Pedro Abrunhosa - Ah, Poeta Português...

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , | Posted on 20:28

fotograma - Pedro Abrunhosa



Quem me leva os meus fantasmas

Pedro Abrunhosa

Composição: (Pedro Abrunhosa/ Pedro Abrunhosa)

Aquele era o tempo
Em que as mãos se fechavam
E nas noites brilhantes as palavras voavam,
E eu via que o céu me nascia dos dedos
E a Ursa Maior eram ferros acesos.
Marinheiros perdidos em portos distantes,
Em bares escondidos,
Em sonhos gigantes.
E a cidade vazia,
Da cor do asfalto,
E alguém me pedia que cantasse mais alto.

Quem me leva os meus fantasmas?
Quem me salva desta espada?
Quem me diz onde é a estrada?
Quem me leva os meus fantasmas?
Quem me leva os meus fantasmas?
Quem me salva desta espada?
E me diz onde e´ a estrada

Aquele era o tempo
Em que as sombras se abriam,
Em que homens negavam
O que outros erguiam.
E eu bebia da vida em goles pequenos,
Tropeçava no riso, abraçava venenos.
De costas voltadas não se vê o futuro
Nem o rumo da bala
Nem a falha no muro.
E alguém me gritava
Com voz de profeta
Que o caminho se faz
Entre o alvo e a seta.

Quem leva os meus fantasmas?
Quem me salva desta espada?
Quem me diz onde é a estrada?
Quem leva os meus fantasmas?
Quem leva os meus fantasmas?
Quem me salva desta espada?
E me diz onde e a estrada


De que serve ter o mapa
Se o fim está traçado,
De que serve a terra à vista
Se o barco está parado,
De que serve ter a chave
Se a porta está aberta,
De que servem as palavras
Se a casa está deserta?

Quem me leva os meus fantasmas?
Quem me salva desta espada?
Quem me diz onde é a estrada?
Quem me leva os meus fantasmas?
Quem me leva os meus fantasmas?
Quem me salva desta espada?
E me diz onde e a estrada

(source - youtube - Pedro Abrunhosa)


Confesso que quando ele surgiu no panorama musical português, não gostava nada dele ou melhor não simpatizava. Nem da figura externa com que se apresentava. Os óculos, costumava defender uma teoria, e que mais tarde comprovei, um amigo do norte, mostrou-me uma fotografia... numa época onde ele ainda surgia com algum cabelo nos lados e aquele chapéu ridículo às mil e uma noite, ou chapéu islâmico, muçulmano... enfim, das arábias. Hoje está bem distante daquela imagem!!! Claro, os óculos a marca que manteve, para alguns mistério... mas não há mistério ali nenhum, no entanto ele sabe que ganha mais em se apresentar deste modo, do que se despir os olhos.
Bem, por mais que tentasse ouvir, não conseguia. Falhava os segundos todos, e mesmo que quisesse estender por minutos aqueles, não conseguia. Passei a detestar. Sei em parte a razão, o ouvido não conseguia atender ao som que dele vinha.

Um dia, uma amiga, disse-me que, queria me mostrar uma coisa. Era surpresa. Disse-me para eu calar. Ouvir. Era Pedro Abrunhosa. Disse-lhe que não gostava. Ela levantou-me a sobrancelha. Não percebia nada do que ele ''balbuciava'', disse-lhe. Respondeu-me, que ouvisse e deixasse que a cantasse para mim com Abrunhosa. Lá começou a soletrar a letra de um Álbum: '' tudo o que eu te dou '' ao meu ouvido com Abrunhosa. De repente, aquilo se transformou em magia... e vi as composições poéticas de Abrunhosa pelos olhos da minha amiga. Com ela, a poesia que ele cantava, ficava diferente, e, fazia sentido quando a soletrava aos meus ouvidos (meio moucos) num dueto!!! Ah, Amiga, hoje ao ouvir O Poeta Abrunhosa, aconteceu-me uma saudade!!! O sentimento que te extravasava quando mergulhavas na música. Não era só essa. Depois esqueci ele. Não conseguia ouvir (mouquice)... mais tarde, lá consegui ''ajeitar-me'' ao som.

Comments (3)

  1. Tem graça que comigo aconteceu exactamente o mesmo, no principio não conseguia gostar de Pedro Abrunhosa, depois pouco a pouco fui escutando a letra com mais e mais atenção e caí sob o charme e a coragem que ele tem de às vezes envergar por caminhos dificeis que os outros não tomam pelo risco que comportam...

    Entendi que os temas do Pedro são para ouvir com ouvidos de ouvir! E aí o milagre aconteceu.

  2. Pois, comigo foi ainda mais estranho... Acho que ele não sabe cantar; não me identifico com a imagem que culti e que vende (sempre apreciei pessoas despidas de máscaras); todas as entrevistas que dele escutei soam-me a um artificialismo desmedido, com uma politização que passa uma pretensa rebeldia. Todavia, quando prestei atenção a algumas das letras das suas canções, percebi onde estava o substrato. Ainda assim, hoje, prefiro lê-lo a ouvi-lo.

  3. Engraçado, conheço pouco do Pedro mas gosto desse pouco. A poesia é bem falada, quase não há canto. Talvez por isso, eu goste desse estilo. abraço

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Bichinho Azul, conta p´ra mim quantos dedinhos e buraquinhos contou por aqui?

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