Exorcismo
Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in As Palavras , Poesia | Posted on 19:09
NãoSouEuéaOutra
Ano 2008 – Maio
O teu riso tão lânguido
Caverna de um adormecido
Hibernado no meu sexo alternado
Voz da cachoeira do Diabo
Encarnação de Maria Madalena
Alma de contas, alongada de Ser
Terrestre minha sina amaldiçoada
Procuro no verso a malvadez para te torcer
No vómito te expurgar abençoada
Pela contradição negar todas as confissões
Na rosa dos tempos alcançar os corações
Deixar entumecer até à exaustão
Todos os gritos sem confusões
Baralhar o fio que costuras na ceguez
Atrapalhar o cio que nunca está prenhe de embriaguez
E, indo assim ao fundo do tempo arranhar
Toda a teia do lânguido intimidar
De quem me esqueço sem embarcar
O teu chorar tão assustado
Porta que não abre, porque cadeado
Vivente do fundo das Eras
Voz de alma maldita
Contradição da razão, morta a machado
Ferida não existente porque não grita
Mãos surdas, pés descalços
Terra fodida do sulco homem
Que nunca amanhecerá ao ventre do soluço
Ainda que diga na escuridão eternamente Amén
Tuas calças pobres, rotas de vidas
Trazem o sinal do desassossego da morte
Sexo desviado pela travessura garrida
Do qual teu lençol já manchou sem sorte
És tu, Grande Patrono, sem altar
Destinado à perene existência sem amar
Fodido até à crescente alucinação de não viver
A água da grande fortuna prenhe de classe chamada: Deus
Às vezes, tudo que queremos é apenas isso... apenas... um cair de máscaras, um levantar de queixo... um aprumo ali, outro aqui... mas a vida chega e aponta... como um amigo meu costuma dizer: "a vida é uma razão f***!".
Pois é.
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