Sou
sou a bigorna onde se bate o ferro
sou o modelo, o molde e a tenaz
sou o que almeja, pensa e realiza
sou quem imagina, sonha e faz
sou a aventura e o pungente salmo
sou a tormenta e a quieta planície
sou a medida, o metro e o palmo
águas mexidas, calma à superfície
sou o cadinho onde caldeio a vida
sou a água, o ar, o ferro e a terra
sou a montanha, o mar, a ermida
sou a declaração de paz e a guerra
sou de contradições e sonhos feito
sou o destino longe e o perto fim
sou dono do mundo no meu peito
faço por merecer a vida em mim
sou o modelo, o molde e a tenaz
sou o que almeja, pensa e realiza
sou quem imagina, sonha e faz
sou a aventura e o pungente salmo
sou a tormenta e a quieta planície
sou a medida, o metro e o palmo
águas mexidas, calma à superfície
sou o cadinho onde caldeio a vida
sou a água, o ar, o ferro e a terra
sou a montanha, o mar, a ermida
sou a declaração de paz e a guerra
sou de contradições e sonhos feito
sou o destino longe e o perto fim
sou dono do mundo no meu peito
faço por merecer a vida em mim
José Júlio Fernandez
A nossa dualidade... a incoerência da nossa coerência!
Parece que este poema foi feito à sua medida! Na poesia às vezes este fenómeno acontece: que alguém d'outro escreva algo que nos descreve por inteiro como se fossemos nós próprios a fazê-lo frente a um espelho! Um abração cheio de saudades