Foggy Days
Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in Arte , As Palavras , Cinema , Escrita Criativa , Fotografias , Imaginação , Letras , Terror | Posted on 21:30
« nunca saberás! tão claro quanto isso. as palavras são simples, apenas para te confundir. disseram que a neblina subiu-lhe pela pele acima. poderia ter sido pela pele abaixo. mas não ocorreu desse modo. poderia, poderia... mas não foi! ficou mortificada a observar a ínfima dimensão de ser um rato enlouquecido. estava presa num alpendre. quem duvidaria de tal semelhança com a realidade? ninguém! ele era infinitesimal. poderia alguém saber disso? não, não!!! a insignificância das suas patas, não lhe permitiam subir pelas paredes; e se é que era possível subir pelas paredes.
tu sabes que não estou a falar de ratos. eu nem sei o que é um rato. acreditas? deverias acreditar. vou dizer-te o porquê! no planeta onde vivo, há um aparelho mágico que projecta imagens, tudo é silencioso. nem um som. de vez em quando surge em grande plano a palavra, Rato. determinei que tudo o que fica preso na malha do tempo, é rato. contanto, não sei o que é um rato. posso dizer-te, que de tempos a tempos surgem outras palavras, tais como, Queijo. é tão irracional que não percebo. queijo?? esta semana, li uma nova palavra, Ratoeira. estou a tentar perceber. só que eu sou uma casa. estou inserida num aglomerado de edifícios, sou o último, o 14º andar e em cima da minha cabeça, existe uma piscina. podem ver como é confuso o meu cérebro »
NãoSouEuéaOutra, in, « queira deus que o rato seja mentiroso ».
26 de Dezembro de 2011
Lonely Days
Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in Fotografias , Imaginação , Teatro , Vidas | Posted on 21:01
« tem qualquer coisa na cidade. qualquer coisa inexprimível. tudo o que faz é assobiar e rodopiar. há quem diga que são centopeias a caminhar; há quem diga que são hienas à espera. todos os rumores indicam que são candeeiros perdidos no tempo, na memória dos amores que já vivenciaram. nem Vasco Santana* teria admirado tanto um candeeiro de rua, como este o admirou! »
* considerado um dos melhores actores portugueses da sua geração.
26 de Dezembro de 2011
«é o burro que me guia, ou sou eu, que guio o burro?»
Não sei o que se passa comigo; a cada dia, estou cada vez mais viciada em vozes. Explico melhor... vocalidade e som. Pelo mesmo caminho, vão as palavras. Mas vós, nunca ireis poder compreender o porquê desta minha obsessão compulsiva. Quando vós tedes uma espécie de pedra na garganta, a paisagem muda; quando vós tedes um pedregulho nos ouvidos, o vento torna-se demasiado precioso; quando vós tedes areia nos neurónios, a vergonha começa a entupir.
«Não me basta discursos intelectuais elaborados se toda a alma está fora do caminho.» - poderia dizer qualquer pessoa que quisesse atingir a simplicidade das coisas.
Quinta-feira, 22 de Dezembro de 2011
in '' A habitante Teatral ''
Viver
Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in As Palavras , Auto-Consciência , Consciência , Curtas e Rápidas , Deserto , Imaginação , Inconsciente , Insanidade | Posted on 11:50
« preciso de desocupar esta casa (imensa) que sou. há gentes estranhas e inconvenientes. ruídos por demais ruidosos perambulando pelos corredores. janelas abertas e clarabóias indevidamente projectadas. há demasiada gente para uma casa tão imensa, quando preciso cavalgar o meu cavalo pelos corredores e ser Eu. »
Sexta-feira, 16 de Dezembro de 2011
Sea
Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in As Palavras , Inconsciente , Mar , Movimento , Ondas | Posted on 11:39
« disseram-me que o nome daquele mar, não era para ser ouvido sobre esta terra... apenas poderia saboreá-lo no tecto da boca! »
Sexta-feira, 16 de Dezembro de 2011
Eternidade
Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in Anjos , Eternidade , Fotografias , Vida | Posted on 13:27
« ...o seu mal, sempre foi o anseio da Eternidade. Julgou que a permanência seria eterna. Acreditou tão fielmente. Acreditou mais do que todos e por isso amou tanto e tão imperfeitamente. Poucos lhe descobriam a alma. »
NãoSouEuéaOutra in « Fragmentos Interiores »
Resinas de Abulia
Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in Amor , Força , Génio , Loucura , Poesia , Profundidade , Violeta Teixeira | Posted on 13:00
Se, ao leitor, lhe não agrada o registo
Disfórico da minha poesia, liberte-me das
Grades da cela; dê-me a beber o Sol de cada
Dia; pendure-me nos tectos bolorentos cachos
Azuis e sensuais de astros; traga-me pombos
Bravos para cima da minha cama, com plumagens
Esmeralda e bicos de ametista; plante-me, na
Terra estéril, tílias e álamos e abetos e cedros e
Faias e árvores-outras de que goste; semeie-me,
Entre pedras belíssimas, todas as espécies de flores;
Povoe-me, esvoaçantes, pássaros exóticos, com
Cantos multicolores; ponha-me um mar bravo a
Musicar contra os rochedos, dentro dos meus olhos
Secos; faça-me navegar nas veias veleiros e gaivotas;
Espalhe-me sobre o ventre areias fulvas e macias,
Seixos negros, com arestas auríferas e lamas de argila
Brancas e verdes; chova-me vermelhos cálidos na
Alma, que nunca me foi dada, nem, aliás, a aceitaria;
Arrombe-me, depois, todas as portas do corpo, sempre
Abertas, em secreto silêncio, e faça-me amor, com poesia,
A mais eufórica que souber, no acender de cada madrugada.
Se não for capaz, leitor descontente, de tão irrisório feito,
Envie-me, na boca de uma raposa vermelha alada,
A tábua dos mandamentos da poesia, com registo eufórico,
Ou a cartografia exaustiva do labirinto da alegria.
Violeta Teixeira, in RESINAS DE ABULIA, Magno Edições, 2003
Disfórico da minha poesia, liberte-me das
Grades da cela; dê-me a beber o Sol de cada
Dia; pendure-me nos tectos bolorentos cachos
Azuis e sensuais de astros; traga-me pombos
Bravos para cima da minha cama, com plumagens
Esmeralda e bicos de ametista; plante-me, na
Terra estéril, tílias e álamos e abetos e cedros e
Faias e árvores-outras de que goste; semeie-me,
Entre pedras belíssimas, todas as espécies de flores;
Povoe-me, esvoaçantes, pássaros exóticos, com
Cantos multicolores; ponha-me um mar bravo a
Musicar contra os rochedos, dentro dos meus olhos
Secos; faça-me navegar nas veias veleiros e gaivotas;
Espalhe-me sobre o ventre areias fulvas e macias,
Seixos negros, com arestas auríferas e lamas de argila
Brancas e verdes; chova-me vermelhos cálidos na
Alma, que nunca me foi dada, nem, aliás, a aceitaria;
Arrombe-me, depois, todas as portas do corpo, sempre
Abertas, em secreto silêncio, e faça-me amor, com poesia,
A mais eufórica que souber, no acender de cada madrugada.
Se não for capaz, leitor descontente, de tão irrisório feito,
Envie-me, na boca de uma raposa vermelha alada,
A tábua dos mandamentos da poesia, com registo eufórico,
Ou a cartografia exaustiva do labirinto da alegria.
Violeta Teixeira, in RESINAS DE ABULIA, Magno Edições, 2003
(source)
Voar Partido
Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in Amor , As Palavras , Auto-Consciência , Consciência , Diários de Passeios , Escrita Criativa , Eterno Feminino , Lilith , Monólogos Dramáticos | Posted on 07:35
« o segredo de voar, estava no acto de levantar voo, mais que isso, era preciso asas. nisso concordávamos, Eu e Nicinha. embora passássemos o tempo a discordar, nisto não tínhamos a menor dúvida. somos autênticas verborrágicas e odiamos expressar-nos em público; diríamos que funciona como uma roupa que não se adequa ao nosso corpo. talvez seja essa a razão de sermos tão amigas. por isso somos tão catárticas ao fazermos uso da escrita para expiar as dores da alma e as costuras do coração. pintamos o belo e o feio; o prazer e a dor; a luz e a sombra; a vida e a morte! Introspecção e ruminação, não nos largam. »
- é preciso ter um caos dentro de si
para dar à luz uma estrela brilhante.
Nietzsche -
- cada aumento no conhecimento,
é um aumento de dor.
Goethe falando de si -
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