Da Paixão
Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in Amor , Paixão , Prosa , Sexualidade | Posted on 21:08
Fervor
Por NãoSouEuéaOutra
«Beija a boca, Amante de mim e dobra-me em Lemniscata. Poisa, Amante, este corpo numa cama com dossel, cuja cabeceira alta revestida a ouro com entalhes de rocalhas far-me-ão tremer de rubor. É aí, que quero que encostes minhas costas, sobre a cartela estofada a cetim de carmesim, no centro da cabeceira. Depois, Amante, pega em suaves tules, do mais puro que existe e prende-me os braços às colunas com estrias verticais e espiraladas que sustentam este dossel. Não te importes com a colcha, se rasgar, não tem mais importância que o frenesim de um corpo em delírio. Sobre a mesa de encostar, Amante, acende as velas que compõem o candelabro em forma de tridente em talha dourada; cuja chama há-de iluminar o fulgor deste corpo feminino despido para ti.
Sobre a cadeira de jaracandará com pés de corpo de pantera, poisa o pingalim, cujos fios são feitos de seda. Nele estão três mil fios extremamente finos. Sou luxuosa, sim Amante, luxuosa, porque o Amor só pode ser luxuoso e não o confundas com a luxúria. Segue as minhas ordens, obedece-me, obedece-me!!! Para poderes ver a minha pele, a verdadeira pele de que sou feita.
Preciso de ser visitada nos lugares onde a libido é pura manifestação criativa, por isso segue-me, ouve-me, obedece-me. Os campos para viverem precisam de ser farfalhados, assim o corpo da mulher também precisa. Amante, no subterrâneo selvagem da natureza da mulher vive um ser; ser esse que não compreende a lógica mas que é completo em si e, tanto pode ser submisso como dominador. Vivo aí, em liberdade nessa dualidade e de onde me vêm o cio. Um cio não de relação sexual, mas um cio de profunda consciência sensorial. Nesta obscenidade sagrada, que é soltar o riso liberta-se toda a carga que paralisa as mulheres. Amante, as mulheres estão cheias dos seus incontáveis Hades e, querem voar mais alto, serem Mestras, porque de facto o são. A sua linhagem é alta, por isso, Amante, ouve-me e obedece ao Amor.
Junta meus pés, busca o verniz de cor vermelho e pinta as unhas, as tuas, aqui junto de mim. Quero ver o riso estampado no teu rosto e ver as maçãs a ruborizar. Não quero mais sentir o perfume de flores esmagadas, antes o enaltecimento da beleza e a fragrância dos poros vivos da pele. Não queiras me fazer tua noiva, porque as noivas são castradas, estão limitadas pelo tempo. Amante, agora vai buscar igualmente o baton e passo-o pelos lábios, quero vê-los bem vermelhos e depois, depois vem, vem tomar-me nos teus braços e dar-me o beijo vermelho para depois e depois ficarmos a rir como loucos...»
- Erotisme -
Fotografia, Daniel Jackson
Uma prosa carregada. Arte que realmente impressiona. Eis somente uma das faces, das muitas que a mulher pode mostrar, ou não...
abraços
que texto mais, mais erfeito...um abrir da verdade de toda mulher que é mulher...adorwei NSEO...admiração extrema por vc...
bjus
o batom encarnado aquece as coxas no balanço arbitrário das correntes do desejo. arranco as páginas que não escrevi certo de que a estória é frouxa, trivial, com os clichés do costume.
ah, ainda bem que o banco de jardim não esqueceu o meu nome.