pior, a inocência que fazia mover esta engrenagem que me levava pela mão adentro em direcção ao mundo. Onde todos os lugares me pertenciam a bem ou a mal. 

Essa podridão, quebrou todos os códigos para que pudesse cheirar o seu Fel, e como tal, viesse a feder tanto, que nenhum congénere se aproximasse desta Criatura. Levando, então, essa marca, insígnia prosaica que denunciava o castigo; essa a qual não deveria ter sido submetida, por não me pertencer.

O resto do Palhaço que me habitava, vive vomitando os vermes. Coça noite adentro, cujo abismo é feito de pesadelos. Pesadelos que viajam até ao reino interdito aos comuns dos mortais. Posto que, outorgaram-me um destino vil, ácido e contra-corrente.

Hoje em dia, chamam-me de Palhaço Negro. Pareço um pedaço de carvão. 

Talvez, a Fénix, seja condescendente e me doa a Vida, mais uma vez.»

NãoSouEuéaOutra in «Caderno Escorpiónico»


Esse Esperar

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in | Posted on 18:34



És o Fogo da escrita; a Lenda da Vida. Estou no Cais esperando o retorno à Linguagem da minha Mátria. Trago-te memória adentro, como o mais belo ritual. Sobre ti depositei a Terra, como último gesto do meu Amor. Um amor de outras paragens. De Ti, só as mais belas manifestações podem nascer.

NãoSouEuéaOutra in «Cadernos de Afrodite»

Os demônios do Demônio

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , | Posted on 17:23



 Os demônios do Demônio 
  -
Eduardo Galeano*

Esta é uma modesta contribuição à guerra do Bem contra o Mal. O autor coloca alguns "identikits" que nos ajudam identificar os diversos semblantes do Príncipe das Trevas. Neste conjunto só estão os demônios que existem há muito, muito tempo, e que há séculos ou milênios continuam ativos no mundo. 


O Demônio é muçulmano 

Dante já sabia que Mahona era terrorista.  Por alguma razão o colocou em um dos círculos do inferno, condenado à pena de prisão perpétua. "O vi partido", celebra o poeta da Divina Comédia, "desde a barba até a parte inferior do ventre...". 

Mais de um Papa já tinham comprovado que as hordas muçulmanas, que atormentavam a cristandade, não eram formadas por seres de carne e osso, eram um grande exército de demônios que aumentava quanto mais sofria com os golpes das lanças, das espadas e dos arcabuzes. 

Hoje em dia, os mísseis fabricam muito mais inimigos que os inimigos das entranhas. Porém, que seria de Deus, afinal de contas, sem inimigos? O medo impera, as guerras existem para desbaratar o medo. A experiência prova que a ameaça do inferno é sempre mais eficaz que a promessa do Céu. Benditos sejam os inimigos. Na Idade Média, cada vez que o trono tremia, por bancarrota ou fúria popular, os reis cristãos denunciavam o perigo muçulmano, desatavam o pânico, lançavam uma nova Cruzada, o santo remédio. Agora, há pouco tempo, George W. Bush foi reeleito presidente do planeta graças o oportuno aparecimento de Bin Laden, o grande Satã do reino, que as vésperas das eleições anunciou, pela televisão, que ia comer todas as crianças.  

Lá pelo ano de 1564, o especialista em demonologia Johann Wier teria contado os demônios que estavam trabalhando na terra, a tempo integral, a favor da perdição das almas cristãs.  Eram sete milhões quatrocentos e nove mil cento e vinte sete, que agiam divididos em setenta e nove legiões.

Muita água fervente passou, depois daquele censo, debaixo das pontes do inferno. Quantos são, hoje em dia, os enviados do reino das trevas? As artes do teatro dificultam as contas. Estes falsos continuam usando turbantes, para ocultar seus cornos, e longas túnicas tampam os rabos do dragão, suas asas de morcego e a bomba que carregam debaixo do braço.

O Demônio é judeu 

Hitler não inventou nada. Há mil anos, os judeus são os imperdoáveis assassinos de Jesus e os culpados de todas as culpas.  

Como? Jesus era judeu? E judeus eram também os doze apóstolos e os quatro evangelistas? O quê você disse? Não pode ser. As verdades reveladas estão além das duvidas e não exigem mais evidencias do que a própria existência. As coisas são como se diz que são, e se diz porque se sabe: nas sinagogas o Demônio dá aulas e os judeus desde há muito se dedicam a profanar hóstias e a envenenar águas bentas. Por causa deles aconteceram bancarrotas econômicas, crises financeiras e derrotas dos militares; são eles que trouxeram a febre amarela e a peste negra e todas as outras pestes.  

A Inglaterra os expulsou, nenhum escapou, no ano de 1290, porém isso não impediu Chaucer, Marlowe e Shakespeare, que nunca tinham visto um judeu, fossem obedientes à caricatura tradicional e reproduzissem personagens judeus segundo o modelo satânico de parasita sanguessuga e o avaro usurário.

Acusados de servir ao Maligno, estes malditos andaram durante séculos de expulsão em expulsão e de matança em matança.Depois da Inglaterra foram sucessivamente expulsos da França, Áustria, Espanha, Portugal e de numerosas cidades suíças, alemães e italianos. Os reis católicos Izabel e Fernando expulsaram os judeus e também os muçulmanos porque sujavam o sangue. Os judeus haviam vivido na Espanha durante treze séculos.  Levaram com eles as chaves de suas casas. Há quem as guardem ainda. Nunca mais voltaram.  

A colossal carnificina organizada por Hitler culminou uma longa historia de perseguição e humilhação. 

A caça aos judeus tem sido sempre um esporte europeu. 

Agora, os palestinos que jamais a praticaram, pagam a culpa.

O Demônio é mulher.  

O livro Malleus Maleficarum, também chamado O martelo das bruxas (El maritllo de lãs brujas) recomenda o mais ímpio exorcismo contra o demônio que tem seios e cabelos compridos.  

Dois inquisidores alemães, Heinrich Kramer e Jakob Sprenger o escreveram, a pedido do Papa Inocêncio VIII, para enfrentar as conspirações demoníacas contra a Cristandade. Foi publicado pela primeira vez em 1486 e até o final do século XVIII foi o fundamento jurídico e teológico dos tribunais da Inquisição em vários países. Os autores afirmavam que as bruxas, do harém de Satanás, representavam as mulheres em estado natural: "Toda a bruxaria provem da luxuria carnal que nas mulheres é insaciável". E demonstravam que "esses seres de aspecto belo, cujo contato é fétido e a companhia mortal" encantavam os homens e os atraiam com silvos de serpentes, rabos de escorpião para aniquilálos. 

Os autores advertiam aos incautos: "A mulher é mais amarga que a morte. É uma armadilha. Seu coração, uma rede e correias, seus braços". Este tratado de Criminologia, que enviou milhares de mulheres às fogueiras da Inquisição, aconselhava que todas as suspeitas de bruxaria fossem submetidas a tortura. Se confessassem mereceriam o fogo. Se não confessassem também porque só uma bruxa, fortalecida por seu amante o Demônio nos conciliábulos das bruxas podia resistir a semelhante suplicio sem soltar a língua.  

O papa Honório III sentenciara que o sacerdócio era coisa de machos: - As mulheres não devem falar. Seus lábios têm o estigma de Eva que provocou a perdição dos homens. 

Oito séculos depois, a Igreja Católica continua negando o púlpito às filhas de Eva. 

O mesmo pânico faz os mulçumanos fundamentalistas as mutilem o sexo e lhes cubram a cara. 

E o alivio pelo perigo conjurado leva os judeus mais ortodoxos a começar o dia sussurrando: "Graças, Senhor, por não me ter feito mulher".


O Demônio é homossexual 

Desde 1446, os homossexuais iam para a fogueira em Portugal.  Desde 1497 eram queimados vivos na Espanha. O fogo era o destino merecido pelos filhos do inferno, que surgiam do fogo.

Na América, ao contrário, os conquistadores preferiam jogá-los aos cachorros. Vasco Núnez de Balboa que entregou muitos deles para a refeição dos cães, acreditava que a homossexualidade era contagiosa. Cinco séculos depois, ouvi o Arcebispo de Montevidéu dizer o mesmo. Quando os conquistadores apontaram no horizonte, só os astecas e os incas, em seus impérios teocráticos, castigavam a homossexualidade com a pena de morte. Os outros americanos a toleravam e em alguns lugares a celebravam, sem proibição ou castigo. 

Esta provocação insuportável devia desencadear a cólera divina. Do ponto de vista dos invasores a varíola, o sarampo e a gripe, pestes desconhecidas que matavam índios como moscas, não vinham da Europa, mas sim do Céu. Assim, Deus castigava a libertinagem dos índios que praticavam a anormalidade com toda a naturalidade.  

Nem na Europa, nem na América, nem em nenhum lugar do mundo se levou em conta os muitos homossexuais condenados ao suplicio ou a morte pelo delito de sê-lo. Nada sabemos dos longínquos tempos e pouco ou nada sabemos dos tempos de agora. 

Na Alemanha nazista, estes "degenerados culpados de aberrante delito contra a natureza" eram obrigados a exibir a estrela amarela. Quantos foram para os campos de concentração? Quantos lá morreram? Dez mil cinqüenta mil? Nunca se soube. Ninguém os contou, quase ninguém os mencionou. Tampouco se soube quantos foram os ciganos exterminados. 

No dia 18 de setembro de 2002, o governo alemão e os Bancos suíços resolveram "retificar a exclusão dos homossexuais entre as vitimas do Holocausto". Levaram mais de meio século para corrigir essa omissão. A partir dessa data os homossexuais que tinham sobrevivido em Auschwitz e em outros campos, se é que ainda haja algum vivo, puderam reclamar uma indenização.


O Demônio é índio  

Os conquistadores descobriram que Satã, quando expulso da Europa tinha encontrado refugio na América. Nas ilhas e nas praias do mar do Caribe, beijadas dia e noite por seus lábios flamejantes, habitadas por seres bestiais que andavam nus, tal como o Demônio os havia colocado no mundo, que cultuavam o sol, a terra, as montanhas, os mananciais e outros demônios disfarçados de deuses, que chamavam de jogo ao pecado carnal e o praticavam sem horário nem contrato, que ignoravam os dez mandamentos e os sete sacramentos e os sete pecados capitais, que não conheciam a palavra pecado nem temiam o inferno, que não sabiam ler nem tinham nunca ouvido falar do direito de propriedade, nem de nenhum direito e que, como se tudo isso fosse pouco, tinham o costume de comerem uns aos outros. E crus. 

A conquista da América foi uma longa e difícil tarefa de exorcismo. Tão arraigado estava o Demônio nestas terras, que quando parecia que os índios se ajoelhavam devotamente ante a Virgem, estavam na realidade adorando a serpente que ela amassava com o pé, e quando beijavam a Cruz não estavam reconhecendo ao Filho de Deus, mas estavam celebrando o encontro da chuva com a terra. 

Os conquistadores cumpriram a missão de devolver a Deus o ouro, a prata e outras várias riquezas que o Demônio havia usurpado. Não foi fácil recuperar o tesouro. Ainda bem que de vez em quando recebiam alguma pequena ajuda de lá de cima. Quando o dono do inferno preparou uma emboscada em um desfiladeiro, para impedir a passagem dos espanhóis em busca da prata de Cerro Rico de Potosi, um arcanjo baixou das alturas e lhe deu uma tremenda surra.
 

O Demônio é negro 
 
Como a noite, como o pecado, o negro é inimigo da luz e da inocência. 

Em seu célebre livro de viagens, Marco Pólo fala dos habitantes de Zanzibar. "Tinham uma boca muito grande, lábios muito grossos e nariz como o de um macaco. Caminhavam nus, totalmente negros e para quem de qualquer outra região que os visse acreditaria que eram demônios".

Três séculos depois, na Espanha, Lúcifer, pintado de negro, trepado numa carroça em chamas, entrava nos pátios das comédias e nos palcos da feiras. Santa Tereza de Jesus que viveu para combatê-lo, apesar disso nunca pode entendê-lo. Uma vez ficou ao lado e viu "um negrinho abominável". Outra vez ela viu que do seu corpo negro saía uma chama vermelha, quando se sentou encima de seu livro de orações e queimou os textos do oficio religioso.

Uma breve história do intercambio entre África e Europa: durante os séculos XVI, XVII e XVIII, a África vendia escravos e comprava fuzis. Trocava trabalho pela violência. Os fuzis punham ordem no caos infernal e a escravidão iniciava o caminho da redenção. Antes de serem marcados com ferro quente, na cara e no peito, todos os negros recebiam uma boa unção de água benta. O batismo espantava o demônio e dava alma a esses corpos vazios. Depois, durante os séculos XIX e XX, a África entregava ouro, diamantes, cobre, marfim, borracha e café e recebia Bíblias.Trocava produtos por palavras. Supunha-se que a leitura da Bíblia podia facilitar a viagem dos africanos do inferno para o paraíso, porém a Europa esqueceu de ensinálos a ler.

 
O Demônio é estrangeiro  

O "culpometro" indica que o imigrante vem roubar-nos o emprego e o "perigosimetro" acende a luz vermelha. Se for pobre, jovem e não for branco, o intruso, que veio de fora, está condenado, a primeira vista, por indigência, inclinação ao tumulto ou por ter aquela pele. De qualquer maneira, se não é pobre, nem jovem, nem escuro, deve ser mal recebido porque chega disposto a trabalhar o dobro em troca da metade.

O pânico diante da perda de emprego é um dos medos mais poderosos entre todos os medos que nos governam nestes tempos de medo. E o imigrante está sempre disponível para ser acusado como responsável do desemprego, da queda do salário, da insegurança pública e outras temíveis desgraças.


Antes a Europa distribuía para mundo soldados, presos e camponeses mortos de fome. Estes protagonistas das aventuras coloniais passaram à história como agentes viajantes de Deus. Era a Civilização lançada nos braços da barbárie.

Agora a viagem vai à contra-mão. Os que chegam, ou tentam chegar do sul em direção ao norte, não trazem nenhuma faca entre os dentes nem fuzil no ombro. Vêem de países que foram oprimidos até a última gota de seu sugo e não tem a intenção de conquistar nada além de um trabalho ou trabalhinho.Estes protagonistas das desventuras parecem, muito mais, mensageiros do Demônio. É a barbárie que toma de assalto a Civilização.

 
O Demônio é pobre 

Se lambem enquanto você come, espiam enquanto você dorme: os pobres espreitam. Em cada um se esconde um delinqüente, talvez um terrorista.

Os bens de poucos sofrem a ameaça dos males de muitos. Nada de novo. Tem sido assim desde quando os donos de tudo não conseguem dormir e os donos de nada não conseguem comer.

Submetidas a um acossamento durante milhares de anos, as ilhas da decência estão encurraladas pelos turbulentos mares da vida desgraçada. Rugem as ondas sucessivas que forçam viver em sobressalto perpétuo. Nas cidades de nosso tempo, imensos cárceres que prendem os prisioneiros ao medo, as fortalezas dizem ser casas e as armaduras simulam ser trajes.

Estado de sítio. Não se distraia, não baixe a guarda, desconfie: você está estatisticamente marcado, mais cedo ou mais tarde terá que sofrer algum assalto, seqüestro, violação ou crime.

Nos bairros malditos espreitam, ocultos, remoendo invejas, tragando rancores, os autores de sua próxima desgraça. São vagabundos, pobres diabos, bêbados, drogados, carne de cárcere ou bala, pessoas sem dentes sem rumo e nem destino.

Ninguém os aplaude, porém os ladrões de galinha fazem o que podem imitando, modestamente, os mestres que ensinam ao mundo as fórmulas do êxito. Ninguém os compreende, porém eles aspiram serem cidadãos exemplares, como esses heróis de nosso tempo que violam a terra, envenenam o ar e a água, estrangulam salários, assassinam empregos e seqüestram países. 

*Jornalista e escritor 
Tradução: Celeste Marcondes 
Outubro de 2005

Retirado de dominiotemporário


A Dor Que Se Faz Dentro

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , | Posted on 17:43


«Todos os fins são dolorosos. Todos sem excepção. Não há substitutos para a dor, seja ela qual for. Uns podem lidar melhor com ela, do que outros, e isso não implica que sejam fortes. Os que vão adiante, sem dor e com desprezo total e rindo-se das atrocidades que fazem, ou daqueles que ficam pelo caminho, são meros psicopatas (como é moda ser referido pela psicologia moderna). 

Todos os fins são dolorosos. Desde o fim de um amor, à morte de um ente próximo. Tudo aquilo que é preponderante e vital na vida, carrega sempre um preço: a dor. A dor, não tem contratos, ela é senhora do seu tempo, e é quem decidirá os termos da sua finitude.  Nessa medida, não adianta nossos jogos para tapá-la, porque tem um comportamento de Lobo vestido de Cordeiro. Há sempre uma hora que ela tira a máscara e grita das profundezas.

Um dia, toda a dor, se tornará tristeza. Um dia, muito tempo depois, ela renascerá numa saudade.»


NãoSouEuéaOutra in «Cadernos Escorpiónicos»



Toma Lá...

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , | Posted on 17:14



Não há Santas nem Pecadoras, há as Magníficas. Inteiras. Assim, Feias e Bonitas. Tudo num só pacote.

Merda Céu Aberto

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , | Posted on 13:11

Que merda que isto está! Uma grande merda a céu aberto. Com toda a certeza, e mais certeza que isso, não podia ser.


Entre Os Tempos, As Mentalidades

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , | Posted on 15:54


Entre um Tempo de Castração e um outro, de Libertinagem. Ambos, pólos do excesso. Nenhum nos fala da Liberdade.

Quase tudo, para não dizer tudo, é simbólico nesta fotografia. Onde muito se revela. A própria coluna que separa as realidades, é Fálica.

Muitas Vezes É ASSIM

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in | Posted on 15:45


Ora Esta #0001

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in | Posted on 18:57

Paulinho da Viola: tivemos a Idade Média, agora é a Idade Mídia.

Ventre e Sombra

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , , , | Posted on 17:43

Nasci da escuridão do Ventre, e Sombra me tornei neste mundo. Entre pesadas lutas internas e querendo respirar, assim a vida correu-me. Os outros, esses já nasceram com a vida feita, à sua espera. A vida (foi)é-lhes mansa, e na curva sempre um salvamento e um abraço.
Eu, nascida do Ventre Escuro, caí para a Lama e tornei-me Negra e Indesejada. Como se a Peste estivesse nos meus olhos e contaminasse tudo. Sou um Ser que poucos conheceram, e que raros souberam olhar. Os que olharam, apenas viram-se no espelho, e deslocaram os olhos da moldura. Essa moldura de que sou feita!

NãoSouEuéaOutra in  «Cadernos Escorpiónicos»


(...)Nenhum ser humano nasceu para ser segunda opção de ninguém, o "Plano B" como antídoto da solidão(...) - por cantodaboca

Histórias #01

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , | Posted on 14:19

Silêncio!

Essa História de Princípes Encantados

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , , , , , | Posted on 13:44

As mulheres têm fios desligados.

( excerto )

e pergunto-me se os homens gostam verdadeiramente das mulheres. Em geral querem uma empregada que lhes resolva o quotidiano e com quem durmam, uma companhia porque têm pavor da solidão, alguém que os ampare nas diarreias, nos colarinhos das camisas e nas gripes, tome conta dos filhos e não os aborreça. Não se apaixonam: entusiasmam-se e nem chegam a conhecer com quem estão. Ignoram o que ela sonha, instalam-se no sofá do dia a dia, incapazes de introduzir o inesperado na rotina, só são ternos quando querem fazer amor e acabado o amor arranjam um pretexto para se levantar (chichi, sede, fome, a janela de que se esqueceram de baixar o estore) ou fingem que dormem porque não há paciência para abraços e festinhas, pá, e a respiração dela faz-me comichão nas costas, a mania de ficarem agarradas à gente, no ronhónhó, a mania das ternuras, dos beijos, quem é que atura aquilo? 
Lembro-me de um sujeito que explicava:
- O maior prazer que me dá ter relações com a minha mulher é saber que durante uma semana estou safo e depois pegam-nos na mão no cinema, encostam-se, colam-se, contam histórias sem interesse nenhum que nunca mais terminam, querem variar de restaurante, querem namoro, diminutivos, palermices e nós ali a aturá-las.

António Lobo Antunes


Por isso, a NãoSouEuéaOutra, já não sonha e faz tanto tempo. Também, tanto tempo que não olha para um homem. O interesse se esfumou, virou pó. A vida, não permite e, também já não acredita. O Amor só é bom, quando há dois que se amam e compartilham a vida. 
Morreu o Homem, morreu o Sexo e, morreu o Amor, também com ele, o sonho! Porque a NãoSouEuéaOutra, enterrou-se. Hoje, vagueia pelo mundo. É uma Sombra de Verdade. Calada e pasmada!! Até as Palavras, vão perdendo a sua força.

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