LA FEMME AVENIR DE L’HOMME

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , , , | Posted on 17:15



“LA FEMME AVENIR DE L’HOMME”
Aragon

A DICOTOMIA DA MULHER
* Excertos de artigo de Paule Salomon “Femme Solaire”

“Há muito tempo que o homem e a mulher não falam a mesma linguagem. A imagem de um não se sobrepõe ao outro. Anjo ou demónio, Virgem ou Bruxa, Mãe ou Puta, o homem vê a mulher como uma ameaça e como uma necessidade imperiosa numa ambiguidade Ódio-Amor. A mulher vê o homem como um opressor do qual é vítima porque ela esforça-se para o satisfazer, andando à volta dele e das suas necessidades, aliena-se de si mesma tornando-se indispensável pensando que só assim será amada. A negação ou a usurpação dos papéis fez despender uma enorme energia, sofrimentos e erros que continuam a alimentar os jogos. Dois seres cada um deles cego para a sua verdade interior, procurando ao longo de uma vida perceber um pouco deste mistério, caminhando na direcção um do outro pedindo-se mutuamente um pouco de luz...”*

Eu diria antes, que homem e mulher, dois seres cegos um para o outro e em si mesmo, cada um deles incompleto, virando-se para o outro, culpando-o do falhanço mútuo mas sem sombra de dúvida a mulher quase sempre vítima e bode expiatório de todos os males do homem... A mulher contudo não pode escolher senão servir o homem pois de outro modo seria banida ou perseguida...Tem sido assim ao longo de milénios de cristianização do mundo...e levado ao extremo pela Inquisição e o Santo Ofício.

No entanto, ao fim de séculos de negação e perseguição da mulher “A divindade feminina foi introduzida sob a forma de Virgem Maria no reino do Deus-Pai, mas é importante notar o quanto esta figura é dupla: de um lado, ela é castrada da sua sexualidade, sendo um modelo inatingível para a mulher real, pois como é que ela pode ser mãe sem conhecer o homem, não tendo existência senão para o servir e na abnegação absoluta de si mesma. Mas, por outro lado, ela é iluminada de bondade e amor, solar e aparece como figura universal de compaixão.”*

EVA E LILITH

Assim “A mulher vai esforçar-se por se assemelhar a esse modelo de mulher submissa que lhe é proposto (pela Igreja). Mas para isso ela vai perder em parte aquilo que a tornava desejável. A primeira mulher de Adão, segundo o Zohar, não foi Eva, mas Lilith, uma mulher indomável que em vez de se submeter à vontade de Adão, decidiu (deixá-lo) partir sempre. Lilith representa o arquétipo da mulher livre (e com vontade própria) . Todas as mulheres têm uma Eva e uma Lilith dentro de si . Mas as esposas e as mães, à partida, asfixiarão a sua Lilith. O homem patriarcal diz que espera (quer!) da mulher uma Eva, mas para ter consciência integral e poder evoluir a mulher tem necessidade dessa consciência livre que representa Lilith e se a recusar não pode deixar de sonhar com ela. É isto o que explica o famoso trio, marido, esposa e amante.”*
(...)

A MULHER E A “OUTRA”

Nestas circunstâncias temos então o homem na “posse” de duas mulheres que se completam em separado, uma em casa a cuidar dos filhos e outra no Bordel, tal como a Igreja e o patriarcado o quis e para isso as dividiu. Neste caso a mulher é fragmentada na sua natureza ontológica e obrigada a viver apenas uma metade de si mesma, uma para cada lado, “ao abrigo” - forçada - das leis e das convenções sociais de acordo com o sistema de valores do patriarcado. Esta divisão da mulher em duas (ou mais), constitui uma cisão do seu ser integral e leva a conflitos de toda a ordem, seja a nível psicológico - extensivo à família e aos filhos - quer ao nível social mais vasto e que reflecte a sociedade neurótica dos nossos dias de violência e guerra, com “filhos do pai” por um lado, frustrados e castrados por mães oprimidas e divididas e os “filhos da puta”, marginalizados e revoltados contra o sistema que são os criminosos e quiçá os terroristas do nosso tempo... os fundamentalistas de todas as religiões, cada vez mais. Portanto, temos o mundo dividido entre os “filhos do pai” (e mãe anulada) e os “filhos da puta” que eles criaram ao dividir a mulher...
Só os filhos da Mulher-Deusa voltarão a ser Homens e dignos do Nome!

(source)




SOLTAR A NOSSA DOR...

(...) A revelação e a dor nos salvam da zona morta. Elas nos permitem deixar para trás o culto fatal dos segredos. Podemos chorar e chorar muito, e sair cobertas de lágrimas, mas não manchadas de vergonha. Podemos sair daí mais profundas, com o total reconhecimento de quem somos e plenas de uma nova vida.

A Mulher Selvagem nos abraçará enquanto estivermos chorando. Ela é o Self instintivo. Ela consegue suportar nossos gritos, nossos uivos, nosso desejo de morrer sem morrer.
Ela sabe aplicar os melhores remédios nos piores lugares. Ela ficará sussurrando e murmurando aos nossos ouvidos. Ela sentirá dor pela nossa dor. Ela a suportará. Não fugirá. Embora haja inúmeras cicatrizes, é bom lembrar que, em termos de resistência à tração e à capacidade de absorver a pressão, uma cicatriz é mais forte do que a pele. (...)

Mulheres correndo com os lobos – Clarissa Pinkola Estés 

Comments (0)

Enviar um comentário

Bichinho Azul, conta p´ra mim quantos dedinhos e buraquinhos contou por aqui?

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...