Ser Humano - Human Be
Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in Consciência , Filosofia , Psicologia | Posted on 13:51
[TEXTO MUITO BREVE SOBRE A DEFINIÇÃO DE "HUMANO"]
Esboço filosófico - o que é ser humano?
O que é o ser humano?
A pergunta sobre o que seja isto de "humano" é muito antiga. Já os clássicos a colocavam e procuraram encontrar-lhe respostas.Todos nós supomos ter uma ideia mais ou menos clara sobre aquilo que é o humano. E podemos facilmente fornecer pistas ou mesmo uma ou outra definição mais ou menos complexa.
Contudo, se começamos a pensar no assunto ele enrola-se, torce-se e retorce-se, redobra-se, embrulha-se e vão-se-nos as certezas por terra.
Mas a questão é difícil não só pelo aspecto mais evidente, o de que é difícil e complexo definir o humano, mas também porque nos é difícil perceber o que significa "definir", sobretudo quando aplicado ao ser "humano".
Porque à medida que fazemos caminho na indagação, percebemos que, para definir o "humano", nos exigimos escavações anormalmente árduas, que não seriam necessárias para definir uma galinha.
Normalmente, uma definição faz-se pela indicação do género e a junção da diferença específica. Dizendo de uma forma fácil, uma definição faz-se indicando a diferença que distingue um tipo específico (uma espécie) dos demais tipos do mesmo género. Esta forma de definição é conhecida pelo seu criador, Aristóteles, e chamada aristotélica. Mas há uma exigência nela que é muito importante: ela deve indicar a característica limitadora, essencial, fundamental, daquilo que é o ente que pretendemos definir.
Ora, há muitos tipos de definição e não cabe neste pequeno esboço considerá-las todas. Mas devemos ter em mente que uma definição deve convir ao definido e mais nada que ao definido. Ou seja, quando definimos um determinado segmento da realidade devemos fornecer uma definição tal que esta envolva todos os entes desse segmento, mas não represente nenhum ente que não pertença a esse mesmo segmento. Se eu defino o que é "mamífero", então a definição apresentada deve contemplar todos os mamíferos (não deve existir nenhum mamífero que não seja compreendido por ela), sem contemplar algum ente que não seja mamífero.
Se eu disser que "os mamíferos são animais com cabeça", então estou a dar uma definição demasiado abrangente, pois há animais que têm cabeça mas não são mamíferos. Isto significa também que o "ter cabeça" não é uma característica específica dos mamíferos. Notar que a definição, propriamente dita, é "animal sem cabeça", pois a asserção "um mamífero é um animal com cabeça" já é uma proposição e enuncia um juízo, a saber, a de que os mamíferos têm cabeça.
Se eu disser que "os mamíferos são animais vivíparos", estou a dar uma definição que não é suficiente, pois o ornitorrinco é um mamífero, mas não é vivíparo.
Não interessa que aquilo que escapa à definição seja raro - se a definição deixa escapar algo, ou se, pelo contrário, envolve algo que não deveria, seja muito ou pouco, então não é uma boa definição.
Uma definição comentada desde os tempos antigos é de que "o homem é um animal bípede sem penas". É fácil mostrar que esta definição não é própria, pois há animais bípedes implumes e que não são humanos. Diógenes, de forma bem cínica, terá mesmo depenado uma galinha exibindo-a dizendo: "eis o humano".
Mas, apesar de tudo, o que é fundamentalmente insuficiente é a capacidade de tal definição para limitar, para dar os limites daquilo que faz de um ente ser humano. De facto, mesmo que não existissem cangurus, nem galinhas depenadas, a verdade é que não se poderia dizer ainda assim que o humano é "um animal bípede sem penas". É que podemos imaginar muito facilmente que um animal fosse bípede, não tivesse penas, e não fosse humano. Ser humano não tem nada que ver com ter ou não penas.
Na verdade, quando procuramos a definição de humano, pelo menos de um ponto de vista filosóffico, não procuramos apenas uma característica entre outras que, pela força do acaso ou da necessidade, tenha calhado apenas ao humano. Não. Para definirmos o ornitorrinco indicaríamos apenas uma característica física específica dessa espécie, distintiva face a todos os restantes animais. Mas sobre o humano queremos saber o que é isso que significa ser-se humano. Não queremos apenas saber a diferença entre o corpo humano e o corpo do ornitorrinco, e é fundamentalmente isto que nos força a escavar mais quando se trata de definirmos o ser humano.
Todos nós concordamos que o humano é um animal. Mas o que faz do humano um animal diferente dos outros? Sabendo o que difere entre o humano e os restantes animais, resta ainda saber o que é que, sendo característica específica do humano, faz dele ser o que ele é enquanto humano. Não imaginamos que um ente fisicamente igual aos homens seja humano apenas pela igualdade física - pois não? Podemos muito bem imaginar um mundo onde os entes fisicamente idênticos aos homens que conhecemos não fossem humanos. Ou basta-nos que seja fisicamente homem para o considerarmos humano? Com um cão podemos dizer que sim. Mas a "humanidade", ou seja, essa característica que faz de um ente um humano, não é algo de físico, nem de biológico (a respeito disto recomenda-se a leitura de fábulas, bem como das Viagens de Gulliver, particularmente o país dos Houyhnhnms).
Então é disto que andamos à procura, ou é sobretudo disto: "o que faz de um ente ser humano?"
A definição mais conhecida é, suponho, a de "animal racional". Ora, esta definição tem muitas limitações, muitas falhas, mas isso não significa que seja tão má como também muitas vezes se supõe. Contudo, levanta muitos problemas, não só porque parece simplesmente adiar o problema para a definição de "racional" - pois o que é isso de ser racional? - mas ainda porque não é óbvio que a racionalidade seja essa tal característica essencial que faz de um ser um humano, ou que ela seja apenas uma consequência, ou ainda, que ela seja apenas uma coincidência. Não vamos abordar as questões mais importantes em torno desta definição, notamos apenas algumas das suas dificuldades mais fáceis: não seria possível ser-se humano sem racionalidade?; e, não sendo, não poderá acontecer que a racionalidade seja apenas uma consequência do ser-se humano, sem ser ela mesma a essência daquilo que é ser humano?; ou não poderá ser o caso de que ser racional seja uma condição sine qua non (sem a qual) não se pode ser humano, mas não uma condição suficiente para se ser humano?
O facto de todos os humanos serem isto ou aquilo, e mais nenhum ente ser isso, não significa que se encontrou a essência do ser humano (ou como quer que lhe chamemos).
Se encontrássemos outros seres racionais no Universo eles seriam necessariamente humanos?
Afinal, o que é que faz do macaco sem pêlo um ser humano?
via aqui
O presente trabalho em que vou apresentar pretende discutir antropologicamente o ser humano enquanto homem e mulher. Minha intenção foi elaborar um texto eficiente ao ensino e ao meu aprendizado e, portanto, bastante claro e simples. O ser humano enquanto homem e mulher são bastante discutidos na sociedade, principalmente no campo dos direitos, da discriminação e nas leis trabalhistas. Contudo, homem e mulher necessitam um do outro, pois ambos se completam. Haja vista que, um foi criado para o outro.
Estamos vivendo uma época na qual está questão do ser humano enquanto homem e mulher são bastante discutidos principalmente no campo dos direitos e deveres. "O fato da natureza que determina a existência da mulher era interpretado, na antiguidade e na idade média, como inferioridade da mulher no campo cultural". Em algumas culturas os homens são verdadeiros agentes, ao contrário da mulher que não são mais que uns sacos em que se criam as crianças. "O homem projeta e transforma o mundo; a mulher guarda a vida". Simone de Beauvoir "reivindica para as mulheres as mesmas profissões e funções que exercem os homens na sociedade, sem nenhuma forma de discriminação entre os sexos". Por sua vez, a filósofa alemã Edith Stein dizia que não há profissão ou função que a mulher não possa exercer. A mulher pode exercer qualquer atividade com toda sua capacidade e de igual valor e direito ao homem. "Antes de ser sexo diverso, a mulher é pessoa livre que se projeta a si mesma no mundo. E nisto é radicalmente igual ao homem". (R. Simom. Citado do livro "El problema del hombre". Gevaert. p.110).
Nos paises islâmicos, de orientação xiita as mulheres mal podem mostrar o rosto em público. Nesses paises islâmicos "o adultério é uma contravenção grave que pode ser punida com morte ou longos anos de prisão". O amor sem dúvida deve ser o eixo central na relação dos cônjuges, tornando assim uma relação mais sólida e madura. "O encontro dos sexos em um nível de igualdade plena será unicamente o encontro dos libertados". Homem e mulher são intrinsecamente iguais em direitos e deveres, portanto deve existir o respeito e a consideração mútua entre si. "O fato é que só as pessoas que, alguma vez, foram livres, dão valor à liberdade. Também só as pessoas livres respeitam a liberdade dos outros: quando e onde a mulher soube o que é ser livre? Terá havido mesmo uma antropologia matriarcal?" (Mulher: Objeto de cama e mesa. Heloneida Studuart, p.20) ou a complementação do homem e da mulher fica restringida somente a procriação?
Para estabelecer a polaridade primária como atividade da base fisiológica do sexo considere o homem como: Abstrato, Projeta e transforma o mundo, racional, razão e a mulher como: Passiva, concreta, conserva a vida, sentimental. Todavia, "O homem está orientado para as coisas a mulher para as pessoas". O autor Roque de B. Laraia descreve que "a espécie humana se diferencia anatômica e fisiologicamente através do dimorfismo sexual, mas é falso que as diferenças de comportamento existentes entre pessoas de sexos diferentes sejam determinadas biologicamente. A antropologia tem demonstrado que muitas das atividades atribuídas às mulheres em uma cultura podem ser atribuídas aos homens em outra" (Cultura: um conceito antropológico, p.19.)
Um foi feito para o outro, o homem completa a mulher e vice-versa. "De todas as formas o homem e a mulher se encontram em um projeto existencial diverso, isto é, em um diverso modo de estar no mundo". O comunismo prega a igualdade social e econômica entre homem e mulher. "Os direitos e as prestações dos homens e das mulheres têm que ser iguais". Contudo, o homem é vítima da violência na esfera pública, e a violência contra a mulher é perpetuada no campo doméstico, onde o agressor é mais freqüentemente, o próprio parceiro. A referência fundamental da construção social do gênero masculino é sua atividade na esfera pública. Enquanto nestas mesmas sociedades, atualmente, as mulheres estão maciçamente presentes na força de trabalho e no mundo público, a distribuição social da violência reflete a tradicional divisão do espaço; homens e mulheres como seres radicalmente diferentes.
O ser homem ou mulher caracteriza também necessariamente o aspecto do corpo. R. Simom, o.c., 396 observa: "O ser da mulher, condicionado por seu corpo como o do homem, não é jamais um ser semelhante feito, senão um ser que se faz continuamente a maneira de assumir a mulher às condições de sua existência e de contribuir para evolução das condições inumanas que são impostas quanto muito mais que a fisiologia e a psicologia". Em um nível psicológico há indiscutivelmente ressonâncias e caracterizações diversas entre o homem e a mulher. "Também as características psicológicas são consideradas amplamente como um dado de natureza". O homem se forma como homem frente à mulher e a mulher se forma como mulher frente ao homem; há aqui uma dupla relação. Portanto, "ser homem e ser mulher não são acidentes do ser humano, senão que pertence inseparavelmente a sua essência". (E. Metzke, a.c, 38-39). O ser humano é sexuado por inteiro e não somente por órgãos genitais.
Entende-se que esse encontro entre homem e mulher se dá no relacionamento de ambos; um é necessário para a complementação do outro. "Não é a sexualidade que nos faz inventar o amor, senão o amor que nos revela a natureza da sexualidade" (A. Jeannière. Citado do livro: "El problema del hombre". Gevaert. p.114). É importante e necessário procurar as possíveis qualidades humanas continuadas na organização homem-mulher. "Quando o homem, pasmado e admirado nos confrontos da realidade que vive e que é, a assumir com profundidade, exercitando ali uma reflexão sistemática, então nos encontramos diante da antropologia filosófica" (Dizer homem hoje: novos caminhos da antropologia filosófica. p. 36).
As diferenças entre os seres humanos são igualmente importantes. Um exemplo é que o homem em geral é mais abstrato e por outro lado à mulher já é mais concreta. O homem é mais racional e a mulher é mais sentimental. Porém, a mesma característica que se atribui ao homem pode atribuir-se à mulher. Mas isso pode sofrer uma mudança de acordo com a carga cultural de cada povo. Pois como diz o autor Roque de B. Laraia: "o homem e a mulher é o resultado do meio cultural em que foi socializado", pois, "cada qual considera bárbaro o que não se pratica em sua terra". Portanto, o homem e a mulher são formados pela cultura e pela sociedade em que vivem, ou seja, "homem e mulher são produtos do meio em que vivem".
Vivemos em uma sociedade pós-moderna em que o marido muitas das vezes não quer viver 'o tempo todo' ao lado de sua mulher. "Freqüentemente, os dois nada têm em comum, salvo a sua rotinizada vida sexual". Portanto, Mais uma vez sem dúvida o amor deve ser o eixo central na relação dos cônjuges. Mesmo com todos esses maus tratamentos da mulher por parte de seu parceiro Heloneida Studuart descreve: "Hitler teve total e unânime apoio das mulheres, na edificação do III Reich. E ele achava que a mulher não devia passar de procriadora, de mães de soldados. Esse ainda é o ideal secreto de muitas sociedades reacionárias. E a cumplicidade que muitas mulheres revelam diante desse programa demonstra o medo que elas têm da liberdade. Pois toda liberdade traz o risco da responsabilidade e da atuação" (Mulher: objeto de cama e mesa. p. 20). No relacionamento a mulher não espera só existência vegetativa, procriadora, e ainda muitas vezes de mera empregada de seu parceiro, mas deseja integrar-se a vida do homem, "ser com ele uma única pessoa". No casamento não é cada um ter sua vida, mas ambos devem está essencialmente unidos, como diz a bíblia "um só corpo e uma só carne".
O significado entre homem e mulher está essencialmente na relação entre pessoas. Ou seja, no encontro pessoal entre seres encarnados. "Um homem é verdadeiramente homem (no sentido humano) quando está frente a uma mulher, e a mulher é verdadeiramente mulher (no sentido humano) quando está frente ao homem" (A. Jeannière. Citado do livro: "El problema del hombre". Gevaert, p. 113). Na reciprocidade, ou seja, cara a cara corporalmente e psicologicamente. Entende-se que esse encontro entre homem e mulher se dá no relacionamento recíproco de ambos, um é necessário na complementação do outro. Nesta forma de ser para o outro o homem e a mulher criam uma relação interpessoal. O homem frente à mulher cara a cara ou vice-versa; um se reconhece no outro como pessoa, sendo que, ambos é reconhecido como tal pelo outro.
"A sexualidade pertence de modo específico à fecundidade". A fecundidade reveste a nível humano uma dimensão interpessoal entre o homem e a mulher. Estabelece uma vivência de diálogo com um novo ser, um relacionamento recíproco como homem e mulher. Neste encontro interpessoal é onde se manifesta a possibilidade humana. A estrutura homem e mulher são a que mais "expressa e manifesta o ser humano em sua natureza interpessoal". Homem e mulher: um não é mais que o outro. "Isso é o que traduz fundamentalmente a sexualidade". Na relação de fazer-se para o outro, a pessoa revela-se a si "mesma como homem ou mulher". Pois a sexualidade em sua particularidade humana se da unicamente nas relações entre pessoas que se reconhecem uns aos outros como tal, como seres humanos formados para o diálogo e para os contatos sociais.
A mulher é mais preocupada com os valores do mundo e sua conservação, é mais gratuita e é mais ética e amorosa em suas relações. Por outro lado, o homem vive preocupado com seus projetos e suas metas a alcançar, com suas relações públicas; sua ética é o dever. Entretanto, o homem transforma o mundo e domina-o, a mulher por sua vez tem seu "projeto existencial". A sexualidade não deve ser somente de uma dimensão corporal, mas deve ser também social. "A mulher não é em primeiro lugar uma pessoa humana, senão seu sexo". O amor na relação conjugal ajuda e contribui para uma relação mais segura e duradoura, não tornando a mulher num objeto de cama e mesa. "O amor é a norma suprema que determina a duração do matrimônio e das relações sociais" (J. Gevaert, El probrema del hombre, pp. 108-109). A educação dos filhos está relacionada diretamente em boa parte com a sociedade, com os meio onde estes indivíduos habitam. "Não se nasce mulher; faz-se". É a sociedade que define a pessoa h
umana, o homem torna-se produto da sociedade em que vive. Somente através dos outros indivíduos o homem pode reconhecer-se como tal. Como fala o princípio sartriano: "Cada homem é tal como vê o outro" (citado por: J. Gevaert, El probrema del hombre, p. 113).
Com a dimensão interpessoal e corpórea e a expressão de afeto e amor; o homem e a mulher podem descobrir a própria sexualidade. Está descoberta se dá através da história, das diversas formas de cultura, de forma inerente à mesma sexualidade e com o compromisso humano. "... é preciso buscar as possibilidades humanas contidas na estrutura homem-mulher". Para haver uma relação recíproca e duradoura no matrimônio, acredito que, é necessário uma autêntica convivência de amor, respeito, carinho e doação. Haja vista que, o amor é essencial para viver bem. Quero concluir este parágrafo da sexualidade fazendo uma referência de Juvenal Anduini em que ele descreve: "Ao defender-se da acusação de "pansexualismo", Freud explica que o amor não é apenas sexual, porque Eros se espalha pela personalidade toda. O amor entranha-se na existência humana. Arrancá-lo, seria arrancar a vida das pessoas". E como diz Saint-Exupéri o amor é essencial para a vida.
REFERÊNCIAS:
JOSEPH, Gevaert. El problema del hombre. Introdución a la Antropología filosófica. Ediciones Sígueme, Salamanca, 1997. Undecima edicion.
BARROS, Laraia de. Roque. Cultura: um conceito antropológico. Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 1988, 3ª edição.
HELONEIDA, Studuart. Mulher: objeto de cama e mesa. Editora Vozes, 1993, 23ª edição.
NUNZIO, Galantino. Dizer homem hoje: novos caminhos da antropologia filosófica. Paulus, São Paulo, 2003. Tradução: Roque Frangiotti.
ANDRUINI, Juvenal. Antropologia: ousar para reinventar a humanidade. São Paulo, Paulus: 2002, 2ª edição, p.115.
O SER HUMANO ENQUANTO HOMEM E MULHER
"Ser homem e ser mulher não são acidentes do ser humano, senão que pertence inseparavelmente a sua essência".
(E. Metzke)
UMA PEQUENA INTRODUÇÃO
O presente trabalho em que vou apresentar pretende discutir antropologicamente o ser humano enquanto homem e mulher. Minha intenção foi elaborar um texto eficiente ao ensino e ao meu aprendizado e, portanto, bastante claro e simples. O ser humano enquanto homem e mulher são bastante discutidos na sociedade, principalmente no campo dos direitos, da discriminação e nas leis trabalhistas. Contudo, homem e mulher necessitam um do outro, pois ambos se completam. Haja vista que, um foi criado para o outro.
RASCUNHO DO SER HOMEM E MULHER
Estamos vivendo uma época na qual está questão do ser humano enquanto homem e mulher são bastante discutidos principalmente no campo dos direitos e deveres. "O fato da natureza que determina a existência da mulher era interpretado, na antiguidade e na idade média, como inferioridade da mulher no campo cultural". Em algumas culturas os homens são verdadeiros agentes, ao contrário da mulher que não são mais que uns sacos em que se criam as crianças. "O homem projeta e transforma o mundo; a mulher guarda a vida". Simone de Beauvoir "reivindica para as mulheres as mesmas profissões e funções que exercem os homens na sociedade, sem nenhuma forma de discriminação entre os sexos". Por sua vez, a filósofa alemã Edith Stein dizia que não há profissão ou função que a mulher não possa exercer. A mulher pode exercer qualquer atividade com toda sua capacidade e de igual valor e direito ao homem. "Antes de ser sexo diverso, a mulher é pessoa livre que se projeta a si mesma no mundo. E nisto é radicalmente igual ao homem". (R. Simom. Citado do livro "El problema del hombre". Gevaert. p.110).
Nos paises islâmicos, de orientação xiita as mulheres mal podem mostrar o rosto em público. Nesses paises islâmicos "o adultério é uma contravenção grave que pode ser punida com morte ou longos anos de prisão". O amor sem dúvida deve ser o eixo central na relação dos cônjuges, tornando assim uma relação mais sólida e madura. "O encontro dos sexos em um nível de igualdade plena será unicamente o encontro dos libertados". Homem e mulher são intrinsecamente iguais em direitos e deveres, portanto deve existir o respeito e a consideração mútua entre si. "O fato é que só as pessoas que, alguma vez, foram livres, dão valor à liberdade. Também só as pessoas livres respeitam a liberdade dos outros: quando e onde a mulher soube o que é ser livre? Terá havido mesmo uma antropologia matriarcal?" (Mulher: Objeto de cama e mesa. Heloneida Studuart, p.20) ou a complementação do homem e da mulher fica restringida somente a procriação?
O SER HOMEM E MULHER
Um foi feito para o outro, o homem completa a mulher e vice-versa. "De todas as formas o homem e a mulher se encontram em um projeto existencial diverso, isto é, em um diverso modo de estar no mundo". O comunismo prega a igualdade social e econômica entre homem e mulher. "Os direitos e as prestações dos homens e das mulheres têm que ser iguais". Contudo, o homem é vítima da violência na esfera pública, e a violência contra a mulher é perpetuada no campo doméstico, onde o agressor é mais freqüentemente, o próprio parceiro. A referência fundamental da construção social do gênero masculino é sua atividade na esfera pública. Enquanto nestas mesmas sociedades, atualmente, as mulheres estão maciçamente presentes na força de trabalho e no mundo público, a distribuição social da violência reflete a tradicional divisão do espaço; homens e mulheres como seres radicalmente diferentes.
O ser homem ou mulher caracteriza também necessariamente o aspecto do corpo. R. Simom, o.c., 396 observa: "O ser da mulher, condicionado por seu corpo como o do homem, não é jamais um ser semelhante feito, senão um ser que se faz continuamente a maneira de assumir a mulher às condições de sua existência e de contribuir para evolução das condições inumanas que são impostas quanto muito mais que a fisiologia e a psicologia". Em um nível psicológico há indiscutivelmente ressonâncias e caracterizações diversas entre o homem e a mulher. "Também as características psicológicas são consideradas amplamente como um dado de natureza". O homem se forma como homem frente à mulher e a mulher se forma como mulher frente ao homem; há aqui uma dupla relação. Portanto, "ser homem e ser mulher não são acidentes do ser humano, senão que pertence inseparavelmente a sua essência". (E. Metzke, a.c, 38-39). O ser humano é sexuado por inteiro e não somente por órgãos genitais.
O ENCONTRO ENTRE HOMEM E MULHER
As diferenças entre os seres humanos são igualmente importantes. Um exemplo é que o homem em geral é mais abstrato e por outro lado à mulher já é mais concreta. O homem é mais racional e a mulher é mais sentimental. Porém, a mesma característica que se atribui ao homem pode atribuir-se à mulher. Mas isso pode sofrer uma mudança de acordo com a carga cultural de cada povo. Pois como diz o autor Roque de B. Laraia: "o homem e a mulher é o resultado do meio cultural em que foi socializado", pois, "cada qual considera bárbaro o que não se pratica em sua terra". Portanto, o homem e a mulher são formados pela cultura e pela sociedade em que vivem, ou seja, "homem e mulher são produtos do meio em que vivem".
Vivemos em uma sociedade pós-moderna em que o marido muitas das vezes não quer viver 'o tempo todo' ao lado de sua mulher. "Freqüentemente, os dois nada têm em comum, salvo a sua rotinizada vida sexual". Portanto, Mais uma vez sem dúvida o amor deve ser o eixo central na relação dos cônjuges. Mesmo com todos esses maus tratamentos da mulher por parte de seu parceiro Heloneida Studuart descreve: "Hitler teve total e unânime apoio das mulheres, na edificação do III Reich. E ele achava que a mulher não devia passar de procriadora, de mães de soldados. Esse ainda é o ideal secreto de muitas sociedades reacionárias. E a cumplicidade que muitas mulheres revelam diante desse programa demonstra o medo que elas têm da liberdade. Pois toda liberdade traz o risco da responsabilidade e da atuação" (Mulher: objeto de cama e mesa. p. 20). No relacionamento a mulher não espera só existência vegetativa, procriadora, e ainda muitas vezes de mera empregada de seu parceiro, mas deseja integrar-se a vida do homem, "ser com ele uma única pessoa". No casamento não é cada um ter sua vida, mas ambos devem está essencialmente unidos, como diz a bíblia "um só corpo e uma só carne".
O significado entre homem e mulher está essencialmente na relação entre pessoas. Ou seja, no encontro pessoal entre seres encarnados. "Um homem é verdadeiramente homem (no sentido humano) quando está frente a uma mulher, e a mulher é verdadeiramente mulher (no sentido humano) quando está frente ao homem" (A. Jeannière. Citado do livro: "El problema del hombre". Gevaert, p. 113). Na reciprocidade, ou seja, cara a cara corporalmente e psicologicamente. Entende-se que esse encontro entre homem e mulher se dá no relacionamento recíproco de ambos, um é necessário na complementação do outro. Nesta forma de ser para o outro o homem e a mulher criam uma relação interpessoal. O homem frente à mulher cara a cara ou vice-versa; um se reconhece no outro como pessoa, sendo que, ambos é reconhecido como tal pelo outro.
SEXUALIDADE E RELAÇÃO INTERPESSOAL
A mulher é mais preocupada com os valores do mundo e sua conservação, é mais gratuita e é mais ética e amorosa em suas relações. Por outro lado, o homem vive preocupado com seus projetos e suas metas a alcançar, com suas relações públicas; sua ética é o dever. Entretanto, o homem transforma o mundo e domina-o, a mulher por sua vez tem seu "projeto existencial". A sexualidade não deve ser somente de uma dimensão corporal, mas deve ser também social. "A mulher não é em primeiro lugar uma pessoa humana, senão seu sexo". O amor na relação conjugal ajuda e contribui para uma relação mais segura e duradoura, não tornando a mulher num objeto de cama e mesa. "O amor é a norma suprema que determina a duração do matrimônio e das relações sociais" (J. Gevaert, El probrema del hombre, pp. 108-109). A educação dos filhos está relacionada diretamente em boa parte com a sociedade, com os meio onde estes indivíduos habitam. "Não se nasce mulher; faz-se". É a sociedade que define a pessoa h
umana, o homem torna-se produto da sociedade em que vive. Somente através dos outros indivíduos o homem pode reconhecer-se como tal. Como fala o princípio sartriano: "Cada homem é tal como vê o outro" (citado por: J. Gevaert, El probrema del hombre, p. 113).
Com a dimensão interpessoal e corpórea e a expressão de afeto e amor; o homem e a mulher podem descobrir a própria sexualidade. Está descoberta se dá através da história, das diversas formas de cultura, de forma inerente à mesma sexualidade e com o compromisso humano. "... é preciso buscar as possibilidades humanas contidas na estrutura homem-mulher". Para haver uma relação recíproca e duradoura no matrimônio, acredito que, é necessário uma autêntica convivência de amor, respeito, carinho e doação. Haja vista que, o amor é essencial para viver bem. Quero concluir este parágrafo da sexualidade fazendo uma referência de Juvenal Anduini em que ele descreve: "Ao defender-se da acusação de "pansexualismo", Freud explica que o amor não é apenas sexual, porque Eros se espalha pela personalidade toda. O amor entranha-se na existência humana. Arrancá-lo, seria arrancar a vida das pessoas". E como diz Saint-Exupéri o amor é essencial para a vida.
Nilton Gonçalves Menezes
Graduado em Filosofia pelo IFAMA - Paraná e Locutor
REFERÊNCIAS:
JOSEPH, Gevaert. El problema del hombre. Introdución a la Antropología filosófica. Ediciones Sígueme, Salamanca, 1997. Undecima edicion.
BARROS, Laraia de. Roque. Cultura: um conceito antropológico. Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 1988, 3ª edição.
HELONEIDA, Studuart. Mulher: objeto de cama e mesa. Editora Vozes, 1993, 23ª edição.
NUNZIO, Galantino. Dizer homem hoje: novos caminhos da antropologia filosófica. Paulus, São Paulo, 2003. Tradução: Roque Frangiotti.
ANDRUINI, Juvenal. Antropologia: ousar para reinventar a humanidade. São Paulo, Paulus: 2002, 2ª edição, p.115.
Por, Nilton Gonçalves Menezes.
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Bichinho Azul, conta p´ra mim quantos dedinhos e buraquinhos contou por aqui?