SOMOS TODOS RESPONSÁVEIS POR TUDO

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , | Posted on 10:08

Esta trama, este continuum, esta malha sem fim de causas-efeitos-causas, eis o que o nosso instinto de conservação rejeita com um certo mau-humor, porque nos recusamos fundamentalmente a considerar responsáveis por tudo o que acontece, porque tendemos a ilibar-nos da violência, do ódio, do sofrimento que varre, como um vendaval de inferno, o mundo.
A política, neste contexto, é a arte de encontrar bodes expiatórios das nossas próprias culpas.
A tal ponto os nossos mecanismos de autodefesa estão bem montados, que rotulamos de metafísica qualquer tentativa para mostrar a evidência: que tudo se liga a tudo, que tudo depende de tudo, que todos somos responsáveis de tudo, que todos criamos tudo o que nos acontece.
Tudo é energia. Tudo é infinito e eterno. Tudo existe sempre.
Por isso criamos uma infinita piedade pelo nosso ego. Inventamos mil argumentos para o desculpar.
Afinal - que injustiça! - porque nos atinge a inflação, o desemprego, a doença, o cancro, o defeito físico, o desastre, o acaso, o destino, a sorte?! Se eu fui sempre tão bom, tão bem comportado, tão esmoler, tão amigo das crianças e dos pobres, dos velhos e dos animais, porque sofro tanto, porque tenho tanto medo, porque sou tão perseguido?
Assim raciocina o nosso ego.
O nosso ego é não só a afirmação de auto-orgulho mas uma tentativa permanente para ilibar e encobrir a nossa condição totalitariamente condicionada. Para encobrir a evidência de que estamos condenados à Eternidade.
A nossa condição é totalitária e a este totalitarismo há quem chame karma. O nosso ego inventa então um mito chamado liberdade para esquecer aquela temível evidência totalitária. Um mito chamado livre arbítrio.

NASCER PARA A VIDA É NASCER PARA A MORTE

Nada do que acontece é por acaso, toda a desordem acontece porque há uma ordem infinita do infinito universo. Tudo acontece porque todos ajudamos a que aconteça.
Quando se diz nós, digo o corpo infinito e eterno do qual somos hoje apenas um momento, apenas uma célula, corpo que vai para trás até à eternidade e caminha para a frente até à eternidade.
A esta realidade puramente física chamam metafísica os homens assustados que recuaram ao saber que estavam condenados a ser para sempre. Inventaram a morte. Inventaram o suicídio.
Inventaram narcóticos e alucinogénicos. Inventaram a política e o xadrez. Inventaram o cinema e o futebol. Inventaram palavras - metafísica, religião, mito, misticismo - com que pretendem exorcismar a responsabilidade de ser (mos) não um ego ou ilha separada do todo mas a consciência do todo ou eu total.
Por isso talvez não haja exagero, face a este extremismo fundamentalista do óbvio e do evidente, considerar ecoreformistas um Ivan Illich, um Michel Bosquet.
Desde que se cai na rede, desde que se nasce para a vida (que é nascer para a morte como avisavam os cátaros, que por isso foram perseguidos como heréticos), desde que se entra no processo de putrefacção ou de-composição chamado mundo, desde que nos empurram para a caverna platónica chamada existência, todo o gesto ou acção com que se pretende amortizar o sofrimento irá, a curto ou médio prazo, agravar ainda mais esse sofrimento ou karma.
Irá internar-nos mais na caverna das sombras.
Uma vez enredado na inextricável trama chamada realidade, mundo, natureza, meio ambiente, ordem do universo, qualquer veleidade de sair significará sempre e cada vez mais o (afundamento no) caos, a doença, a violência instalada e instaurada, o absurdo em movimento, a infecção generalizada.
Desde que se entre, nunca mais é possível sair. Daí que os mitos de libertação, da evolução, da redenção andem a par com os mitos do futuro, do ideal, da salvação.
Uma vez enredado na malha, o bicho homem projecta na caverna a sua sombra e chama-lhe ideais (idola tribu lhes chamou Francis Bacon): Paz, Saúde, Felicidade, Justiça, Amor, eis a galeria de grandes palavras que cristalizam na mente humana as suas próprias sombras mais temidas. A utopia e o vício de sonhar ou idealizar caracteriza sempre a escravidão de facto.
Prisioneiro da caverna, o homem sonha que no futuro, sempre no futuro, verá o sol e a luz, sonha com jardins do paraíso, com o Eden de Adão e Eva, com o Jardim das Delícias, enfim, não faltam, nas mitologias douradas, de ontem e de hoje, referências constantes à utopia.
Realismo será a posição búdica que reconhece a queda, a escravidão, a caverna, a ilusão das ilusões ou sombras.
Realismo é saber que quanto mais esforços e acções se fizerem para sair do buraco, mais fundo nele ficamos.
O que uma ordem iniciática propõe é apenas a hipótese realista para encontrar a porta de saída da caverna, recuando em relação às sombras em vez de paroxisticamente nos colarmos a elas pelo cultivo da acção, pelo cultivo do ego, pela crença de que se chega mais depressa fortalecendo a vontade de chegar.
O esforço iniciático é uma pausa nesse paroxismo da vontade, uma retirada estratégica do foco infeccioso - o mundo das relações profanas ou ilusões - um recuo na orgia da acção que dê possibilidade de avançar na in-acção ou desfazer de mitos, ilusões, fantasmas.

Palavras-chave deste texto:
Caos
Caverna platónica
Continuum
Convivencialidade
Convivialidade
Ecoanálise
Ecopolítica
Ecossistema
Ego
Equilíbrio estático
Eternidade
Física e metafísica
Imunidade ortomolecular
Carma
Leitura ecológica do real
Malha de causas-efeitos
Metáfora orgânica
Mito da liberdade
Omnividência
Ordem iniciática
Politicoterapia
Rede
Tantra
Utopia

Autores citados:
Francis Bacon
Freud
Ivan Illich
Michel Bosquet
Platão
Taine

esse amor

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , | Posted on 16:47

aquilo que nos desperta o coração para o amor, deve ser agraciado.

(não o amor para uma pessoa. o amor por uma ou várias pessoas, vai e vem. está submetido à lei do quotidiano, das estações e dos estados de espírito. falo do amor mesmo, aquele que dilata o coração sem intermediários e que não conhece fim.)

devemos sempre, na medida do possível, seguir o caminho que abre o coração para a vida e porque não, para o amor que nele habita. essa é, talvez, a maior lição da vida, aprender a amar.
NãoSouEéaOutra in outras feridas

Vivo na Porta

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , | Posted on 18:34


(...) Apenas uma forma igual de ver diferente. De ser diferente, igual. A porta é apenas um jogo, um olhar no dentro e, um no fora. Não são as  portas que nos desmistificam, mas nós que as desmistificamos. (...) 

NãoSouEuéOutra, ''tentando fazer uma barra!!''




Lendo uma notícia, fiquei ''siderada'. Completamente. Imagine, o sujeitinho, declarando que os últimos dias eram um pesadelo. Um verdadeiro pesadelo! Vejam só, dizia para a mídia que eram tempos muito dolorosos. Preso por violação e assédio sexual e, de momento em prisão domiciliária ( que chique!! fosse um zé povinho, a cena já era diferente!).
Coitado, de facto!!  Então, o pesadelo e o sofrimento e os tais traumas com que as jovens ficam depois de terem sido assediadas, acorrentadas, não lhe interessou? Além, de exigir os seus silêncios, enquanto eram obrigadas a fazer ''mamadinhas'', sodomizadas e resumindo, Violadas? Fora os espancamentos e outras atrocidades. O egoísmo e o sadismo não querem saber de nada a não ser, a pura auto satisfação. O mecanismo da maldade é uma espécie de adrenalina no sangue. Sobe rápido e desce.



A Vertigem da Saudade

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , | Posted on 16:11


« Tenho saudade do Mar. O meu. Da Casa sobre o mar. A minha. Da Casa levando o Mar. Como podemos ter tantas saudades nossas? Estamos todos os dias com nós mesmos. Estamos todos os dias dentro de nós mesmos. Eu sei. Eu sei!! Eu sei, Morro de saudade. Saudade de me beijar seriamente. Saudade de mim mesma. Não de um tempo, não!... »

em-pí-ri-co

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in | Posted on 20:21


''deu-me uma branca'' fotografia satírica, por NãoSouEuéaOutra


« o espírito não tem nome, embora todos queiram dar um. há coisas que são silenciosas e só devem ser ouvidas da mesma forma. Deus, não foi feito à tua imagem. tu representas apenas 1 por cento. »


NãoSouEuéaOutra in ( Séries do Vale do Ser )

já vos aconteceu?

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in | Posted on 14:23



Não sei se convosco já ocorreu; comigo sim. Perfeitamente normal, sem emoção que desestabilize. Dirigi-me à diética – ervanária para comprar quinoa, alfarroba em pó, vitamina E e até comprei uns chocolates (naturais??). Caminhei por uma zona menos urbanística. Cheirei o campo, a terra e respirei profundamente. Cheguei à ervanária, escolhi e comprei e, o normal depois, meia hora de conversa. De regresso por outro caminho e comendo um chocolate, fui invadida de uma tristeza injustificada. Apeteceu-me chorar compulsivamente sem barulho. Deixar as lágrimas caírem, assim sem mais nem menos. Sem motivo. Um choro interno, uma tristeza sem fim. Um apelo ao choro silencioso, apenas lágrimas brotando. A tristeza insistente... sem explicação racional!

Já vos aconteceu?

Rostos - Faces

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in | Posted on 14:15



Criado a partir de um programa online. Não me recordo em que página foi; descobri sem querer e distraidamente comecei a fazer uns quantos. Depois fechei e acontece, que limpei os links... como quero fazer mais, vou ter que descobrir onde ''pára o dito''!
O programa oferece uma infinidade de rostos, que podes construir à tua maneira. Esticar/alongar, alargar/encolher... este tipo de montagem é muito utilizado nos casos de assassinos, pessoas perdidas e etc... uma forma de encontrar um rosto o mais aproximado possível da figura real.

Já criei figuras que detesto e figuras que gosto ou me dizem alguma coisa à partida. Esta a figura acima, é a de um jovem que gosto. Obviamente que não existe em carne e osso. Só na minha imaginação. Lá deverá continuar.


- quando encontrar o programa, deixo-vos aqui o link ou em posteriores postagens...-

Vertigem (3)

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , | Posted on 11:19


« a pobreza de espírito não enxerga a luz. podes até não saber ler e nem escrever e ainda assim, a natureza pode conceder-te a fortuna. aquela que todos querem, e apenas raros a possuem! »

Vertigem (2)

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , | Posted on 11:07



« talvez, um dia... o talvez é um caderno que usamos muito. é uma janela à espera. sou eu esperando pela Outra e mais outra. nunca se perde uma. as torres guardam-nas. somos senhoras das mansões, dos arraiais, dos sonhos e... das vertigens da vida em nós. e... sabe tão a pouco, não é verdade? beija-me... e cala-me.»


Vertigem (1)

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , | Posted on 10:57


« avancei. dupliquei-me. a cidade roubou-me a floresta. não sei mais. saber mais que nada. a existência dobrou o tempo; o tempo sucumbiu. nasci gato. gato sou. gosto de torres. é a vertigem do que sou feita. Rainha sobre tudo. mas não sei onde estou. a floresta. ela, apenas ela me tem!! »

Vertigem

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , | Posted on 10:49



«venho da floresta!  espreito o que parece uma cidade. curiosa, avanço, como os gatos que desejam descobrir. avanço confiante e desconfiada. avanço. AVANÇO!»

FLOR SELVAGEM - Cíntia Thomé

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , | Posted on 08:16



FLOR SELVAGEM

Um poema 
de 
 Cíntia Thomé


Ah! Homem de carne
Na sua ínfima pele
Escute, ouça o grito, o alerta
Daqueles que vieram, como eu,
A sorrir do desdém da vida,
Das escadarias de areia em quedas
Que guindaste usou na usurpação
Com a palavra do Olho,
Olhar tão próximo, mas, ao longe, já havia visto
O temor dos incompetentes, dos frangalhos,
Afagando carências
Dos andantes que pedem clemências.
Fogem, mas retornam, fogem e fogem
Chorosos mentirosos pecadores
Fracos nas couraças furadas e fétidas
Ah! Homem de carne…

Vens com logomarcas, selos,
marcas de nada, do acaso, amanhã fora de linha.
Pilotas esses carros de lata em rodas negras
Porque a coragem está nas rodas de fogo
Nas suas carruagens, carroças,
Querendo se aproximar de mim
Mas… pestaneja… Repele-me… Por quê?
Tens receio da vergonha
Da constatação que és triste espírito
De luta e labuta, e não partilhas pão e nada
E teus pés fincados com as unhas
do Diabo que te toma, roubando-te
Uma putrefacta possuidora,
Numa quase pena máxima sem valor
Ah! Homem de carne…

Pede socorro sorrateiramente
mas se assusta, desconfia, coalha
Sente saudade, mas na presença, falha!
Mas eu confio, creio.
Ah! Homem de carne…

Estrutura teu cérebro, tua cabeça
Com a minha mão meiga e grossa da verdade.
Ajoelha, e que doam teus ossos, mas pede perdão
Fica perto dos reencontros escritos, do eterno
Do Universo enigmático, mas certo.
Ah! Homem de carne…

Poetando eu te coloco em meu colo
Sei que te incomodas com o calor de mim
Com as lágrimas invisíveis de sangue e mel
Com meu beijo sincero, quase uma inocência
Tu te aproximas de mim…mas corres de mim
Julga-se são, mas neurótico insano
Porque não crês na boa palavra
Nem na mulher absoluta, a Flor
De pétalas que perfumam pulmões,
Que agasalha as montanhas
Onde os ímpios habitam, labaredas ferozes
Salvaguardando seu semelhante, seu Amor
Cuspindo sementes,
Que amarra, abraça, sustenta
Árvores decaídas, semimortas
Pois mulher desejo é de cedro
Não tomba, olha sempre Céus
A roda, a família…
Ah! Homem de carne…

Fraquejou com seus ossos plásticos
Porque quer o verde pardo da cédula,
E eu, só amo a sentença:
In God We Trust
Ah! Homem de carne…

E nas suas semelhanças
Quer ser moderno com objetos
Que amanhã serão escarros, lixo nos ralos e rios,
Gavetas estufadas gotejando suores alheios.
Resguarda tua pureza, eu peço, imploro!
Vim como leite de caule,
A seiva azul ao prisioneiro, ao refém
Mas tu mamas carne podre, vadia, prostituta…
Coitada, louca que será um dia judiada, apedrejada
Se assim já não é…
Ah! Homem de carne…

Engasgas quando me vês, talvez sintas inveja
Talvez pela grandeza selvagem que amedronta
Mete medo, admiração…
Mas incapaz não sorves, bebes ou mastigas
A Orquídea lubrificada de Amor
Ou o fruto de maracujá que sou
Porque adoras quem te bate, maltrata
Masoquismo tresloucado invisível
Maquiavel de teus ‘ontens’
A vil, a pútrida
Maçã
Ah! Homem de carne…

Cuida de ti.

W - ater

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in | Posted on 18:16

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