Perdições Selvagens
Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in Contos , Crónicas Curtas , Ficção , Fotografias | Posted on 11:04
« não sei o que escrever!. na verdade, quero escrever. escrever-te. dizer o que me fode! dizer-te. entendes, ou será assim tão complicado? a boca. estou farta das orgias. essas orgias feitas de areias. sabes, diria que, ontem, vi avestruzes a voarem pelo céu. mais tarde, encontrei um velho e dissera-me que tinha visto papoilas; seriam anjos, segundo ele. a crueldade ditara ao Velho, que pedisse a minha boca emprestada. como se a facilidade morasse em qualquer canto do corpo feminino. comentei sobre as avestruzes. não ouvi nenhuma palavra, apenas o som de uma espécie de água a correr. o banco. sobre ele. tamanha a façanha do Velho. velhaco.
agarrei as papoilas, fiz uma longa corrente. despi o Velho. acorrentei-o à árvore. convidei as avestruzes a passearem as suas penas até à exaustão. a carne fervia. os olhos reviravam. não dizia coisa com coisa. babava-se. enquanto isso, uma outra, pequena avestruz mastigava amorosamente o bendito Príncipe Pirolito.
a maior surpresa que tive, uma família de ratos criara uma bilheteira de cinema, a troco de queijo, para que o povoado de velhas traídas assistissem ao último suspiro do Velho manhoso amante. nunca vi rostos enrugados tão luminosos e felizes. nelas, sim, conheci o verdadeiro orgasmo... »
NãoSouEuéaOutra in '' as velhas perdições ''
Com uma imagem dessas, nem é preciso de palavras...