Aprendi a não ter alma, em especial a feminina. Nestas coisas não se pode ter alma, embora me vejam de lábios pintados, eyeliner nas pálpebras e rimel nas pestanas; tudo não passa de um jogo que favorece os interesses do jogo. Dizem que uma va - gina compra tudo, então, aproveito a vantagem.
'' Killing me softly, baby! '', no fundo é esta a verdade!! Meu caixão já está construído!!
NãoSouEuéaOutra in « As Divas »
Dissera-lhe que tinha os olhos demasiado grandes. Olhos como aqueles, tinham fome do mundo e ele era apenas uma pessoa no vasto universo que ela aspirava. Pediu-lhe desculpa por não ser o mundo inteiro. Despediu-se e foi aprender a amar quem poderia amar e deixar-se ser amado!
O que ele nunca soube e nunca poderia confessar, é que o amava desde sempre e que o mundo era um vasto deserto na sua alma. Uma pessoa tão convencida do seu sentimento nunca poderia aceitar uma, tão simples, verdade como a sua.
NãoSouEuéaOutra in « As Divas »
Zach Dischner
Sou uma Beduína Nómada. Sou antiquíssima. Continuo a percorrer os desertos. Sou uma Filha do Deserto e já vos disse centenas de vezes e vocês teimam em não me ouvir. Fui criada por entre ventanias de areias; clarões de luzes; sol a queimar a pele. Comi pasto não sendo vaca e nem boi, muito menos cabra. A vida sedentária não me fascina. Sou um espírito livre que navega pelos desertos, cuja alma se prende à intemporalidade dos dias e das noites. Tenho o privilégio de ser visitada pelas estrelas, de ser chamada à realidade adormecida. Doloroso é o despertar das trevas, e esperto, tem sido o (D)iabo que vive nas unhas dos meus pés, e há dias descobri que até faz cama nas minhas pestanas!! Ele precisa de controlar o que os meus olhos, tão cheios de deserto, andam a ver.
Não vos pertenço, oh (i)indivíduos medíocres! – digo-o muitas vezes num assombro de descontentamento.
Fiz-me sozinha, nas longas e árduas caminhadas pelas areias do deserto. O Oriente Médio pertence-me ao coração, dele me fiz e nele morri. Não me faço na religião, porque a minha religião é e pertence ao deserto. Sou uma solitária do caminho que não apela à vulgaridade e ao parecer. Fiz-me com o sangue das Serpentes; arranquei-me a mim mesma com as mandíbulas de Pantera; esperei como a Hiena pelos meus demónios e tive a coragem de ser Águia, apenas, para poder ver-me como um Deus de mim mesma (ainda que me tenham cortado meia asa).
Eu sou a Beduína. Nómada, sim. Se preferirem, podem chamar-me de Flor do Deserto, apenas para vos temperar o amargo da boca.
NãoSouEuéaOutra in '' A Beduína ''
« Ele disse-me que gostava dela. Eu disse-lhe que a amava! Desde sempre a Amei. Amei a Greta Garbo.
O que nunca lhe disse, é que precisei de amá-la. Muito. Tanto e demais para sobreviver na própria tela da vida! »
NãoSouEuéaOutra in «As Divas»
Era uma vez uma história. A história da menina com meninas deprimidas. Reza assim a dita malograda história: « um dia a menina fechou os olhos às meninas e colou as suas bocas, tapou os seus ouvidos e, por fim, atou as mãos atrás das costas em cada uma delas e afastou-as de forma a não se tocarem. Muito caladinha e tão caladinha sentou-se algures, bem longe delas e começou a pensar. Pensou pela primeira vez. Depois de muito pensar, e, pensar oferece muito trabalho, buscou uma folha muito preta, tão preta que se caísse uma fagulha branca denunciava-se de imediato, e com um lápis de ponta branca escreveu a palavra ''deprimidas''. Ficou por muito tempo olhando aquelas letras brancas mergulhadas na imensidão do negro. Passaram-se tempos e tempos e, subdividiu as palavras. Resultou algo como: Depri - Midas.
Algo aconteceu! Eurekaaaaa!
Acendeu-se uma luz estranha nos recantos escondidos do seu cérebro e percebeu que tinha comido um certo Rei Midas. Aquelas meninas deprimidas tão barulhentas eram o corpo inteiro e a alma do Rei Midas. »
NãoSouEuéaOutra in « desta vez não me fujo! »