Nós Fomos Domesticados e Domesticamos as Crianças

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , | Posted on 15:48


As crianças são domesticadas

"As crianças são domesticadas da mesma forma que domesticamos um cão, um gato ou qualquer outro animal. Para ensinar um cachorro precisamos punir e dar recompensas a ele. Treinamos nossos filhos, aos quais amamos tanto, da mesma forma que treinamos qualquer animal doméstico: com um sistema de castigos e recompensas. Dizem-nos: "Você é um bom menino" ou "Você é uma boa menina" quando fazemos o que mamãe e papai querem que a gente faça. Quando isso não acontece, somos "meninos maus" ou "meninas más".

Nas oportunidades em que fomos contra as regras, nos puniram; quando agimos de acordo com elas, ganhamos uma recompensa. Fomos castigados muitas vezes por dia e recompensados muitas vezes por dia. Logo ficamos com receio de sofrer o castigo e também com receio de não ganharmos a recompensa. A recompensa é a atenção que conseguimos de nossos pais, ou de outras pessoas como irmãos, professores e amigos. Logo desenvolvemos necessidade de captar a atenção de outras pessoas para conseguir a recompensa.
A recompensa provoca uma sensação boa, e continuamos fazendo o que os outros querem que a gente faça para obter a recompensa. Com medo de ser punidos e medo de não ganhar recompensa, começamos a fingir ser o que não somos apenas para agradar aos outros, só para ser suficientemente bons para outras pessoas. Tentamos agradar a mamãe e papai, tentamos agradar aos professores na escola, tentamos agradar à Igreja, e com isso começamos a representar. Fingimos ser o que não somos porque temos medo de ser rejeitados. O medo de sermos rejeitados torna-se o medo de não sermos suficientemente bons. Mais tarde, acabamos por nos tornar alguém que não somos. Tornamo-nos cópias das crenças de mamãe, das crenças de papai, das crenças da sociedade e das crenças religiosas.
Todas as nossas tendências normais são perdidas no processo da domesticação. E quando somos grandes o suficiente para que nossa mente compreenda, aprendemos a palavra não. Os adultos dizem "Não faça isso, não faça aquilo". Nós nos rebelamos e dizemos "Não!".

Rebelamo-nos porque estamos defendendo nossa liberdade Queremos ser nós mesmos, mas somos pouco, e os adultos são grandes e fortes. Depois de um certo tempo, ficamos com medo porque sabemos que todas as vezes em que fizermos algo errado, seremos castigados.
A domesticação é tão forte que num ponto determinado de nossa vida não precisamos mais que ninguém nos domestique. Não precisamos da mamãe ou do papai, da escola ou da Igreja para nos domesticar. Somos tão bem treinados que passamos a ser nosso próprio treinador. Somos um animal autodomesticado. Agora podemos domesticar a nós mesmos de acordo com a mesma crença no sistema que nos forneceram, usando as mesmas técnicas de punição e recompensa. Punimos a nós mesmos quando não seguimos as regras de acordo com nosso sistema de crenças; recompensamos a nós mesmos quando somos "bonzinhos" ou "boazinhas" o sistema de crenças é como o Livro da Lei que regula nossa mente. Sem questionar, o que estiver escrito no Livro da Lei é nossa verdade. Baseamos todos os nossos julgamentos segundo o Livro da Lei, mesmo que esses julgamentos e opiniões venham contra nossa própria natureza. Mesmo leis morais como os Dez Mandamentos são programadas em nossas mentes no processo de domesticação. Um a um, todos esses compromissos passam a constar no Livro da Lei, e esses compromissos regem nosso sonho.
Existe algo em nossa mente que julga a tudo e a todos, incluindo o tempo, o cão, o gato ... tudo. O Juiz interno usa o que está escrito no Livro da Lei para julgar o que fazemos e o que não fazemos, o que pensamos e o que deixamos de pensar, mais tudo o que sentimos e deixamos de sentir. Tudo vive sob a tirania desse Juiz. Todas as vezes que fazemos alguma coisa que vai contra o Livro da Lei, o Juiz diz que somos culpados, que precisamos ser punidos e que deveríamos nos envergonhar. Isso acontece muitas vezes por dia, dia após dia, ao longo de todos os anos em que vivermos.
Existe outra parte de nós que recebe os julgamentos, e essa parte chama-se: a Vítima. A Vítima carrega a culpa, a responsabilidade e a vergonha. É a parte de nós que diz: "Coitado de mim, não sou bom o suficiente, não sou inteligente o suficiente, não sou atraente, não sou digno de amor, pobre de mim". O grande Juiz concorda e diz: "Sim, você não é bom o suficiente". E tudo isso é baseado num sistema de crenças que não chegamos a escolher. Essas crenças são tão fortes que mesmo anos mais tarde, depois que fomos expostos a novos conceitos e tentamos tomar nossas próprias decisões, descobrimos que essas crenças ainda controlam nossas vidas.
O que quer que vá contra o Livro da Lei irá fazer você experimentar uma sensação estranha no plexo solar, que é chamada medo. Quebrar as regras do Livro da Lei abre seus ferimentos emocionais, e sua reação cria veneno emocional. Porque tudo que está no Livro da lei tem de ser verdade, qualquer coisa que desafie aquilo em que você acredita irá produzir uma sensação de insegurança. Mesmo que o Livro da Lei esteja errado, ele faz com que você se sinta seguro.

É por isso que precisamos de um bocado de coragem para desafiar nossas próprias crenças. Ainda que saibamos não haver escolhido nenhuma dessas crenças, também é verdade que terminamos por concordar com todas elas. A concordância é tão forte que mesmo que a gente entenda o conceito de que não são nossas verdades, sentimos a culpa e a vergonha que ocorrem se formos contra essas regras.
Assim como o governo possui o Livro de leis que regula o sonho da sociedade, o nosso sistema de crenças possui o Livro da lei. que regulamenta nosso sonho pessoal. Todas essas leis existem em nossa mente, acreditamos nelas, e o Juiz dentro de nós baseia tudo nessas regras. O Juiz decreta e a Vítima sofre a culpa e o castigo. Mas quem disse que existe justiça nesse sonho? A verdadeira justiça é pagar uma vez apenas por cada erro. A injustiça verdadeira é pagar mais de uma vez por cada erro.
Quantas vezes pagamos por um erro?

A resposta é: milhares de vezes. O ser humano é o único animal na Terra que paga milhares de vezes pelo mesmo erro. O resto dos animais paga apenas uma vez pelo erro cometido.
(...)
Don Miguel Ruiz - Os 4 Compromissos

(informação do livro colhida no Pistas do Caminho)

A Perversão Humana - Uma Visão Psicanalística

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , , , | Posted on 20:32

Rudolf Höss 
O Nazismo

Na realidade, o que choca nos depoimentos dos genocidas nazistas é que a pavorosa normalidade de que eles dão prova é efetivamente o sintoma não de uma perversão no sentido clínico  do termo (sexual, esquizóide ou outra), mas de uma adesão a um sistema perverso que sintetiza, sozinho, o conjunto de todas  as perversões possíveis.
Nos campos, com efeito, todas as componentes de um gozo do mal completamente estatizado ou normalizado estavam presentes sob formas diversas: escravidão, torturas psíquicas e corporais, tonsura dos cabelos, afogamento, estrangulamento, assassinato, eletrocução, humilhação, aviltamento, estupros, sevícias, degradações, vivissecção, tatuagens, desnutrição, violências sexuais, proxenetismo, experimentos médicos, devoramento  por cães etc. Em suma, o conjunto do sistema genocida visava não apenas ao extermínio de todas as categorias ditas “impuras” do gênero humano, mas também à fabricação do “prazer extraordinário”, segundo a fórmula de Eugen Kogon,  que os carrascos da SS podiam ter nisso. Como prova esse relato, que resume o essencial da estrutura perversa típica do nazismo, uma estrutura da qual está excluído todo acesso possível à sublimação — inclusive a sacrificial: “O oficial SS faz sair das fileiras três músicos judeus. Pede-lhes para executarem um trio de Schubert. Abalado por essa música, que ele adora, o oficial SS deixa as lágrimas invadirem-lhe os olhos. Em seguida, uma vez terminada a peça, envia os três músicos para a câmara de gás.” Como não pensar aqui no famoso Lazarus Morell, descrito por Borges, que se apresentava como um redentor da humanidade? Ele resgatava os escravos e só os punha em liberdade para melhor se deleitar com o prazer de exterminá-los... 
Para além de todas as diferenças que os caracterizavam —  Höss não se parece nem com Eichmann, nem com Himmler, nem com Göring —, os genocidas e dignitários nazistas tiveram como ponto comum renegar os atos que haviam cometido. Confessem o crime ou refutem sua existência, a atitude é a mesma. Trata-se ora de negar um ato, ora de fingir ignorá-lo para reportar sua causalidade original a uma autoridade idealizada, como se o “obedeci ordens” pudesse contribuir para inocentar seu autor e deliciá-lo com sua arte da renegação e do travestimento. 
E, uma vez que a adesão fanática a um sistema perverso leva a uma renegação primordial do ato, compreendemos por  que os genocidas nazistas não se contentaram em negar o crime que haviam cometido. Fizeram questão, por toda parte, de acrescentar à renegação um desmentido suplementar, consumando assim um crime perfeito, que consistia em apagar todo e qualquer vestígio de aniquilamento. Matar o judeu e matar também a testemunha da matança, eis o mandamento principal dos responsáveis pelo extermínio. Assim, os Sonderkommando, encarregados pelos SS de esvaziar as câmaras de gás e queimar os corpos nos crematórios, eram escolhidos porque eram judeus e, portanto, destinados a ser exterminados por sua vez a fim de jamais virem a testemunhar o que presenciaram.

(…) É naturalmente aos judeus que Höss concede o prêmio da vileza, ao mesmo tempo em que afirma nunca ter sentido a menor hostilidade a seu respeito. Chega inclusive a condenar o anti-semitismo pornográfico de Julius Streicher, que, a seus olhos, ridiculariza o anti-semitismo “sério”. Descreve os judeus como criaturas ignóbeis que poderiam muito bem ter fugido da Alemanha em vez de atulhar os campos de concentração e obrigar assim os infelizes SS a exterminá-los. Personificação do mal, perverso entre os perversos, o judeu seria assim, segundo a classificação de Höss, responsável pelo ódio que suscita e portanto pela necessidade de sua própria condenação à morte. “Conheço o caso de um judeu”, conta ele horrorizado com tanta perversão, “que mandou um enfermeiro arrancar-lhe  as unhas do pé, enfermeiro ao qual ele dera de presente uma caixa de cigarros, conseguindo assim ser hospitalizado.”
 Elisabeth Roudinesco

Marquês de Sade - Uma Visão Psicanalítica da Perversão

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , , | Posted on 20:00


Marquês de Sade

Claro, o universo romanesco de Sade é povoado por grandes feras libertinas — Blangis, Dolmancé, Saint-Fond, Bressac, Bandole, Curval, Durcet —, mas em nenhum momento estes reivindicam qualquer filosofia do prazer, do erotismo, da natureza ou da liberdade individual. Muito pelo contrário, o que põem em ação é uma vontade de destruir o outro e se autodestruir num transbordamento dos sentidos. Em tal sistema, a natureza é claramente reivindicada como fundamento possível de um direito natural, mas sob a condição de que seja apreendida como a fonte de todos os despotismos. A natureza no sentido sadiano é atormentada, passional, excessiva, e a melhor maneira de servi-la é seguir seu exemplo. Sade distorce então o Iluminismo numa “filosofia do crime e a libertinagem numa dança da morte”. 

Contra os enciclopedistas, que tentam explicar o mundo pela razão e por uma exposição dos saberes e técnicas, Sade constrói uma Enciclopédia do mal fundada na necessidade de uma rigorosa pedagogia do gozo ilimitado. Eis por quê, ao descrever o ato sexual libertino — sempre fundado no primado da sodomia —, compara-o ao esplendor de um discurso perfeitamente construído. Ou seja, a princípio, o ato sexual perverso, em sua formulação mais altamente civilizada, e mais sombriamente rebelde — a de um Sade ainda não definido como sádico pelo discurso psiquiátrico —, é um relato, uma oração fúnebre, uma educação macabra, em suma, uma arte da enunciação tão ordenada quanto uma gramática e tão desprovida de afeto quanto um curso de retórica

O ato sexual sadiano não existe senão como uma combinatória cuja significação excita o imaginário humano: um real em estado puro, impossível de simbolizar. O esperma — ou melhor, a “porra” — fala nesse caso em lugar do sujeito. “Na posição em que me instalo”, diz Dolmancé a Eugénie no momento em que esta é “agarrada” por Madame de Saint-Ange, “minha vara está rente às suas mãos, senhora. Faça a mercê de masturbá-la, por favor, enquanto chupo esse cu divino. Enfie mais a língua; não se limite a lhe chupar o clitóris; faça essa língua voluptuosa penetrar até a matriz: é a melhor maneira de apressar a ejaculação da sua porra.”



 Elisabeth Roudinesco (1944, Paris) ativa participante da vida social e política de seu país, a autora defende o potencial emancipador da psicanálise e relativiza o tratamento individual, que considera conservador.
Também condena a cultura farmacológica e defende o uso de medicamentos apenas como auxílio no tratamento através da palavra. É autora de mais de vinte livros, entre os quais os dois volumes da História da psicanálise na França (1994), o Dicionário de psicanálise (com Michel Plon) (1997), o ensaio A família em desordem (2002) e O paciente, o terapeuta e o Estado (2004), entre outros.


Presta Atenção, Há Ladrões

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , | Posted on 19:20



«Todo o cuidado é pouco nestas veredas da vida. Seres que se achegam e nos apartam de nós. São como Duendes da Desatenção. A princípio, charmosos e eloquentes, e logo reviram as moléculas nos afastando do essencial. Da trilha da vida. Da Nossa Trilha. São pequenos sorvedouros de água, Água Anímica.
A Bela tem sempre consigo a figura do Monstro ou da Besta. São quase indissociáveis. É preciso estar alerta para perceber as suas movimentações. Na maior parte do tempo, rouba-nos as faculdades de pensar uma palavra, e de pensá-la com clareza. Agora, imaginemos, se tivéssemos a ousadia de nos estendermos para lá do seu terreno de actuação? Viríamos como, a sua perspicácia, é atordoadora. Diria que: "Come-te, esse lado do hemisfério onde habitam as ciências da escrita, a construção das palavras. Obriga-te a esquecê-las. Anseia por desejá-las todas para si."

Há pessoas que constroem bibliotecas interiores, por meio de aspiração. Limpando cérebros, sorvendo-lhes o pouco que têm. Tornando-te mais inconsciente de Ti e de Pensares e de Evoluíres. Eles não querem a tua Evolução. Eles anseiam a tua ignorância e aspiram assim, o Poder da tua Inteligência. São assazes nessa construção, e usam quem tu menos esperas para servirem de sorvedouro das tuas mais ricas capacidades.
Eles desejam o açaimo e a burka de toda a tua Alma e Corpo. Eles anseiam que descentralizes o mais que puderes de Ti, e te juntes à imbecilidade. Eles não querem a tua evolução e sim, o teu desastre humano. Eles são mais pobres de espírito, do que a tua pobreza física. Eles são os ávidos de Luz. Anseiam apagar a Luz da Vida. A tua Luz de Vida.

Eles nunca te dirão nada, dos seus reais intentos. Nunca. Nunca! Certifica-te disto, miúda. Mas serão hábeis, a fazer de ti um pião. Eles são egoístas, pensam em favor de si mesmos. Nada mais!!»

NãoSouEuéaOutra  in «Cadernos Escorpiónicos»

Nada-Ninguém

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in | Posted on 18:40




Não estreitava relações com nada-ninguém, conservando-me na obscuridade. Sei que os piores dias de minha vida foram todos. Esborralhas congênitas: dentes ainda na juvenescência saíram dos quícios dos eixos; apodrecimento precoce - perdi o riso.

 Evandro Affonso Ferreira in: Os piores dias de minha vida foram todos. Ed. Record, p. 15.

Não Quero Ser Mais Um Palhaço

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in | Posted on 19:06


«Não sei que Vidas vivi. Senti-me sempre um Palhaço. Como se uma Legião Oculta tivesse tido a ousadia de comandar todos os sectores que me pertenciam à nascença. Um dia, veio um Turbilhão, que se transformou num Holocausto e levou o que restava do Palhaço. Quebrou todos os risos, todos os sonhos, e o pior, a inocência que fazia mover esta engrenagem que me levava pela mão adentro em direcção ao mundo. Onde todos os lugares me pertenciam a bem ou a mal. 

Essa podridão, quebrou todos os códigos para que pudesse cheirar o seu Fel, e como tal, viesse a feder tanto, que nenhum congénere se aproximasse desta Criatura. Levando, então, essa marca, insígnia prosaica que denunciava o castigo; essa a qual não deveria ter sido submetida, por não me pertencer.

O resto do Palhaço que me habitava, vive vomitando os vermes. Coça noite adentro, cujo abismo é feito de pesadelos. Pesadelos que viajam até ao reino interdito aos comuns dos mortais. Posto que, outorgaram-me um destino vil, ácido e contra-corrente.

Hoje em dia, chamam-me de Palhaço Negro. Pareço um pedaço de carvão. 

Talvez, a Fénix, seja condescendente e me doa a Vida, mais uma vez.»

NãoSouEuéaOutra in «Caderno Escorpiónico»


Esse Esperar

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in | Posted on 18:34



És o Fogo da escrita; a Lenda da Vida. Estou no Cais esperando o retorno à Linguagem da minha Mátria. Trago-te memória adentro, como o mais belo ritual. Sobre ti depositei a Terra, como último gesto do meu Amor. Um amor de outras paragens. De Ti, só as mais belas manifestações podem nascer.

NãoSouEuéaOutra in «Cadernos de Afrodite»

Os demônios do Demônio

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , | Posted on 17:23



 Os demônios do Demônio 
  -
Eduardo Galeano*

Esta é uma modesta contribuição à guerra do Bem contra o Mal. O autor coloca alguns "identikits" que nos ajudam identificar os diversos semblantes do Príncipe das Trevas. Neste conjunto só estão os demônios que existem há muito, muito tempo, e que há séculos ou milênios continuam ativos no mundo. 


O Demônio é muçulmano 

Dante já sabia que Mahona era terrorista.  Por alguma razão o colocou em um dos círculos do inferno, condenado à pena de prisão perpétua. "O vi partido", celebra o poeta da Divina Comédia, "desde a barba até a parte inferior do ventre...". 

Mais de um Papa já tinham comprovado que as hordas muçulmanas, que atormentavam a cristandade, não eram formadas por seres de carne e osso, eram um grande exército de demônios que aumentava quanto mais sofria com os golpes das lanças, das espadas e dos arcabuzes. 

Hoje em dia, os mísseis fabricam muito mais inimigos que os inimigos das entranhas. Porém, que seria de Deus, afinal de contas, sem inimigos? O medo impera, as guerras existem para desbaratar o medo. A experiência prova que a ameaça do inferno é sempre mais eficaz que a promessa do Céu. Benditos sejam os inimigos. Na Idade Média, cada vez que o trono tremia, por bancarrota ou fúria popular, os reis cristãos denunciavam o perigo muçulmano, desatavam o pânico, lançavam uma nova Cruzada, o santo remédio. Agora, há pouco tempo, George W. Bush foi reeleito presidente do planeta graças o oportuno aparecimento de Bin Laden, o grande Satã do reino, que as vésperas das eleições anunciou, pela televisão, que ia comer todas as crianças.  

Lá pelo ano de 1564, o especialista em demonologia Johann Wier teria contado os demônios que estavam trabalhando na terra, a tempo integral, a favor da perdição das almas cristãs.  Eram sete milhões quatrocentos e nove mil cento e vinte sete, que agiam divididos em setenta e nove legiões.

Muita água fervente passou, depois daquele censo, debaixo das pontes do inferno. Quantos são, hoje em dia, os enviados do reino das trevas? As artes do teatro dificultam as contas. Estes falsos continuam usando turbantes, para ocultar seus cornos, e longas túnicas tampam os rabos do dragão, suas asas de morcego e a bomba que carregam debaixo do braço.

O Demônio é judeu 

Hitler não inventou nada. Há mil anos, os judeus são os imperdoáveis assassinos de Jesus e os culpados de todas as culpas.  

Como? Jesus era judeu? E judeus eram também os doze apóstolos e os quatro evangelistas? O quê você disse? Não pode ser. As verdades reveladas estão além das duvidas e não exigem mais evidencias do que a própria existência. As coisas são como se diz que são, e se diz porque se sabe: nas sinagogas o Demônio dá aulas e os judeus desde há muito se dedicam a profanar hóstias e a envenenar águas bentas. Por causa deles aconteceram bancarrotas econômicas, crises financeiras e derrotas dos militares; são eles que trouxeram a febre amarela e a peste negra e todas as outras pestes.  

A Inglaterra os expulsou, nenhum escapou, no ano de 1290, porém isso não impediu Chaucer, Marlowe e Shakespeare, que nunca tinham visto um judeu, fossem obedientes à caricatura tradicional e reproduzissem personagens judeus segundo o modelo satânico de parasita sanguessuga e o avaro usurário.

Acusados de servir ao Maligno, estes malditos andaram durante séculos de expulsão em expulsão e de matança em matança.Depois da Inglaterra foram sucessivamente expulsos da França, Áustria, Espanha, Portugal e de numerosas cidades suíças, alemães e italianos. Os reis católicos Izabel e Fernando expulsaram os judeus e também os muçulmanos porque sujavam o sangue. Os judeus haviam vivido na Espanha durante treze séculos.  Levaram com eles as chaves de suas casas. Há quem as guardem ainda. Nunca mais voltaram.  

A colossal carnificina organizada por Hitler culminou uma longa historia de perseguição e humilhação. 

A caça aos judeus tem sido sempre um esporte europeu. 

Agora, os palestinos que jamais a praticaram, pagam a culpa.

O Demônio é mulher.  

O livro Malleus Maleficarum, também chamado O martelo das bruxas (El maritllo de lãs brujas) recomenda o mais ímpio exorcismo contra o demônio que tem seios e cabelos compridos.  

Dois inquisidores alemães, Heinrich Kramer e Jakob Sprenger o escreveram, a pedido do Papa Inocêncio VIII, para enfrentar as conspirações demoníacas contra a Cristandade. Foi publicado pela primeira vez em 1486 e até o final do século XVIII foi o fundamento jurídico e teológico dos tribunais da Inquisição em vários países. Os autores afirmavam que as bruxas, do harém de Satanás, representavam as mulheres em estado natural: "Toda a bruxaria provem da luxuria carnal que nas mulheres é insaciável". E demonstravam que "esses seres de aspecto belo, cujo contato é fétido e a companhia mortal" encantavam os homens e os atraiam com silvos de serpentes, rabos de escorpião para aniquilálos. 

Os autores advertiam aos incautos: "A mulher é mais amarga que a morte. É uma armadilha. Seu coração, uma rede e correias, seus braços". Este tratado de Criminologia, que enviou milhares de mulheres às fogueiras da Inquisição, aconselhava que todas as suspeitas de bruxaria fossem submetidas a tortura. Se confessassem mereceriam o fogo. Se não confessassem também porque só uma bruxa, fortalecida por seu amante o Demônio nos conciliábulos das bruxas podia resistir a semelhante suplicio sem soltar a língua.  

O papa Honório III sentenciara que o sacerdócio era coisa de machos: - As mulheres não devem falar. Seus lábios têm o estigma de Eva que provocou a perdição dos homens. 

Oito séculos depois, a Igreja Católica continua negando o púlpito às filhas de Eva. 

O mesmo pânico faz os mulçumanos fundamentalistas as mutilem o sexo e lhes cubram a cara. 

E o alivio pelo perigo conjurado leva os judeus mais ortodoxos a começar o dia sussurrando: "Graças, Senhor, por não me ter feito mulher".


O Demônio é homossexual 

Desde 1446, os homossexuais iam para a fogueira em Portugal.  Desde 1497 eram queimados vivos na Espanha. O fogo era o destino merecido pelos filhos do inferno, que surgiam do fogo.

Na América, ao contrário, os conquistadores preferiam jogá-los aos cachorros. Vasco Núnez de Balboa que entregou muitos deles para a refeição dos cães, acreditava que a homossexualidade era contagiosa. Cinco séculos depois, ouvi o Arcebispo de Montevidéu dizer o mesmo. Quando os conquistadores apontaram no horizonte, só os astecas e os incas, em seus impérios teocráticos, castigavam a homossexualidade com a pena de morte. Os outros americanos a toleravam e em alguns lugares a celebravam, sem proibição ou castigo. 

Esta provocação insuportável devia desencadear a cólera divina. Do ponto de vista dos invasores a varíola, o sarampo e a gripe, pestes desconhecidas que matavam índios como moscas, não vinham da Europa, mas sim do Céu. Assim, Deus castigava a libertinagem dos índios que praticavam a anormalidade com toda a naturalidade.  

Nem na Europa, nem na América, nem em nenhum lugar do mundo se levou em conta os muitos homossexuais condenados ao suplicio ou a morte pelo delito de sê-lo. Nada sabemos dos longínquos tempos e pouco ou nada sabemos dos tempos de agora. 

Na Alemanha nazista, estes "degenerados culpados de aberrante delito contra a natureza" eram obrigados a exibir a estrela amarela. Quantos foram para os campos de concentração? Quantos lá morreram? Dez mil cinqüenta mil? Nunca se soube. Ninguém os contou, quase ninguém os mencionou. Tampouco se soube quantos foram os ciganos exterminados. 

No dia 18 de setembro de 2002, o governo alemão e os Bancos suíços resolveram "retificar a exclusão dos homossexuais entre as vitimas do Holocausto". Levaram mais de meio século para corrigir essa omissão. A partir dessa data os homossexuais que tinham sobrevivido em Auschwitz e em outros campos, se é que ainda haja algum vivo, puderam reclamar uma indenização.


O Demônio é índio  

Os conquistadores descobriram que Satã, quando expulso da Europa tinha encontrado refugio na América. Nas ilhas e nas praias do mar do Caribe, beijadas dia e noite por seus lábios flamejantes, habitadas por seres bestiais que andavam nus, tal como o Demônio os havia colocado no mundo, que cultuavam o sol, a terra, as montanhas, os mananciais e outros demônios disfarçados de deuses, que chamavam de jogo ao pecado carnal e o praticavam sem horário nem contrato, que ignoravam os dez mandamentos e os sete sacramentos e os sete pecados capitais, que não conheciam a palavra pecado nem temiam o inferno, que não sabiam ler nem tinham nunca ouvido falar do direito de propriedade, nem de nenhum direito e que, como se tudo isso fosse pouco, tinham o costume de comerem uns aos outros. E crus. 

A conquista da América foi uma longa e difícil tarefa de exorcismo. Tão arraigado estava o Demônio nestas terras, que quando parecia que os índios se ajoelhavam devotamente ante a Virgem, estavam na realidade adorando a serpente que ela amassava com o pé, e quando beijavam a Cruz não estavam reconhecendo ao Filho de Deus, mas estavam celebrando o encontro da chuva com a terra. 

Os conquistadores cumpriram a missão de devolver a Deus o ouro, a prata e outras várias riquezas que o Demônio havia usurpado. Não foi fácil recuperar o tesouro. Ainda bem que de vez em quando recebiam alguma pequena ajuda de lá de cima. Quando o dono do inferno preparou uma emboscada em um desfiladeiro, para impedir a passagem dos espanhóis em busca da prata de Cerro Rico de Potosi, um arcanjo baixou das alturas e lhe deu uma tremenda surra.
 

O Demônio é negro 
 
Como a noite, como o pecado, o negro é inimigo da luz e da inocência. 

Em seu célebre livro de viagens, Marco Pólo fala dos habitantes de Zanzibar. "Tinham uma boca muito grande, lábios muito grossos e nariz como o de um macaco. Caminhavam nus, totalmente negros e para quem de qualquer outra região que os visse acreditaria que eram demônios".

Três séculos depois, na Espanha, Lúcifer, pintado de negro, trepado numa carroça em chamas, entrava nos pátios das comédias e nos palcos da feiras. Santa Tereza de Jesus que viveu para combatê-lo, apesar disso nunca pode entendê-lo. Uma vez ficou ao lado e viu "um negrinho abominável". Outra vez ela viu que do seu corpo negro saía uma chama vermelha, quando se sentou encima de seu livro de orações e queimou os textos do oficio religioso.

Uma breve história do intercambio entre África e Europa: durante os séculos XVI, XVII e XVIII, a África vendia escravos e comprava fuzis. Trocava trabalho pela violência. Os fuzis punham ordem no caos infernal e a escravidão iniciava o caminho da redenção. Antes de serem marcados com ferro quente, na cara e no peito, todos os negros recebiam uma boa unção de água benta. O batismo espantava o demônio e dava alma a esses corpos vazios. Depois, durante os séculos XIX e XX, a África entregava ouro, diamantes, cobre, marfim, borracha e café e recebia Bíblias.Trocava produtos por palavras. Supunha-se que a leitura da Bíblia podia facilitar a viagem dos africanos do inferno para o paraíso, porém a Europa esqueceu de ensinálos a ler.

 
O Demônio é estrangeiro  

O "culpometro" indica que o imigrante vem roubar-nos o emprego e o "perigosimetro" acende a luz vermelha. Se for pobre, jovem e não for branco, o intruso, que veio de fora, está condenado, a primeira vista, por indigência, inclinação ao tumulto ou por ter aquela pele. De qualquer maneira, se não é pobre, nem jovem, nem escuro, deve ser mal recebido porque chega disposto a trabalhar o dobro em troca da metade.

O pânico diante da perda de emprego é um dos medos mais poderosos entre todos os medos que nos governam nestes tempos de medo. E o imigrante está sempre disponível para ser acusado como responsável do desemprego, da queda do salário, da insegurança pública e outras temíveis desgraças.


Antes a Europa distribuía para mundo soldados, presos e camponeses mortos de fome. Estes protagonistas das aventuras coloniais passaram à história como agentes viajantes de Deus. Era a Civilização lançada nos braços da barbárie.

Agora a viagem vai à contra-mão. Os que chegam, ou tentam chegar do sul em direção ao norte, não trazem nenhuma faca entre os dentes nem fuzil no ombro. Vêem de países que foram oprimidos até a última gota de seu sugo e não tem a intenção de conquistar nada além de um trabalho ou trabalhinho.Estes protagonistas das desventuras parecem, muito mais, mensageiros do Demônio. É a barbárie que toma de assalto a Civilização.

 
O Demônio é pobre 

Se lambem enquanto você come, espiam enquanto você dorme: os pobres espreitam. Em cada um se esconde um delinqüente, talvez um terrorista.

Os bens de poucos sofrem a ameaça dos males de muitos. Nada de novo. Tem sido assim desde quando os donos de tudo não conseguem dormir e os donos de nada não conseguem comer.

Submetidas a um acossamento durante milhares de anos, as ilhas da decência estão encurraladas pelos turbulentos mares da vida desgraçada. Rugem as ondas sucessivas que forçam viver em sobressalto perpétuo. Nas cidades de nosso tempo, imensos cárceres que prendem os prisioneiros ao medo, as fortalezas dizem ser casas e as armaduras simulam ser trajes.

Estado de sítio. Não se distraia, não baixe a guarda, desconfie: você está estatisticamente marcado, mais cedo ou mais tarde terá que sofrer algum assalto, seqüestro, violação ou crime.

Nos bairros malditos espreitam, ocultos, remoendo invejas, tragando rancores, os autores de sua próxima desgraça. São vagabundos, pobres diabos, bêbados, drogados, carne de cárcere ou bala, pessoas sem dentes sem rumo e nem destino.

Ninguém os aplaude, porém os ladrões de galinha fazem o que podem imitando, modestamente, os mestres que ensinam ao mundo as fórmulas do êxito. Ninguém os compreende, porém eles aspiram serem cidadãos exemplares, como esses heróis de nosso tempo que violam a terra, envenenam o ar e a água, estrangulam salários, assassinam empregos e seqüestram países. 

*Jornalista e escritor 
Tradução: Celeste Marcondes 
Outubro de 2005

Retirado de dominiotemporário


A Dor Que Se Faz Dentro

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , | Posted on 17:43


«Todos os fins são dolorosos. Todos sem excepção. Não há substitutos para a dor, seja ela qual for. Uns podem lidar melhor com ela, do que outros, e isso não implica que sejam fortes. Os que vão adiante, sem dor e com desprezo total e rindo-se das atrocidades que fazem, ou daqueles que ficam pelo caminho, são meros psicopatas (como é moda ser referido pela psicologia moderna). 

Todos os fins são dolorosos. Desde o fim de um amor, à morte de um ente próximo. Tudo aquilo que é preponderante e vital na vida, carrega sempre um preço: a dor. A dor, não tem contratos, ela é senhora do seu tempo, e é quem decidirá os termos da sua finitude.  Nessa medida, não adianta nossos jogos para tapá-la, porque tem um comportamento de Lobo vestido de Cordeiro. Há sempre uma hora que ela tira a máscara e grita das profundezas.

Um dia, toda a dor, se tornará tristeza. Um dia, muito tempo depois, ela renascerá numa saudade.»


NãoSouEuéaOutra in «Cadernos Escorpiónicos»



Toma Lá...

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , | Posted on 17:14



Não há Santas nem Pecadoras, há as Magníficas. Inteiras. Assim, Feias e Bonitas. Tudo num só pacote.

Merda Céu Aberto

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , | Posted on 13:11

Que merda que isto está! Uma grande merda a céu aberto. Com toda a certeza, e mais certeza que isso, não podia ser.


Entre Os Tempos, As Mentalidades

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , | Posted on 15:54


Entre um Tempo de Castração e um outro, de Libertinagem. Ambos, pólos do excesso. Nenhum nos fala da Liberdade.

Quase tudo, para não dizer tudo, é simbólico nesta fotografia. Onde muito se revela. A própria coluna que separa as realidades, é Fálica.

Muitas Vezes É ASSIM

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in | Posted on 15:45


Ora Esta #0001

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in | Posted on 18:57

Paulinho da Viola: tivemos a Idade Média, agora é a Idade Mídia.

Ventre e Sombra

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , , , | Posted on 17:43

Nasci da escuridão do Ventre, e Sombra me tornei neste mundo. Entre pesadas lutas internas e querendo respirar, assim a vida correu-me. Os outros, esses já nasceram com a vida feita, à sua espera. A vida (foi)é-lhes mansa, e na curva sempre um salvamento e um abraço.
Eu, nascida do Ventre Escuro, caí para a Lama e tornei-me Negra e Indesejada. Como se a Peste estivesse nos meus olhos e contaminasse tudo. Sou um Ser que poucos conheceram, e que raros souberam olhar. Os que olharam, apenas viram-se no espelho, e deslocaram os olhos da moldura. Essa moldura de que sou feita!

NãoSouEuéaOutra in  «Cadernos Escorpiónicos»


(...)Nenhum ser humano nasceu para ser segunda opção de ninguém, o "Plano B" como antídoto da solidão(...) - por cantodaboca

Histórias #01

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , | Posted on 14:19

Silêncio!

Essa História de Princípes Encantados

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , , , , , | Posted on 13:44

As mulheres têm fios desligados.

( excerto )

e pergunto-me se os homens gostam verdadeiramente das mulheres. Em geral querem uma empregada que lhes resolva o quotidiano e com quem durmam, uma companhia porque têm pavor da solidão, alguém que os ampare nas diarreias, nos colarinhos das camisas e nas gripes, tome conta dos filhos e não os aborreça. Não se apaixonam: entusiasmam-se e nem chegam a conhecer com quem estão. Ignoram o que ela sonha, instalam-se no sofá do dia a dia, incapazes de introduzir o inesperado na rotina, só são ternos quando querem fazer amor e acabado o amor arranjam um pretexto para se levantar (chichi, sede, fome, a janela de que se esqueceram de baixar o estore) ou fingem que dormem porque não há paciência para abraços e festinhas, pá, e a respiração dela faz-me comichão nas costas, a mania de ficarem agarradas à gente, no ronhónhó, a mania das ternuras, dos beijos, quem é que atura aquilo? 
Lembro-me de um sujeito que explicava:
- O maior prazer que me dá ter relações com a minha mulher é saber que durante uma semana estou safo e depois pegam-nos na mão no cinema, encostam-se, colam-se, contam histórias sem interesse nenhum que nunca mais terminam, querem variar de restaurante, querem namoro, diminutivos, palermices e nós ali a aturá-las.

António Lobo Antunes


Por isso, a NãoSouEuéaOutra, já não sonha e faz tanto tempo. Também, tanto tempo que não olha para um homem. O interesse se esfumou, virou pó. A vida, não permite e, também já não acredita. O Amor só é bom, quando há dois que se amam e compartilham a vida. 
Morreu o Homem, morreu o Sexo e, morreu o Amor, também com ele, o sonho! Porque a NãoSouEuéaOutra, enterrou-se. Hoje, vagueia pelo mundo. É uma Sombra de Verdade. Calada e pasmada!! Até as Palavras, vão perdendo a sua força.

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