«Graves são as vozes! Há cães a ladrar nos Montes. Os Sóis desceram dos Céus e a Terra ardeu num Fogo feroz. Foi como um clarão que veio e ninguém viu. Ouviram-se gritos por todos os lados. Eram as Vozes dos Sufocados, dos Mortos da Vida.
O Amor tinha morrido entre os Homens! As Mulheres choravam nos Rios e nas Ribeiras; nas Veredas, nas Estradas de Alcatrão e entre os seus Seios estavam apartadas da sua mais Pura Identidade.
Diabo e Deus
A Cruz
O Céu e o Inferno
O Grito
Nada
Veio o Fogo e era Vermelho, Laranja e Amarelo. Não se sabia de onde vinha, se das profundezas da Terra, se dos Abismos do Céu. Era uma Tela nunca vista e sonhada. Era Imaginal e outorgara uma força única que se estendia por todos os planos da Existência. Era o Sétimo Mundo. A Sétima Vida. A Sétima Morte. Era o Sétimo Homem desprovido de Divindade.
O Estrondo foi colossal e a energia carregava todas as Pragas que os Homens tinham guardado nas profundezas do Coração. Eles tinham um coração pequeno. Eram como Wotan que vendeu Freya aos Gigantes.
Brame o Mar
Brame o Céu
Brame Brame Brame
Brame a Mulher
Brame a Criança
Brame Brame Brame
Poderoso o som que desceu e subiu. Chispas voaram por todos os lados. Um Sono profundo e Dantesco levou a Humanidade ao Desespero!! Atlântida, voltara a fundar-se nos corações de todos.»
NãoSouEuéaOutra in « Hostes De Fogo»
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NãoSouEuéaOutra
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08:27
(...) Estou mortinha para comer você! Devorar cada célula do corpo que
te concebe e forma. Não quero que reste nada do que você é. Nada mesmo.
Nenhum fio de cabelo pode existir. Não te suporto, seja na esquina, na
piscina, no jardim, na discoteca, na ‘’vernissage’’, na escola, no banco
de namoro, em casa. Quero que você suma da minha vida, e por isso vou
comer você todinha. Não me interessa o seu género. Não me interessa se é
gorda ou magra, bonita ou feia, alta ou baixa, jovem ou adulta, até
idosa; se é homem ou mulher e, até pode ser macaco. Pode querer que não
estou minimamente interessada. Quero apenas que você se vá tal como
apareceu e que, nem sei mais quando, à minha janela veio e entrou e foi
se sentando em toda a poltrona. Ocupou a cozinha, os quartos, as casas
de banho e tudo o mais. Você apenas invadiu tudo. Rasgou meus melhores
vestidos, minhas jubilosas saquetas de maquilhagem. Rasgou meus
sapatos, envelheceu o que amava. Você estragou o melhor e pouco se
importou se havia uma vida para ser vivida. Você, você não é boa. Você é
o demónio que encontrou a janela perfeita para entrar.
Há quanto tempo me conhece? Quanto tempo?? Tem vergonha de dizer, mas
não tem vergonha de brincar e fazer o que quer e como entende?! Entenda,
preciso de comê-la; primeiro preciso de estrangulá-la, para depois
poder comer tudo sem a sua voz, as suas mãos e a sua respiração. Você
não pode mais ter vida própria! Ouviu? Deixe-se de mostrar escondida e
agarrar pelos dedos dos pés e virar para baixo as coisas. Só posso
chamar as coisas, porque são tantas as coisas. Você gosta do cansaço,
não é? Gosta de fazer o que faz? Pode ao menos nessa sua demência,
porque não sei como hei-de rotulá-la ou até etiquetar, qual é a sua
pretensão? Você beira a grosseria, é que nem tem estilo, logo não posso
respeitar a sua condição que é abjecta. Que consideração você tem?
Nenhuma. O seu estado é completamente zero. Teimou que haveria de me
enterrar na desgraça! Por isso, você vai ter que entender, que preciso
de saber quem você é?! Que intenções a fazem agir desse modo. Você sabe
ao que me refiro e porque refiro. Se você é pura energia, então você
sabe exactamente neste momento o que lhe estou perguntando?
Se lhe habita alguma superioridade, revele-se condignamente em toda a
sua natureza abjecta. Revele-se! Não venha com discursos de que tem um
objectivo hermético!! Que é segredo!!! Estou cansada do seu negócio... e
por isso estou mortinha para a comer. Todinha!!... (...)
NãoSouEuéaOutra in ''Demónios vivos e mortos. Quem sabe quem são?''
29/03/2010
08:33 p.m
Luisa Tetrazzini (Florença, 29 de junho de 1871 — Milão, 28 de Abril de 1941)
soprano leggero coloratura
“Eu cantarei em San Francisco se eu tiver que cantar nas ruas, por que eu sei que as ruas de San Francisco são livres”.
Luisa Tetrazzini tocando Piano LINK
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Serenata (Tosti) / Percy Pitt - piano / Recorded: June 2, 1909 LINK
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NãoSouEuéaOutra
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08:24
«Ele a olha profundamente - ela não olha para ele - e pergunta:
- Você mente algumas vezes...
- Não.
- É impossível. Como é que faz para não mentir?
- Não digo nada.»
Marguerite Duras in: O amante da China do Norte